Desenterrado

Projeto do PT que proíbe delação premiada volta ao debate na Câmara

Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, decidiu pautar requerimento de urgência para análise da matéria proposta na época da Lava Jato.

Ipolítica, com informações do g1

Arthur Lira pautou requerimento de urgência para análise de matéria (Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados)

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu colocar em pauta um requerimento de urgência que proíbe a validação de delações premiadas feitas por presos e criminaliza a divulgação do conteúdo desses depoimentos.

A delação premiada é um método de obtenção de provas, onde o acusado ou indiciado troca benefícios, como redução de pena ou progressão de regime, por informações sobre o crime cometido. A proposta foi apresentada em 2016, durante a operação Lava Jato, pelo então deputado do PT, Wadih Damous.

Naquela época, o governo da presidente Dilma Rousseff enfrentava um processo de impeachment e o avanço da operação Lava Jato, liderada pelo ex-juiz Sergio Moro, atualmente senador pelo União Brasil (PR).

O projeto foi protocolado semanas antes da divulgação da delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral, que causou grande impacto político em Brasília.

Se há 8 anos a intenção era impedir que réus presos da Lava Jato delatassem para obter benefícios e evitar a divulgação de informações prejudiciais ao governo do PT, o cenário atual é diferente.

Com figuras da extrema-direita envolvidas em atos golpistas e casos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o projeto pode beneficiar essa ala ao evitar que prisões sejam usadas como pressão psicológica para obter confissões.

Além disso, não está claro se o texto pode retroagir para anular delações premiadas já validadas, como a de Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que envolve diretamente o ex-presidente.

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Mauro Cid foi solto por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes.

O requerimento de urgência permite a votação do texto diretamente em plenário, sendo competência do presidente da Câmara colocá-lo em votação.

O primeiro signatário é o deputado Luciano Amaral (PV-AL), que apesar de pertencer a um partido aliado ao PT e PCdoB, votou pela soltura do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes da execução da vereadora Marielle Franco.

Também assinam o requerimento os líderes Romero Rodrigues (PODE-PB), Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Aureo Ribeiro (SDD-RJ), Altineu Côrtes (PL-RJ) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL).

Conforme o texto, apenas delações premiadas feitas por acusados ou indiciados em liberdade poderão ser validadas pela justiça. A proposta também prevê pena de 1 a 4 anos e multa para quem divulgar o conteúdo dos depoimentos, sejam eles pendentes ou não de validação judicial.

 

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