Não é bem assim

Consultoria da Câmara questiona projeções de Lula para a arrecadação de 2025

Consultores emitiu nota técnica e levantou dúvidas a respeito das previsões de arrecadação apresentadas pelo governo no projeto da LDO 2025.

Ipolítica, com informações da Câmara

Consultoria da Câmara não acredita em projeções apresentadas pelo governo para 2025 ( Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil)

BRASÍLIA - Consultores de Orçamento da Câmara Federal divulgaram nota técnica com uma série de questionamentos ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 (PLN 3/24). A nota classifica como “otimistas” as previsões de arrecadação de receitas da peça. Os técnicos afirmam que as previsões estão acima das indicadas por fontes independentes.

Trecho da nota técnica observa que é necessário se traçar estratégias para o caso de o desempenho esperado pelo governo não ser alcançado.

“Assim, dada a elevada rigidez do gasto primário, caso o bom desempenho esperado para as receitas não se concretize, anteveem-se resultados primários efetivos mais modestos, ao longo do período, o que pode comprometer a trajetória de estabilização da dívida pública”, comenta a nota.

A respeito da mudança nos resultados das contas públicas para o período 2025-2028, a nota aponta que, mesmo com a inclusão de superávits menores, o cenário ainda seria melhor que o alcançado entre 2020 e 2023. E embora eles estejam distantes dos projetados por analistas de mercado, os técnicos avaliam que as metas mostram um “cenário mais factível”.

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Outros números

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A Consultoria de Orçamento apresentou outros números para o período, em desacordo com o que projetou o governo Lula. Se o governo fala em equilíbrio em 2025, superávit de 0,25% do PIB em 2026, 0,5% em 2027 e 1% em 2028; a nota indica -0,5%, -0,4%, -0,2% e zero, respectivamente. Neste cenário, a estabilização da dívida pública viria não em 2027 como acredita o governo, mas somente no início da próxima década.

Gastos obrigatórios
Entre os motivos que os consultores citam para este desempenho das contas, estão: pressão com pagamento integral dos precatórios dentro do limite, uma vez que o montante excedente é hoje estimado em 0,4% do PIB por ano; restabelecimento das vinculações constitucionais à receita dos gastos mínimos com saúde, educação e das emendas parlamentares impositivas; e restabelecimento da política de valorização do salário mínimo com crescimento real pelo PIB.

“Todos estes gastos obrigatórios ampliarão a rigidez orçamentária, inviabilizando as demais políticas públicas em curto prazo”, diz a nota.

Em outro trecho, os consultores afirmam que o governo parece não ter registrado nas projeções as potenciais despesas obrigatórias decorrentes dos fundos compensatórios criados na reforma tributária. Segundo eles, os fundos começam em R$ 8 bilhões em 2025 e chegam a R$ 60 bilhões a partir de 2043.

Em relação ao déficit nominal, que soma as despesas com o refinanciamento da dívida pública, as projeções do governo, segundo os técnicos, levariam em conta uma hipótese também “otimista” de queda da taxa básica de juros para menos de 7% ao ano em 2028. O déficit nominal cairia de 8,9% do PIB em 2023 para 4,8% em 2028.

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