Sistema viciado

Lula mantém rotina de negociação de cargos a cada votação no Congresso

O mais recente exemplo de negociação foi a troca de comando da Caixa, condicionada à aprovação do projeto da taxação das offshores; Lula vai negociar outros cargos nas próximas semanas.

Ipolítica, com informações da Folha de S. Paulo

Congresso tem forçado Lula a abrir espaços na estrutura do Governo a cada votação importante (Lula Marques / Agência Brasil)

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem cedido à pressão imposta pelo Central na Câmara Federal, e negociado cargos na estrutura da União a cada importante votação na Casa.

 O mais recente exemplo disso foi a troca de comando da Caixa Econômica Federal, condicionada à aprovação do projeto da taxação das offshores na última quarta-feira (25). 

De um lado, o centrão cobra cargos e usa a pauta de Fernando Haddad (Fazenda) para pressionar o Planalto. De outro, Lula adota uma estratégia de negociações arrastadas e a conta-gotas.

Para aliados do presidente há uma justificativa na estratégia do petista: o governo ainda não conta com uma base parlamentar fiel no Congresso. 

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E sem uma base fiel, ele fica refém de partidos políticos para poder conseguir aprovar matérias na Câmara Federal e no Senado da República.

Nos bastidores a impressão é de que o cenário de oferta de cargos se repetirá nas próximas votações relevantes no Congresso.

Caixa e Funasa 

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O grupo, liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cobra a liberação de indicações políticas nas vice-presidências da Caixa, além da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), que havia sido extinta por Lula e foi recriada por decisão dos parlamentares. 

Há ainda o pedido por mais emendas parlamentares em 2024, ano eleitoral, e articulação por medidas que tiram o poder de Lula na gestão desses recursos que são distribuídos de acordo com interesse de deputados e senadores.

A lista de prioridades do governo, por outro lado, inclui projetos de Haddad para elevar a arrecadação e conseguir ajustar as contas públicas.

Haddad, aliás, quer acelerar a votação de um projeto sobre empresas que receberam benefícios no ICMS. Ele vai se reunir com Lira e líderes da Câmara na próxima semana. São R$ 35 bilhões em jogo para os cofres do governo no próximo ano.

O projeto é uma das prioridades do atual governo e não será aprovado caso Lula não apresente ofertas do outro lado. 

Trata-se de um sistema viciado e que se perpetua na política nacional, muito bem ancorada no Congresso Nacional.

 Lula deverá receber as demandas dos líderes no Congresso Nacional nas próximas semanas. E só depois definir qual será o espaço a ser oferecido. 

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