BRASÍLIA - A ausência de números sobre clamídia e gonorreia dificulta o controle das doenças. Na opinião do médico urologista Diogo Mendes, não ter dados claros atrapalha na vigilância dos casos. “O fato de não haver notificações não dificulta o tratamento, mas as informações são importantes para ter controle da doença. É necessário ter números brasileiros, mas eles não estão disponíveis de uma forma clara”, afirma.
Conforme o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que só em 2020 mais de um milhão de pessoas, com idade entre 15 e 49 anos, foram contaminadas por infecções sexualmente transmissíveis curáveis, como clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase.
A clamídia e a gonorreia são infecções sexualmente transmissíveis (IST) causadas pelas bactérias Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, respectivamente. Os órgãos genitais, a garganta e os olhos são as regiões mais afetadas. De acordo com o Ministério da Saúde, não existem dados sobre clamídia e gonorreia por não serem doenças de notificação compulsória, ou seja, que necessitam de comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados.
Por ser uma doença transmitida pelo ato sexual, o especialista diz que a frequência do número de casos acaba sendo maior no público jovem, que é o mais ativo. Diogo Mendes conta que atende muitos pacientes nessa faixa etária: “Percebe-se uma incidência maior em jovens e também nas pessoas que têm um comportamento sexual ativo com várias pessoas, além de usuários de drogas”, relata.
Uma portaria do Ministério da Saúde vai permitir a distribuição, em todo o Brasil, de testes para detecção de clamídia e gonorreia. Eles serão ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de maneira definitiva em mais de 80 laboratórios. Os exames já fazem parte da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Órtese, Prótese e Meios Auxiliares de Locomoção (OPM) do SUS, mas, para que os estados e municípios fizessem a aquisição dos testes, faltava uma estratégia para a implantação da testagem nos serviços de apoio diagnóstico e terapêutico das Redes de Atenção à Saúde (RAS) do país. A medida permite que os serviços possam realizar a coleta de amostras e encaminhá-las aos laboratórios de referência.
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Tratamento e prevenção
O médico urologista Diogo Mendes explica que a clamídia e a gonorreia são infecções passadas por contato sexual e infectam, habitualmente, a uretra, tanto masculina quanto feminina, podendo ter também uma infecção nos olhos e na garganta. Contudo, o especialista diz que existe uma diferença.
“A gonorreia dá no homem uma uretrite, uma secreção uretral, com uma ardência que permanece de cinco a sete dias, após o ato sexual. Já a mulher não tem sintomas ou tem mínimos sintomas com a infecção da gonorreia. Por isso, a mulher pode transmitir a gonorreia sem saber. Por outro lado, a clamídia dá na mulher um sintoma muito grande de ardência para urinar, corrimento, incômodo. E o homem tem pouquíssimos sintomas relacionados à clamídia, um discreto ardor na uretra e uma discreta secreção uretral que ocorre no final do dia e no final da noite”, esclarece.
Segundo o especialista, a melhor forma de prevenção é por meio do uso de preservativos durante as relações, tanto masculino quanto feminino. Na presença de qualquer sintoma, Mendes recomenda procurar um serviço de saúde para o diagnóstico correto e a indicação do tratamento com o antibiótico adequado.
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