BRASÍLIA- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repudiou os ataques racistas sofridos por Vini Jr em jogo do Real Madrid, na Espanha. Lula também cobrou que sejam tomadas providências por parte de autoridades espanholas e da FIFA.
Durante a derrota do Real Madrid para o Valencia por 1 a 0, no Estádio Mestalla, casa dos adversários, o brasileiro escutou insultos racistas e gritos de 'macaco' vindos das arquibancadas. O jogo foi paralisado por cerca de oito minutos e, posteriormente, o jogador foi expulso ao se envolver em confusão.
"Eu quero fazer um gesto de solidariedade ao jogador brasileiro, jovem, negro, que joga no Real Madrid, que no estádio do Valência, foi fortemente atacado, sendo chamado de macaco. Não é possível que quase no meio do século 21 a gente tenha o preconceito racial ganhando força em vários estádios de futebol na Europa. Um menino pobre que venceu na vida. Um dos melhores jogadores do mundo. Certamente no Real Madrid ele é o melhor. É ofendido em cada estádio que comparece. Penso que é importante a Fifa, a liga espanhola e de outros países tomem providências, pois não podemos permitir que o fascismo e o racismo tome conta dos estádios de futebol - disse Lula pela 'TV Brasil'.
Apoio de autoridades
Desde o ocorrido, o atleta tem recebido apoio de autoridades do Brasil, personalidades do esporte e colegas do clube espanhol.
A ministra das Relações Exteriores substituta, a embaixadora Maria Laura da Rocha, considerou abjetos os atos de racismo contra o jogador de futebol brasileiro Vini Jr, atacante do clube espanhol Real Madrid, ocorridos nesse domingo (21).
A embaixadora destacou a recorrência dos atos de racismo. "Espanta a persistência dos crimes que são cometidos contra o atleta brasileiro, contra todos os afrodescendentes, e sim, contra toda a humanidade a cada cântico e a cada gesto racista lançado contra o jogador".
A declaração foi dada pela embaixadora Maria Laura nesta segunda-feira (22), durante a abertura do seminário Brasil-África: relançando parcerias, no Palácio Itamaraty, em Brasília. O evento faz parte das comemorações do Dia da África, na próxima quinta-feira (25).
Sobre a expulsão do jogador brasileiro ao se envolver em uma confusão generalizada em campo, durante o jogo entre os times espanhóis Real Madrid e Valência, no Estádio Mestalla, a ministra do MRE substituta lamentou o ocorrido a uma plateia formada, sobretudo, por representantes de países africanos. "Ontem, na partida, Vinícius Junior levou um cartão vermelho por não ter aguentado tudo aquilo. Lamento muitíssimo".
"O cartão vermelho deve ser dado ao racismo", acrescentou.
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O governo brasileiro divulgou, no início da tarde desta segunda-feira (22), nota conjunta à imprensa de repúdio aos ataques racistas. Assinam a nota os Ministérios das Relações Exteriores, da Igualdade racial, da Justiça e Segurança Pública, do Esporte e dos Direitos Humanos e da Cidadania.
O governo federal lamentou profundamente ao governo da Espanha que “até o momento, não tenham sido tomadas providências efetivas para prevenir e evitar a repetição desses atos de racismo”.
E cobrou urgência na adoção de medidas sobre a recorrência dos casos de racismo cometidos contra atleta, naquele país. “Insta as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos."
As instituições citadas no texto são a Federação Internacional de Futebol (Fifa), a Federação Espanhola e LaLiga.
No documento, o governo brasileiro esclareceu que atua em cooperação com o governo da Espanha para coibir, reprimir e promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes e imigrantes ao esporte, mas sem tolerância a toda e qualquer ato de discriminação.
Os ministérios terminam a nota dando apoio ao aperfeiçoamento das melhores práticas internacionais para promover a prevenção e o combate ao racismo e a qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes.
Em publicação em rede social, neste domingo, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, cobrou uma postura mais firme de entidades esportivas, governos, da imprensa e de patrocinadores. Silvio Almeida criticou a posição do presidente de La Liga, Javier Tebas. “Em vez de se solidarizar com Vini Júnior, o presidente de La Liga resolve atacar o atleta pelas redes sociais. Para além do destempero do cartola, seria o caso de se perguntar como as empresas que patrocinam a La Liga se posicionam”, afirmou o ministro.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, prestou solidariedade ao jogador atacado e exigiu ações concretas dos empresários que financiam eventos futebolísticos. “Isso é deplorável, inaceitável e deve ter consequências. Espero que essas empresas façam alguma coisa de sério e efetivo sobre o inaceitável e reiterado racismo contra Vinicius Júnior”.
O Ministério da Igualdade Racial afirmou em seu perfil no Twitter que o Brasil vai notificar oficialmente as autoridades espanholas e a La Liga, responsável pelo torneio de futebol profissional espanhol. “O Governo brasileiro não tolerará racismo, nem aqui, nem fora do Brasil! Trabalharemos para que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências”. A ministra Anielle Franco indignou-se: “Inaceitável! O peito chega aperta de tanta indignação! Até quando teremos que lidar com isso!? Chega de racismo!”
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, no Twitter, considerou inaceitáveis os ataques racistas sofridos por Vini Junior. “O racismo deve ser combatido ativamente e rechaçado em todos os cantos do mundo”.
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