Garimpo ilegal

Greenpeace Brasil encontra 176 escavadeiras em terras Yanomami

ONG pede que fabricantes participem do combate ao garimpo ilegal.

Letycia Bond /AgĂȘncia Brasil

Atualizada em 16/04/2023 Ă s 17h55
Em 35 anos, a mineração ilegal cresceu 1.217% em terras indígenas da Amazônia Legal. (Foto: Leo Otero/MPI)

BRASIL - A organização não governamental (ONG) Greenpeace Brasil encontrou 176 escavadeiras em garimpos ilegais nas terras indígenas (TI) Yanomami, Kayapó e Munduruku, entre os anos de 2021 e 2023. Conforme consta do relatório Parem As Måquinas! Por Uma AmazÎnia Livre de Garimpo , divulgado na quarta-feira (12), 75 veículos (42,6% do total), são da marca Hyundai HCE Brasil.

Elaborado com contribuiçÔes da equipe da Greenpeace do leste asiĂĄtico, o documento destaca que cada mĂĄquina pode custar mais de R$ 700 mil e representa um Ăłtimo investimento, porque faz em apenas um dia o que trĂȘs pessoas fazem em 40. Segundo a ONG, a maior frota de escavadeiras estĂĄ na TI KayapĂł, que Ă© alvo de disputas por parte de madeireiros e da siderurgia.

Em 35 anos, a mineração ilegal cresceu 1.217% em terras indígenas da AmazÎnia Legal, revela estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade do Sul do Alabama, dos Estados Unidos.

Especialistas apontam constantemente a relação entre a atividade do setor mineral e o desmatamento, e os nĂșmeros confirmam o fato. No intervalo entre outubro de 2018 e dezembro de 2022, por exemplo, o desmatamento resultante do garimpo ilegal na TI Yanomami subiu 309%, de acordo com levantamento elaborado pela Hutukara Associação Yanomami. Em dezembro de 2022, a ĂĄrea devastada era de 5.053,82 hectares, ante 1.236 hectares detectados no inĂ­cio do monitoramento.

Um dos aspectos que surgem em meio Ă s discussĂ”es que permeiam o relatĂłrio diz respeito ao deslocamento das escavadeiras. Para o Greenpeace, Ă© possĂ­vel rastrear as mĂĄquinas. No caso da Hyundai HCE Brasil, a ONG informa que dispĂ”e de um sistema de gerenciamento remoto, chamado Hi Mate, que utiliza GPS para coletar dados. A ferramenta tambĂ©m seria capaz de emitir um comando para interromper o funcionamento das mĂĄquinas. E Ă© isso que a ONG cobra das empresas fabricantes das escavadeiras: que a indĂșstria pare de vender unidades que sejam usadas para o garimpo ilegal e paralise as mĂĄquinas, quando estiverem trabalhando com tal objetivo, ao serem localizadas nesse contexto.

De acordo com o relatĂłrio, as mĂĄquinas encontradas começaram a ser vistas na Terra Yanomami a partir do segundo semestre do ano passado. Quatro delas foram achadas em uma estrada clandestina. Perto do local, vive um grupo de indĂ­genas em isolamento voluntĂĄrio. "Como se vĂȘ, o garimpo ilegal estĂĄ investindo na construção de rodovias dentro de florestas intactas para levar as escavadeiras para o interior dos territĂłrios indĂ­genas", alerta a ONG.

"A introdução dessas mĂĄquinas ajuda a explicar a expansĂŁo muito rĂĄpida e muito violenta dessa atividade [garimpo ilegal] na AmazĂŽnia", disse o diretor de programas do Greenpeace Brasil, Leandro Ramos, Ă  AgĂȘncia Brasil.

A reportagem entrou em contato com a Hyundai, mas a empresa não deu retorno até a publicação desta matéria.

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