Em prol do esporte

Reconhecendo falta de incentivos, senadores destacam superação de atletas olímpicos

O Brasil teve participações ímpares, com conquistas inéditas de medalhas de ouro.

Agência Senado

Atualizada em 27/03/2022 às 11h02
Rebeca Andrade é medalhista olímpica na ginástica artística. (Foto: Ricardo Bufolin/ Panamerica Press/ CBG)

BRASÍLIA - Em Tóquio, os atletas brasileiros apresentaram o melhor desempenho do país em Olimpíadas, com 21 medalhas conquistadas. O feito inédito foi reverenciado pelos senadores, que exaltaram os atletas pela superação e, principalmente, pelo desafio diante da falta de fomento ao esporte nacional e da pandemia de Covid-19.

A Olimpíada que se encerrou nesse domingo (8) contou com a participação de 11 mil esportistas, de 204 países, durante 19 dias de jogos. A delegação brasileira foi composta de 309 atletas, que representaram o país em 35 modalidades diferentes, inclusive em esportes que fizeram sua estreia nestes jogos olímpicos — como o surfe, que garantiu medalha de ouro com Ítalo Ferreira, e o skate, agraciado com três medalhas de prata, conquistadas por Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros.

O Brasil teve outras participações ímpares, como a conquista inédita de medalhas na ginástica artística feminina por Rebeca Andrade: ela obteve o ouro no salto e a prata no individual geral. Além disso, o país garantiu o ouro pela primeira vez na maratona aquática feminina, com Ana Marcela Cunha, e comemorou o bicampeonato das velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze na classe 49er FX. Ouro também com Isaquias Queiroz, na canoagem C-1 1000m; Hebert Conceição, no boxe peso médio e a seleção masculina de futebol. O voleibol feminino e a boxeadora peso leve Beatriz Ferreira garantiram a prata.

A medalha de bronze foi conquistada por esportistas do judô (uma para o feminino e outra para o masculino); do tênis em dupla feminino (uma), da natação masculina (duas); do atletismo masculino (duas); e do boxe masculino (uma). Ao todo, foram sete medalhas de ouro, seis de prata e oito de bronze (veja tabela ao final da matéria). Essa marca é a melhor já obtida pelo país e superou os 19 pódios conquistados na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

A senadora Leila Barros (sem partido-DF) participou de três Olimpíadas como integrante de seleção feminina de vôlei (Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sidney 2000), com duas medalhas de bronze nas últimas participações. Emocionada, ela destacou em Plenário, na última quinta-feira (5), o quanto os Jogos de Tóquio ressaltaram “o propósito de enviar ao mundo uma forte mensagem de luta por igualdade, inclusão e respeito às diversidades”.

"A Olimpíada no Japão se tornou a primeira na qual mulheres e homens puderam carregar juntos a bandeira nacional durante o desfile de abertura. E, para minha enorme felicidade, como ex-atleta olímpica, já temos a melhor participação das mulheres brasileiras em Olimpíadas", disse.

A medalha, segundo Leila, é importante por valorizar a competição e consolidar a vitória. Ela salientou ainda que os Jogos no Japão demonstraram ao mundo uma constante preocupação com a covid-19.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse a Leila Barros que “o sentimento da senadora, sua emoção, seu vigor, sua eloquência representam o sentimento do Senado em relação ao esporte brasileiro, aos nossos atletas olímpicos, que, independentemente de medalhas, já são vitoriosos e representam muito bem o nosso país”.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) declarou que “as Olimpíadas trouxeram esperança, orgulho, garra, força para que o povo brasileiro se inspire naqueles atletas que venceram o desafio da pandemia, venceram o desafio de não ter como treinar, de não ter apoio financeiro para poder nivelar as nossas condições [de competir] para com as de outros países”.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) ponderou que o Brasil poderia obter resultados ainda melhores se houvesse uma política de apoio aos esportes.

"Durante os quatro anos [entre uma Olimpíada e outra], há muito sofrimento, muita dificuldade, falta de patrocínio, falta de incentivo, falta de tudo; nem sequer temos uma política pública de Estado para o esporte. E aí tem que se arrumar um jeitinho: o Exército contrata um, a Marinha contrata o outro", explicou.

Já o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) questionou o que pode ser feito para promover um planejamento melhor para os atletas brasileiros. Ele citou o caso de Darlan Romani, que em Tóquio conquistou a quarta colocação no arremesso de peso.

"O cara treinava no quintal da sua casa. Pelo amor de Deus! E aí o técnico dele o treinava pelo telefone. Ele arrumou um jeito de se superar e quase ganhou dos gringos lá. Ele recebeu até mais glórias com toda essa exposição", relatou.

A falta de incentivos também foi criticada pela senadora Kátia Abreu (PP-TO). "Quando chegam as Olimpíadas, a gente torce, a gente se mata e fica roendo as unhas. Mas, antes das Olimpíadas, a gente não lembra que esses atletas existem. Não existem políticas públicas para ampará-los, e, depois, a gente cobra medalha de meninos que saem da favela, de meninos e meninas de periferia", afirmou.

O senador Antonio Anastasia (PSD-MG) fez questão de recordar que “as Olimpíadas, quando concebidas na Antiguidade Clássica, tinham inclusive uma característica interessantíssima, que foi relembrada agora: a trégua da paz”.

"Durante o período das Olimpíadas, as cidades-estados gregas não poderiam criar beligerância entre si, não podiam guerrear. Era um período de paz. Nada mais simbólico do que isso agora, especialmente para o Brasil, porque nós precisamos disso", destacou.

Fã declarada da “Leila do Volêi”, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) elogiou a atuação olímpica de Leila Barros. "Então, Leila, eu quero dizer para você, amiga, que você é um orgulho para o Brasil e você é um orgulho para o Brasil por tudo na vida: pela alegria que você nos deu, pela felicidade, pela sua vibração, pela sua garra. Quem não lembra de você puxando aquela rede ali contra Cuba, não é? Quem não lembra de você recebendo as medalhas, não é?", ressaltou.

Em prol do esporte

Ao destacar ações de incentivo ao esporte que deveriam ser adotadas pelo Executivo ou pelo Legislativo, Leila afirmou que, dos 309 atletas brasileiros em Tóquio, 131 não têm patrocínio, 36 realizaram permutas, 41 promoveram "vaquinhas" para arrecadar recursos, 33 conciliam o esporte com outro emprego e 78 nem sequer estão incluídos no Programa Bolsa Atleta.

Ela lembrou que, desde 1998, a partir da sanção da Lei Pelé, compete ao governo federal apresentar periodicamente o Plano Nacional de Desporto, o que até hoje não foi feito.

"Estamos aguardando esse Plano Nacional de Desporto há 23 anos! Eu garanto a vocês que é algo fundamental para estruturar e organizar o esporte nacional, criando uma verdadeira sinergia entre os principais atores do setor", declarou.

A senadora ressaltou que tramita no Congresso o Projeto de Lei do Senado (PLS) 68/2017, que prevê a instituição da Lei Geral do Esporte. Leila disse que o projeto, se aprovado, irá promover aperfeiçoamentos essenciais no sistema esportivo nacional.

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