SUSPEITA

Presidente da República tem nome citado no caso Marielle Franco

Suspeito, Élcio de Queiroz entrou no condomínio dizendo que visitaria o então deputado Jair Bolsonaro; Queiroz se dirigiu, na verdade, à casa do acusado pelos disparos que mataram a vereadora e o motorista.

IMIRANTE.COM, COM INFORMAÇÕES DO G1

Atualizada em 27/03/2022 às 11h10
Atualmente presidente da república, Jair Bolsonaro tem nome associado a caso Marielle Franco. (Foto: Reprodução)

BRASIL - Reportagem inédita do Jornal Nacional, desta terça-feira (29), divulgou os registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde mora o principal suspeito do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa. O condomínio, ressalva-se, é o mesmo do presidente da república, Jair Bolsonaro.

O telejornal conseguiu, com exclusividade, acesso aos registros da portaria na noite em que o crime aconteceu, 14 de março de 2018. Naquela noite, o porteiro contou à polícia que o outro suspeito do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio dizendo que visitaria o então deputado Jair Bolsonaro. Mas, naquela data, e conforme os registros da Câmara dos Deputados, Bolsonaro estava em Brasília.

Como houve citação ao nome do presidente, a lei obriga o Supremo Tribunal Federal (STF) a analisar a situação.

Élcio de Queiroz é acusado pela polícia de ser o motorista do carro em que estava o atirador que assassinou Marielle e Anderson. Horas antes do crime, às 17h10, o porteiro registrou no livro da portaria do condomínio em que o presidente Jair Bolsonaro possui um imóvel a entrada de Élcio, que dirigia um modelo Logan, de placa AGH 8202, e a casa que iria, de número 58.

O porteiro, então, contou que ligou para a residência 58 (de propriedade do presidente), para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar. No interfone, o "Seu Jair [Bolsonaro]", como confirmou em depoimento, teria atendido.

Ao notar, por acompanhar as câmeras de segurança, que Élcio não havia se dirigido para a casa do atual presidente, mas, sim, para o imóvel 66 - onde morava o principal suspeito do assassinato, Ronnie Lessa -, o porteiro retornou para a residência de Bolsonaro. Desta vez, "Seu Jair [Bolsonaro]" teria dito que sabia para onde Queiroz estava indo.

Mas o JN encontrou pontos contraditórios durante a apuração. Naquele dia, era impossível que o então deputado Jair Bolsonaro estivesse no Rio de Janeiro, uma vez que os registros da Câmara dos Deputados apontaram que, entre 14h e 20h30, ele estava na Casa. Neste período, participou de duas votações no plenário. Bolsonaro também fez postagens em suas redes sociais.

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O telejornal disse, sem revelar fontes, que Ronnie Lessa saiu minutos depois, em seu carro, com Élcio. Também disse que, ao saírem do condomínio, embarcaram, nas proximidades do condomínio, em outro carro, que teria sido utilizado para o crime.

Os citados na reportagem do Jornal Nacional se manifestaram. O advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou o depoimento do porteiro e afirmou que seria uma tentativa de atacar a imagem do presidente.

"Eu nego isso. Isso é uma mentira. Deve ser um erro de digitação, alguma coisa. O Jair Bolsonaro, no dia 14 de março de 2018, encontrava-se em Brasília, na Câmara dos Deputados, inclusive existe o registro de entrada dele lá, com o dedo, e todas as demais provas. Eu afirmo com absoluta certeza e desafio qualquer um no Brasil a provar o contrário. Isso é uma mentira, isso é uma fraude, isso é uma farsa para atacar a imagem e a reputação do presidente da República. E é o caso de uma investigação por esse falso testemunho em que qualquer pessoa tenha afirmado que essa pessoa foi procurar Jair Bolsonaro. Talvez, esse indivíduo tenha ido na casa de outra pessoa, e alguém, com intuito de incriminar o presidente da República, conseguiu um depoimento falso, onde essa pessoa afirma que falou com Jair Bolsonaro. O presidente não conhece a pessoa de Élcio, e essa pessoa não conhece o presidente. Isso é uma mentira e uma farsa", disse Wassef.

O Ministério Público do Rio afirmou que as investigações estão a cargo da Delegacia de Homicídios, que é subordinada à Secretaria de Polícia Civil, e que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) acompanha o caso.

A Polícia Civil disse que a Delegacia de Homicídios investiga o caso junto com o Grupo de Atuação Especial do Ministério Público.

As defesas de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz não responderam às tentativas de contato.

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