BRASÍLIA - O investimento em pesquisa e desenvolvimento cresceu 3% em 2016 no mundo. O aporte de recursos nesta área mais do que dobrou nos últimos 20 anos (1996-2016). Contudo, ainda está abaixo do patamar anterior à crise de 2007-2008, quando o crescimento chegou a 6,7%. Além disso, o nível anual de crescimento vem caindo desde 2013, quando esteve em quase 5%.
A informação é do estudo Índice Global de Inovação, uma iniciativa da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, com participação do Brasil por meio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O índice (3%) foi menor do que o registrado para o total de riqueza, em que é usado o indicador do Produto Interno Bruto (PIB) global acumulado, que ficou em 3,3% em 2016.
Quando considerado o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento de empresas, o desempenho melhora um pouco, chegando a 4,2% no mesmo ano. Mas também neste caso, o percentual é quase a metade dos patamares no momento pré-crise de 2007-2008, quando o crescimento da aplicação de recursos por empresas chegou a 8,1%.
Desigualdade na inovação
Um primeiro desafio é a superação da desigualdade nos investimentos entre países ricos e pobres. “A diferença na inovação global permanece ampla, com economias mais ricas liderando o cenário de inovação e grandes hiatos em termos de praticamente todos os indicadores de inovação entre esses líderes e outras nações menos desenvolvidas”, pontua o relatório.
Nações da América Latina, da África e da Ásia Central ainda precisam, na avaliação dos autores, seguir exemplos de experiências bem-sucedidas como a da China. O país figura na 17ª posição no ranking do Índice Global de Inovação, mas já ocupa a liderança em volume de investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, publicações e patentes. O estudo destaca países de renda média com bons desempenhos em inovação, como Colômbia, Sérvia, Tailândia, Costa Rica e Mongólia.
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Na avaliação dos autores, um caminho seria um esforço de redução dos protecionismos que permita uma dinâmica de geração de novos conhecimentos e de inovação. Além disso, defendem políticas públicas na melhoria dos diversos aspectos analisados para a qualificação da inovação, como a educação, a melhoria do ambiente de negócios, a melhoria da pesquisa científica e produção de patentes, mais investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento e o estímulo à exportação de produtos de alta tecnologia.
Energia renovável
O mesmo estudo aponta que os países devem investir mais na priorização de fontes alternativas de energia. Segundo as estimativas dos autores, até 2040 o mundo estará usando 30% mais eletricidade do que atualmente. E as matrizes atuais são consideradas insustentáveis frente ao cenário das mudanças climáticas.
O fortalecimento das fontes alternativas passa sobretudo pela inovação. Mas as novidades tecnológicas neste campo estão sendo produzidas com diferentes objetivos entre os países. Para avançar rumo a uma transição da matriz energética, as políticas públicas conduzidas pelos Estados é apontada como frente central.
Para os especialistas, a inovação já avança para a redução de custos de energias renováveis, como solar e eólica, e medidas de eficiência energética (que reduzem o consumo). Mas, além de fontes mais limpas, novas tecnologias podem contribuir no consumo regulado de forma eficiente em cidades inteligentes e na otimização do armazenamento e distribuição de redes elétricas inteligentes.
Um exemplo positivo mencionado no relatório é a aplicação de patentes em tecnologia verde. Entre 2007 e 2013, o número dobrou, saindo de nove para 18 mil. Em seguida, houve uma queda de até 15 mil pedidos anuais em 2016, com um leve aumento em 2017.
Contudo, os investimentos em fontes renováveis de energia entraram em uma fase de estagnação a partir de 2011, após crescerem em média 32% ao ano desde 2004. Em 2017, o crescimento em relação ao ano anterior foi de 2%.
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