Empreendedorismo

Startups crescem no Brasil e consolidam nova geração de empreendedores

Em 2018, o Brasil ganhou seus primeiros unicórnios, termo dado às startups que passam a valer mais de US$ 1 bilhão.

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h17
(Divulgação / Assessoria )

Encontrar a solução para um problema é a grande missão de empreendedores. Seja no setor de saúde, educação, mobilidade urbana ou segurança, quando as novas ideias e as ferramentas de solução passam por tecnologia e inovação, em um modelo de negócio com baixo custo e alta potencialidade de crescimento, o desafio é conduzido pelas empresas chamadas startups.

Em todo o Brasil, estima-se que existam cerca de 62 mil empreendedores e 6 mil startups. O número é mais do que o dobro registrado há seis anos, quando o país ainda começava a discutir o modelo e a perceber o nascimento do novo mercado. Em 2012, haviam 2.519 startups cadastradas na Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Em 2017, o número saltou para 5.147.

Segundo a associação, o número de empresas hoje pode ser ainda maior, por volta de 10 a 15 mil, mas muitas ainda estão na fase de ideias e nem todas tem o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).

“A gente percebe que teve um amadurecimento muito grande do setor. Quando a gente pega 2012, ainda nem havia no Brasil de forma adequada a constituição de aceleradoras, empresas, conceitos de incubadoras. O tema subiu de nível. Esse número vai crescer muito mais em diversos segmentos”, acredita Rafael Moreira, secretário de Inovação e Novos Negócios do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Em 2018, o Brasil ganhou seus primeiros unicórnios, termo dado às startups que passam a valer mais de US$ 1 bilhão. O feito foi alcançado inicialmente pelo aplicativo de transporte 99 e pela Nubank, startup que gerencia serviços financeiros, avaliada em mais de U$ 2 bilhões .

“Em geral, o ecossistema de startups vem passando por um amadurecimento muito interessante. Os números estão provando isso, a gente vem num crescente de quase 20% no número de startups ano a ano, crescendo bastante em meio a crise que a gente sabe que o país enfrentou. Acho que isso reflete o amadurecimento do empreendedor também, que entendeu como é o processo de funcionamento de startup”, avalia Rafael Ribeiro, diretor-executivo da ABStartups.

O que é uma startup

O empreendimento se caracteriza pela inovação do serviço produzido, geralmente de base tecnológica, desenvolvido a custos menores e processos mais ágeis. O termo também é sinônimo de pequenas empresas que estão no período inicial de desenvolvimento em condições de alto risco e incerteza.

As startups tanto podem oferecer serviços e produtos diretamente para o consumidor, quanto para outras startups. Quando alcançam maturidade, elas se sobressaem na oferta de serviços para grandes empresas que terceirizam as atividades relacionadas a inovação, pesquisa e desenvolvimento.

“É muito fácil hoje você contratar uma startup que tem um negócio pronto e consolidado para te atender do que necessariamente desenvolver dentro da sua própria empresa”, ressalta Rafael Ribeiro.

Segundo ele, há cada cada vez mais interesse do setor corporativo pelas startups. “Cada vez mais há a compreensão de que, quanto mais uma grande empresa está perto dos ecossistemas de inovação, mais ela percebe quais são as inovações que estão surgindo e podem afetar seu modelo de negócio, quais startups ela pode trazer para a sua cadeia de valor e quais ela pode investir e se tornar”, apontou Vinícius Lages, diretor de Administração e Finanças do Serviço Nacional de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae).

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Geralmente, as startups atuam em rede e funcionam melhor em ambientes que oferecem condições de desenvolvimento de uma cultura de inovação e empreendedorismo.

“Startups são portadoras de inovação tecnológica, que geram empregos qualificados, que tem um efeito multiplicador na economia e geram um incremento de eficiência. Então, se eu tenho uma empresa que tem uma solução inovadora, a própria adoção dessa solução faz a sociedade funcionar melhor”, efende Felipe Matos, um dos empreendedores pioneiros de startup no Brasil e integrante do movimento Dínamo pela articulação de políticas públicas para o setor.

Perfil dos novos empreendedores

Das empresas cadastradas na base de dados da ABStartups, 72% são lideradas por jovens entre 25 e 40 anos de idade, 87,13% são comandadas por homens e 12,3% por mulheres.

“O empreendedor hoje que está tendo um pouco mais de sucesso está entre 35 e 40 anos, é um empreendedor mais maduro, que muitas das vezes tentou um ou dois negócios e teve resiliência para continuar. Porque dificilmente no primeiro negócio vai dar 100% certo, mas o empreendedor brasileiro é bem diferentes dos outros, ele é bem resiliente”, diz Rafael Ribeiro.

Os setores que mais se destacam no setor de startups são educação (edutechs), agronegócio (agtechs), finanças (fintechs), internet, propaganda, comunicação, comércio eletrônico e saúde e bem-estar. Também há um número expressivo de startups nos setores de logística e mobilidade urbana, entretenimento, eventos e turismo.

Amadurecimento do setor

O maior número de startups brasileiras está concentrado nos estados de São Paulo (41%), Minas Gerais (12%) e Rio de Janeiro (9,7%). Entre as capitais, considerando o número de empresas por habitantes, Florianópolis desponta na liderança . O desempenho atraiu para a cidade o primeiro grande evento nacional do setor, o Startup Summit, realizado nos últimos dias 12 e 13 de julho. Mais de 2300 inscritos participaram do encontro.

“A gente não tinha eventos dessa magnitude voltado só para startup e empreendedorismo, principalmente fora do grande centro, no caso São Paulo”, afirma Felipe Matos.

Para o presidente do Sebrae, o evento representa um momento de maturidade do empreendedorismo. “O Brasil acabou de ganhar algumas posições no ranking mundial de inovação. A política de inovação foi também modificada para permitir que, por exemplo, organizações como a nossa participem com encomendas tecnológicas, tenham uma atuação maior. Estamos longe ainda do que outros países construíram, tem uma outra metade que precisa ser desenvolvida, mas posso dizer que o copo está meio cheio”, analisa Vinícius Lages, presidente em exercício do Sebrae Nacional.

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