SãO PAULO - Pouco mais de duas semanas depois da tragédia, a Airbus, fabricante do avião da TAM que se acidentou na terça-feira, 17 de julho, em São Paulo, emitiu um comunicado oficial para todos os operadores de aviões da companhia. No texto, a empresa afirma que os dados das duas caixas-pretas não mostram evidências de mau funcionamento do A 320.
O documento, obtido com exclusividade pelo Jornal Nacional, é do Departamento de Segurança da Airbus. Chamado de "Telegrama de Informação de Acidente", ele foi enviado na quinta-feira (2), após o cruzamento das informações das duas caixas-pretas que estavam no avião.
O texto lembra que a divulgação dos dados foi aprovada pelas autoridades brasileiras. Confirma que o avião podia voar com o reverso direito travado e que a bordo havia um manual de procedimentos de pouso atualizado.
Os dados da caixa-preta de voz mostraram que a tripulação lembrou que só o reverso esquerdo estava funcionando. Antes de tocar o solo, o manete do motor esquerdo foi para posição idle - de marcha lenta. E ficou registrado no equipamento que o manete do motor direito estava na posição climb - de aceleração - e permaneceu nessa posição até o fim da gravação.
“Se esse procedimento foi de fato escolhido pela tripulação, não é o melhor procedimento para se pousar. No entanto, não há certeza, até este momento das investigações, que este manete de fato tenha estado nessa posição”, afirma o especialista em segurança de vôo Jorge Barros.
Segundo o documento, com o manete em posição de aceleração, os spoilers (freios aerodinâmicos) não abriram e o freio automático, nas rodas, não foi ativado. O freio do pedal só foi acionado onze segundos depois de o avião tocar o solo. Segundo o documento, o avião percorreu a pista em uma velocidade de aproximadamente 100 nós, ou cerca de 180 km/h.
Pilotos da TAM que pilotam AIRBUS A 320 ouvidos pelo Jornal Nacional dizem que não recebem treinamento para pousar sem spoiler que se abre sobre as asas do avião.
O comunicado da Airbus conclui: a caixa preta de dados e a de voz não mostram evidências de mau funcionamento da aeronave. O texto é assinado pelo vice-presidente de segurança de vôo da empresa.
“As companhias aéreas sempre tentam fazer isso depois de grandes acidentes, sempre dizem que a culpa não é da aeronave, mas essa conclusão não pode ser vista como definitiva”, afirma o especialista.
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