Juiz acusa empresa de desviar dinheiro da operação tapa-buraco

Agência Folha

Atualizada em 27/03/2022 às 14h26

CAMPO GRANDE - A Polícia Federal fez ontem apreensões de documentos e computadores no prédio da Dnit (Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes) em Dourados (MS) devido a uma suspeita de desvio de verbas públicas, envolvendo a operação tapa-buracos do governo federal.

Segundo relato do juiz federal Odilon de Oliveira, que determinou as apreensões, a empresa Rodocon Construções Rodoviárias, uma das contratadas para a operação tapa-buracos --e que tem contrato de ao menos R$ 2 milhões em Mato Grosso do Sul-- funcionava dentro do prédio do Dnit.

"Há indícios da existência de um esquema", relatou o juiz em sua decisão, de desvio de verbas públicas. Oliveira afirma que as investigações da PF apontam indícios de que o suposto esquema era liderado pelo chefe do escritório na cidade, Carlos Roberto Milhorim.

Milhorim nega desvio de verbas. Segundo ele, os valores maiores em relação à medição de um serviço se referem a dívidas com obras não pagas. Segundo ele, a empresa Rodocon funciona dentro do Dnit porque opera no prédio uma usina de asfalto.

Milhorim diz que o contrato com a Rodocon foi licitado em 2001 para operações tapa-buracos anteriores à lançada em janeiro.

Segundo o juiz, a PF relata no pedido de apreensão que Milhorim possui patrimônio incompatível com seus rendimentos.

A Folha procurou o coordenador do Dnit em Mato Grosso do Sul, Marcelo Miranda Soares, mas ele não telefonou de volta. Pela manhã ele havia dito à imprensa que desconhecia o motivo da ação policial e mandaria investigar.

A reportagem ligou para o engenheiro Francisco Roberto Berno, da Rodocon, em cuja casa também houve apreensão. Deixou recado, mas não houve retorno. No telefone que aparece na lista telefônica como da Rodocon em Rio Brilhante (MS), cidade vizinha a Dourados, ninguém atendia.

Conforme o juiz, Milhorim --responsável por conferir o andamento de obras de conservação nas rodovias federais-- aumentava os valores a serem pagos, após as medições.

"Um exemplo pinçado pela autoridade policial é emblemático. A planilha com o cálculo de medição traz o valor total de R$ 331.125,34. No entanto, vê-se que o total encaminhado para pagamento foi de R$ 607.996,22. A diferença é gritante", diz o juiz em sua decisão. A Rodocon faria parte desse suposto esquema.

O site oficial do Ministério dos Transportes lista as obras relativas a operação tapa-buraco lançadas em janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Devido à urgência, empresas foram contratadas sem licitação.

No site do ministério, aparece ao lado da descrição do plano emergencial o mapa das obras nos Estados. Clicando em Mato Grosso do Sul, surge uma lista de oito obras em rodovias federais no valor de R$ 3,9 milhões. Desse total, R$ 2 milhões se referem a contratos com a Rodocon.

A PF divulgou uma nota de poucas linhas no qual afirma que abriu inquérito no início deste ano para "apurar denúncias de irregularidades em licitações destinadas à manutenção de rodovias, desvios de verbas e falsificação de documentos".

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