Lançamento da campanha aids e racismo marca dia de luta contra doença em Brasília

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 14h32

BRASÍLIA - O lançamento da campanha "Aids e racismo. O Brasil tem que viver sem preconceito" voltada para a população negra marcou hoje (1º) o Dia Mundial de Luta Contra a Aids em Brasília. No Ministério da Saúde, várias organizações não-governamentais (ONGs) e personalidades como a cantora Daniela Mercury e a primeira diretora do Programa Nacional DST/Aids, Lair Guerra, receberam troféus pelo engajamento na luta contra a doença.

Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado ontem (30), revelam que o país não tem muito a comemorar. Apesar de estável, o número de pessoas infectadas pelo vírus HIV no país ainda é elevado. Em 2004, foram 17,2 habitantes contaminados em cada grupo de 100 mil; em 2003, esse número era de 19,2 para cada 100 mil habitantes. De acordo com os técnicos do ministério, apesar de menor, o número ainda se mantém na margem de erro, ou seja, sem alteração.

De acordo com o ministério, do total de mortes de pacientes com aids em 1999, 62,3% eram brancos e 35,3%, negros. Em 2004, esse número passou para 56,6% brancos e 42,9 negros. "No Brasil a aids começou na população branca e rica que usava drogas e o perfil mudou ao longo do tempo. Mas não existe uma associação com a condição de ser negro e a contaminação da aids e outras doenças sexualmente transmissíveis", explicou o diretor do Programa Nacional de DST e Aids, Pedro Chequer.

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Segundo ele, não se trata de uma questão genética, mas sim de vulnerabilidade. "Nesse aspecto o racismo se soma à pobreza e à falta de informação, agravando a condição de vulnerabilidade dessa população", disse. A ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, também confirma a vulnerabilidade dos negros à aids.

"Sabemos que no Brasil, pelos dados apresentados, que a aids cresce em populações empobrecidas, entre elas, a população negra. O racismo é elemento que reforça, e muito, a vulnerabilidade social e o empobrecimento da população negra. Não é à toa que a marca dessa campanha chama o Brasil para viver sem preconceito", afirmou Matilde Ribeiro.

Hoje, às 20 horas, os ministros da Saúde, Saraiva Felipe, e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, farão um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão dando início oficial à campanha. De acordo com Saraiva Felipe, esta será a primeira vez que dois ministros usam a rede nacional de para anunciar medidas conjuntas.

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