Escola onde muro desabou e matou criança tem brinquedos improvisados

Ana Paiva - Diário de S.Paulo

Atualizada em 27/03/2022 às 14h38

SÃO PAULO - Vinte e nove crianças da 1ª série estavam no pátio da Escola Estadual Doutor Diogo de Faria, em São Miguel Paulista, zona leste, quando o muro desabou e matou uma menina de 7 anos.

Um cano de águas pluviais caiu sobre o muro de 2,80 metros. Eduarda Oliveira Lima, de 7 anos, foi atingida pelo muro e morreu ao ser atendida no Hospital Tide Setúbal.

Bárbara Santos de Sá, de 8 anos, brincava em um balanço improvisado com uma corda presa ao cano. Bárbara teve hemorragia craniana e está internada na UTI do PS Ermelino Matarazzo, mas não corre risco de morte.

Na hora do acidente as crianças estavam na aula de educação física acompanhadas pela professora Maria Isabel Cabral. Na área, os únicos brinquedos são balanças improvisadas. Uma delas, feita apenas uma corda, estava presa no caule de uma árvore e ao cano que desabou. O muro que caiu havia sido construído para amparar a tubulação. Nenhum responsável pela escola soube dizer há quanto tempo crianças brincavam na balança improvisada.

Crianças que estavam na aula de educação física disseram que Bárbara se pendurou na corda.

- Ela caiu junto com o ferro - disse Gabriela Carolina de Araújo, de 7 anos, prima de Eduarda.

- A corda dava volta no ferro - afirmou Carolina Oliveira Quintana, também de 7 anos.

Eduarda estava sentada no chão em frente ao muro. Alunos do ensino fundamental noturno, que jogavam bola na escola, ajudaram a resgatar as crianças.

- Foi horrível - disse um adolescente que preferiu não se identificar.

Ao saber do acidente, a população vizinha à escola ficou revoltada e tentou invadir a instituição, mas a Polícia Militar interveio rapidamente.

- Quero que os culpados sejam responsabilizados - disse Michele Oliveira Gama, de 23 anos, mãe de Eduarda.

Ela afirmou que já havia ouvido falar que os muros da escola estariam com problemas. Segundo a aluna Maiara Priscila Oliveira, de 12 anos, monitores da escola fizeram o balanço "há muito tempo".

A escola Diogo de Faria foi fundada em 1943 e nunca recebeu uma reforma estrutural. Os muros da instituições estão fragilizados e com ferros enferrujados à mostra. A escola tem 1.800 alunos.

A polícia abriu inquérito para apurar responsabilidades. Para o delegado Walter Pereira, titular do 22º DP (São Miguel), onde a ocorrência foi registrada, houve negligência.

- Aquilo não era um lugar para fazer um balanço. Além da responsabilidade penal, há também a civil e o estado vai responder - afirmou.

A família de Eduarda promete acionar a Justiça para processar o Governo do estado.

- Não dá para acreditar, os muros da escola estão com problemas há muitos meses - disse Maria Rosa Oliveira, tia de Eduarda.

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