SÃO PAULO - O advogado Aristides Junqueira, procurador-geral da República na época do processo de impeachment do presidente Fernando Collor, decidiu abandonar a defesa do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do secretário-geral do partido, Sílvio Pereira, acusados pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de envolvimento em suposto esquema de distribuição de dinheiro (mensalão) a deputados. A decisão de Junqueira foi comunicada ontem a Delúbio e ao presidente do PT, José Genoino.
O motivo da desistência é o fato de Junqueira ser sócio do escritório do subprocurador-geral da República José Roberto Santoro, que atuou nas investigações sobre Waldomiro Diniz - assessor do ex-ministro José Dirceu -, flagrado pedindo propina ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. Justamente Dirceu é apontado como um dos mentores do mensalão, o caso em que a banca de Junqueira defende a cúpula petista.
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Santoro procurou Junqueira para dizer que estava insatisfeito e pensava em desfazer a sociedade. "Para mostrar que esse escritório é ético, o melhor foi largar o caso", disse Junqueira. "Eu disse ao Santoro que não queria terminar a sociedade com ele e que nem os outros sócios queriam. Decidimos continuar trabalhando aqui, mas largando o cliente que pode pôr em descrédito o nosso próprio trabalho, em prejuízo do cliente no qual acreditamos."
Santoro foi punido na Procuradoria-Geral da República no ano passado, quando foi divulgada gravação de uma conversa sua com Cachoeira. No diálogo, o subprocurador-geral buscava um acordo para obter confissões que incriminassem Waldomiro e dizia que isso poderia comprometer o governo Lula. Como tem o direito constitucional de acumular o trabalho na Procuradoria com a atuação no escritório de advocacia, Santoro deixou em segundo plano sua carreira no Ministério Público e preferiu advogar.
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