VITÓRIA - O advogado Alexandre Martins de Castro, pai do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, afirmou nesta quinta-feira que estão lentas as investigações sobre o assassinato de seu filho, ocorrido, em 2003, em Vila Velha. Em entrevista à Rádio CBN Vitória, ele disse temer que o crime prescreva e lamentou que as informações sobre a participação de autoridades do Poder Judiciário no assassinato tenham demorado dois anos para serem divulgadas.
Pelo menos dois juízes do Espírito Santo estão sendo investigados por suspeita de terem encomendado a morte. Entre os motivos da execução estaria uma investigação iniciada por Martins para apurar denúncias de venda de sentenças no fórum da capital capixaba.
- Eu espero daqui há um ano não ter que cobrar severidade na investigação mais uma vez. As declarações do secretário de Segurança Pública Rodney Miranda não me surpreenderam. Que é crime de mando nunca tive dúvida. Também não me surpreendeu ele apontar para integrantes do Poder Judiciário. Só lamento que tenha demorado dois anos. Se continuar nesse passo, nem em sete anos o inquérito vai ser concluído. O crime vai acabar prescrevendo - comentou.
Segundo o advogado, não há justificativa para que o sigilo nas investigações sobre o caso não seja quebrado.
- O sigilo não é justificável depois de tanto tempo. Muito sigilo é sinônimo de esquecimento. Se em dois anos, com todo esse sigilo, a investigação caminhou com essa lentidão, devemos ter acesso à informação, para poder cobrar - afirmou.
Alexandre Martins de Castro atribui a lentidão nas investigações à falta de prioridade dada ao caso. Segundo ele, a delegada Fabiana Maioral, responsável pelo inquérito, não está trabalhando exclusivamente nas apurações do assassinato.
- Pedi exclusividade. Na época, me garantiram, mas não foi verdade. Fabiana Maioral ficou trabalhando em oito a dez processos de envergadura maior. O promotor Macelo Zenquer também não trabalha com exclusividade nisso. É necessário prioridade para um caso que não é qualquer um. Não é um assalto, é um crime de mando endereçado a um juiz - afirmou.
Com a lentidão, lembrou o advogado, testemunhas se esquecem de detalhes, ficam doentes, algumas morrem. E os autores, afirmou ele, ficam com a impressão de impunidade.
Alexandre Martins de Castro também falou sobre a possível federalização das investigações sobre o assassinato do filho. Ele acredita que isso possa atrasar ainda mais as investigações.
- Passar para a Policia Federal iria trazer um retardo, porque vai precisar de tempo para os novos investigadores entenderem todo o caso. Em dois anos foi gerado um volume muito grande de documentos. Eu vou novamente pedir ao governador Paulo Hartung e ao secretario Rodney Miranda que coloque uma equipe da policia trabalhando exclusivamente no caso - disse.
Comprovada a participação de autoridades do Judiciário no crime, o pai do juiz disse que espera colaboração daquele Poder para esclarecimento dos fatos.
- O Judiciário é composto por juristas de elevado gabarito. É bem verdade que em um cacho de uvas sempre tem uma estragada. Eu só peço que o judiciário não tente dificultar as investigações, porque franqueando certas provas a credibilidade deles cresce - concluiu.
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