Pastor é acusado de abusar de menores em abrigo em Vitória

Gazeta On Line

Atualizada em 27/03/2022 às 14h55

VITÓRIA - Abuso sexual, espancamentos, ameaça de envenenamento e prostituição. A Casa Lar mantida pela Igreja Batista de um bairro de Vila Velha, Espírito Santo, era usada por um pastor, pela mulher dele e por uma voluntária para orgias sexuais. Foi o que constatou o Ministério Público Estadual que começou a investigar as denúncias no dia 25 de outubro desde ano.No relatório encaminhado à 6ª Vara Criminal de Vila Velha, a promotora Maria Zumira Teixeira Bowen detalha depoimentos prestados pelas vítimas, que têm idade entre dois e 16 anos. Todas elas, sem pai ou mãe e em situação de risco social. Consta ainda que as adolescentes eram levadas a se prostituir. Com o dinheiro, compravam telefones celulares. Os acusados estão com prisão temporária decretada.

- Com os inúmeros relatos, constatamos que algumas meninas saíam para encontrar com pessoas, que eram agendadas pela mãe social ou pai social (o pastor e sua esposa). Elas teriam que fazer isso para arrecadar dinheiro para a instituição, mas essa informação carece de mais investigação - revelou a promota.

As primeiras denúncias foram feitas em 2002, quando quatro abrigadas pela Casa Lar fugiram e foram encontradas no Posto da Polícia Rodoviária Estadual da Barra do Jucu, de onde foram encaminhadas a delegacias especiais para relatarem os abusos sexuais. Segundo a promotora, que está acompanhando todos os depoimentos das crianças, 'o discurso tem sido sempre o mesmo, elas contam sempre a mesma história e detalhes'.

Apesar das fiscalizações que eram realizadas no Lar e do acompanhamento que era feito com as abrigadas, o juizado não desconfiava da gravidade das ocorrências.

- Desconfiávamos que havia algo estranho lá, pois a casa se recusava a fazer parte da rede integrada da Igreja Batista e não queria oferecer cursos de informática, esportes, além do fato de que lá as fugas eram muito comuns, diferente dos outros abrigos. As ameaças eram muito fortes. As crianças tinham medo e não nos contavam - disse a promotora da Vara da Infância e Juventude de Vila Velha.

O pastor é acusado de manter um relacionamento com uma adolescente de 16 anos desde 2002. Todos na Casa Lar tinham conhecimento de que ele e a menina dormiam na mesma cama, tomavam banho juntos e assistiam a filmes pornográficos. Ele já havia mantido relacionamento com outra menina da casa.

Após divulgação do caso na imprensa, o pastor, que inicialmente estava no presídio de Argolas, precisou ser transferido para a delegacia de Jardim América, em Cariacica. As mulheres foram levadas para o Presídio Estadual Feminino, em Tucum, Cariacica.

Estão sendo investigados casos semelhantes, mas de menor gravidade, em outro abrigo também em Vila Velha.

- Eu sei que outras pessoas sabem do caso, mas não querem falar. Eu convido essas pessoas a procurarem o Ministério Público e juizado para relatarem o fato. Precisamos disso para buscar uma solução e para responsabilizarmos os criminosos - apelou Maria Zumira Teixeira Bowen, em entrevista à Rádio CBN, na manhã desta sexta-feira.

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