RECIFE - As fortes chuvas que caem sobre o Nordeste desde o inĂcio do mĂȘs jĂĄ deixaram mais de 60 mortos e cerca de 31 mil desabrigados. As ĂĄguas deixam um rastro de destruição e calamidade. A precipitação jĂĄ ultrapassou a mĂ©dia histĂłrica em quase toda a RegiĂŁo. Confira, abaixo, a situação estado por estado.
MARANHĂO - Ao contrĂĄrio de outros estados do Nordeste, as chuvas que caem no MaranhĂŁo ainda nĂŁo preocupam as autoridades maranhenses. Atualmente, a Defesa Civil faz um trabalho de prevenção em ĂĄreas consideradas de risco em SĂŁo LuĂs e em algumas cidades do Interior do Estado, como Imperatriz, onde o nĂvel do rio Tocantins jĂĄ subiu dois metros. Nesses casos, de acordo com o capitĂŁo Ferreira Costa, da Defesa Civil, o ĂłrgĂŁo vem trabalhando para orientar os moradores dessas ĂĄreas. Em SĂŁo LuĂs, 63 prĂ©dios do Centro HistĂłrico estĂŁo ameaçados.
PERNAMBUCO - Em Pernambuco, as chuvas duram mais de 20 dias consecutivos e jĂĄ deixaram um saldo de 22 mortes no Interior do Estado, de acordo com dados da ComissĂŁo de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe). No Ășltimo balanço, 826 famĂlias estavam desabrigadas e os municĂpios de Ipubi e OrocĂł, no SertĂŁo, e Pedra, no Agreste, decretaram estado de calamidade pĂșblica. Outros 20 municĂpios do SertĂŁo e do Agreste estĂŁo em estado de emergĂȘncia. SĂŁo eles: Ăguas Belas, Araripina, BelĂ©m do SĂŁo Francisco, Bezerros, BodocĂł, ChĂŁ Grande, Floresta, GravatĂĄ, Iati, JataĂșba, Lagoa Grande, Petrolina, Santa Cruz, Santa Maria da Boa Vista, Serra Talhada, SertĂąnia, Trindade, Ibimirim, Venturosa e Verdejantes.
Um balanço sobre os estragos causados pelas chuvas, elaborado pela Governo de Pernambuco, contabilizou um prejuĂzo de R$ 27 milhĂ”es. O documento, baseado nos registros da Codecipe, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e em relatĂłrio das prefeituras das cidades atingidas, foi entregue ontem ao secretĂĄrio Executivo do MinistĂ©rio da Integração Nacional, MĂĄrcio Lacerda. Entretanto, o vice-governador de Pernambuco, JosĂ© Mendonça Filho (PFL), nĂŁo recebeu garantias de que os recursos seriam liberados. Apesar de tudo, Mendonça Filho disse estar satisfeito com as reuniĂ”es de ontem, em BrasĂlia e afirmou que o relatĂłrio estĂĄ sendo analisado pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, que prometeu agilidade na avaliação dos prejuĂzos.
PIAUĂ - As chuvas, enchentes e desmoronamentos no PiauĂ jĂĄ deixaram onze mortos, 10 mil desabrigados, e mais de 3,5 mil casas desabadas ou em risco de desabamento. Boa parte das estradas estaduais, pelo menos 21 trechos, e seis trechos de rodovias federais estĂŁo interditados ou cortados, deixando dez municĂpios isolados. SĂŁo mais de 72 cidades em alerta pelo risco de alagamento. JĂĄ existem 19 municĂpios que decretaram estado de calamidade. As mortes ocorreram por afogamento, esmagamento ou desmoronamentos e todas foram registradas no Interior. AtĂ© agora, sĂł foram resgatados seis corpos.
Somente em Teresina sĂŁo 1,5 mil famĂlias desabrigadas. Segundo levantamento da Federação das AssociaçÔes de Moradores do Estado do PiauĂ (Famepi), 500 casas desabaram ou estĂŁo embaixo d’ĂĄgua. O presidente da Famepi, Dino Pereira, disse que sĂŁo 3 mil casas em situação de risco de desmoronamento.
A Defesa Civil realizou uma reuniĂŁo de emergĂȘncia com todos os ĂłrgĂŁos envolvidos no atendimento de flagelados e socorro Ă s famĂlias em dificuldades. O Corpo de Bombeiros, prefeituras, Secretaria de AssistĂȘncia Social, SecretĂĄria das Cidades, Departamento de Estradas de Rodagem, Secretaria da Casa Civil e entidades representantivas dos moradores discutiram o plano de socorro e o atendimento emergencial Ă s famĂlias desabrigadas.
A Companhia HidrelĂ©trica do SĂŁo Francisco (Chesf) informou que abriu as comportas da Barragem de Boa Esperança, no Rio ParnaĂba, o que vai elevar o nĂvel das ĂĄguas em pelo menos mais um metro.
CEARĂ - As chuvas este ano no CearĂĄ jĂĄ desabrigaram 70 mil pessoas. NĂșmeros da PolĂcia e Defesa Civil dos MunicĂpios apontam 26 mortes, mas a Defesa Civil do Estado sĂł reconhece nove Ăłbitos e duas pessoas desaparecidas. O nĂșmero de casas atingidas Ă© de 2.143, sendo 107 totalmente destruĂdas e 2.036 danificadas. A mĂ©dia de chuva em janeiro estĂĄ em 300 milĂmetros, sendo que 12 cidades tiveram mĂ©dia acima de 500mm. Em Arneiroz (a 389 quilĂŽmetros de Fortaleza), um dos municĂpios mais atingidos, a mĂ©dia histĂłrica era de 92mm. Ma, este ano, jĂĄ choveu 545mm, levando prejuĂzo calculado em R$ 4,1 milhĂ”es pelo prefeito AntĂŽnio Nunes de Sousa (PSDB). Parte da cidade continua sem energia, ĂĄgua potĂĄvel, estrada e telefone.
O governador LĂșcio AlcĂąntara (PSDB) pediu ajuda ao Governo Federal atravĂ©s de contatos com os ministros Ciro Gomes (Integração Nacional) e JosĂ© Dirceu (Casa Civil). As bacias hidrogrĂĄfica jĂĄ cumularam mais ĂĄgua que todo inverno do ano passado. Em 2003 a mĂ©dia de acĂșmulo foi de 38,8%. Agora somente em janeiro os açudes estĂŁo em mĂ©dia com 42,8% de suas capacidades e 38 grandes açudes jĂĄ sangraram.
Oficialmente cinco cidades estĂŁo em estado de emergĂȘncia (Sobral,QuiterianopĂłlis, Brejo Santo, Arneiroz e MissĂŁo Velha). Quatro municĂpios decretaram estado de calamidade pĂșblica: Salitre, Barbalha, Amontada e Lavras da Mangabeira). Em Fortaleza uma chuva histĂłria de 250 milĂmetros alagou a cidade na madrugada da Ășltima quinta-feira. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) foi a maior chuva em janeiro desde 1910.
BAHIA - Desde que começou a chover no Nordeste, prefeitos de 34 municĂpios baianos decretaram situação de emergĂȘncia. No entanto, o Governo Estadual homologou a sua situação emergencial em apenas 17 deles. As ĂĄguas da chuva castigam de forma mais intensa as regiĂ”es Norte e Nordeste do Estado e alguns municĂpios do RecĂŽncavo e Chapada como Remanso, Sento SĂ©, Serrinha, SerrolĂąndia, Terra Nova, Xique-Xique, Araci, Baixa Grande, Biritinga, Bom Jesus da Lapa, Cardeal da Silva, Catu, CĂcero Dantas, Conceição do CoitĂ©, Conde, Gandu, Inhambupe, ItiĂșba, Juazeiro, MacaĂșbas, Mundo Novo, Queimadas, RiachĂŁo do JacuĂpe, Rio de Contas, Rui Barbosa, SantanĂłpolis, SĂĄtiro Dias e Senhor do Bonfim.
Os tĂ©cnicos da Coordenação Estadual de Defesa Civil (Cordec) e da Secretaria do Trabalho e Ação Social (Setras) continuam trabalhando em vĂĄrias frentes para verificar os estragos, condição para o reconhecimento e homologação da situação de emergĂȘncia pelo Governo Estadual. Embora o tempo tenha melhorado na Bahia, as precipitaçÔes pontuais que tem ocorrido na Bahia ainda provocam estragos, derrubando casas, pontes, provocando inundaçÔes e arrasando plantaçÔes.
Centenas de famĂlias estĂŁo desabrigadas. A Cordec ainda nĂŁo tem um numero preciso porque ele muda a cada dia. Nos Ășltimos dia as chuvas isolaram trĂȘs municĂpios baianos. O distrito de Riacho Seco, na margem direita do Rio SĂŁo Francisco, a 43 km da sede do municĂpio de Curaçå, teve mais de 70% de sua ĂĄrea habitacional tomada pelas ĂĄguas, com o rompimento de cinco barragens, deixando Paulo Afonso, Rodelas e GlĂłria sem comunicação.
Esta semana a ligação de Paulo Afonso com Salvador jĂĄ havia sido prejudicada por conta da queda de uma ponte na BR-101 e com isso os trĂȘs municĂpios sĂł podem se comunicar por terra com Pernambuco. No municĂpio de Conde, existem 2 mil pessoas prejudicadas pela enchente. Ate a manhĂŁ da Ășltima quinta-feira, o Serviço de Meteorologia havia registrado 297.3 mm de precipitação na capital, contra uma mĂ©dia histĂłrica mensal, em janeiro, de 110.9 mm.
PARAĂBA - A ação devastadora das chuvas em alguns municĂpios paraibanos deixou 9,5 mil pessoas desabrigadas, atĂ© o momento, de acordo com dados da Defesa Civil Estadual. As famĂlias espalhadas por 27 cidades do Estado estĂŁo sendo atendidas por representantes da Secretaria de Trabalho e Ação Social (Setras) e da Secretaria Estadual de SaĂșde (SES). AtĂ© o momento, foram distribuĂdos mil cestas bĂĄsicas, 800 colchĂ”es, 850 cobertores, mil agasalhos e 300 quilos de leite. As chuvas tambĂ©m foram responsĂĄveis pela degradação de aproximadamente 400 quilĂŽmetros de rodovias estaduais e, entre as federais, oito trechos foram destruĂdos ou inspiram cuidados.
A boa notĂcia fica por conta da situação dos açudes. De acordo com o Ășltimo levantamento da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos HĂdricos (Semarh), 45 dos 133 reservatĂłrios monitorados pelo ĂłrgĂŁo estĂŁo sangrando.
O Governo do Estado iniciou a retirada da população que construiu casas nas imediaçÔes do barramento do açude EpitĂĄcio Pessoa (BoqueirĂŁo). O reservatĂłrio se encontra com volume superior a 85% de sua capacidade e deve sangrar atĂ© este final de semana. Caso isso aconteça, as casas serĂŁo destruĂdas.
RIO GRANDE DO NORTE - No Rio Grande do Norte, as fortes chuvas das Ășltimas semanas afetaram mais de 6 mil pessoas. O Governo do Estado ainda nĂŁo concluiu o relatĂłrio final sobre as conseqĂŒĂȘncias da precipitação, que atingiu com calamidade cerca de 20 municĂpios potiguares e deixou duas mortes nas cidades de SĂŁo JosĂ© do Campestre e Nova Cruz (no Agreste do Estado).
A mais atingida foi a cidade de SĂŁo JosĂ© do Campestre (distante 107 quilĂŽmetros de Natal), que possui 11.200 habitantes. Naquela localidade, cerca de 3.200 pessoas foram afetadas pelas chuvas. O bairro da ParaĂba ainda estĂĄ ilhado e os tĂ©cnicos da Prefeitura sĂł conseguem chegar de canoa.
A governadora Wilma de Faria (PSB) jĂĄ apresentou o relatĂłrio preliminar da situação dos municĂpios potiguares ao Governo Federal e diariamente a Secretaria Estadual de Interior, Justiça e Cidadania (Sejuc) envia relatĂłrios para o MinistĂ©rio da Integração Nacional. O secretĂĄrio Leonardo Arruda destaca que a grande preocupação agora, alĂ©m de assistir as famĂlias desalojadas, Ă© monitorar o nĂvel dos açudes e reforçar as paredes dos reservatĂłrios. Para visitar as cidades atingidas, foi formada uma ComissĂŁo Estadual de Defesa Social que vai a cada municĂpio e elabora o relatĂłrio da situação local.
ALAGOAS - Em Alagoas 16 municĂpios decretaram estado de emergĂȘncia por causa das chuvas que vĂȘm caindo sobre o Estado. AtĂ© agora seis pessoas morreram e mais de 2 mil estĂŁo desabrigadas. Segundo a Defesa Civil, nas Ășltimas semanas nĂŁo houve evolução de desastres nos municĂpios. A intenção, agora, Ă© esperar os diagnĂłsticos epidemiolĂłgicos, que estĂŁo sendo feitos pela SecretĂĄria de SaĂșde.
Ainda nĂŁo entraram no planejamento da Defesa Civil os nove municĂpios alagoanos localizados no Baixo SĂŁo Francisco (Piranhas, PĂŁo de AçĂșcar, Belo Monte, Traipu, SĂŁo BrĂĄs, Porto Real do ColĂ©gio, Igreja Nova, Penedo e Piaçabuçu) que podem sofrer inundação por causa da elevação do Rio SĂŁo Francisco. O rio transbordarĂĄ porque a Companhia HidroelĂ©trica do SĂŁo Francisco (Chesf) decidiu abrir as comportas das barragens de Paulo Afonso e XingĂł, que estĂŁo cheias por causa das chuvas que caem no vale e nos afluentes. Com a providĂȘncia, a vazĂŁo abaixo das barragens aumentou de 1.100 metros cĂșbicos por segundo para 4.500 metros, mas deve chegar a 5,5 mil metros.
SERGIPE - Oito mortos, um dos quais ainda nĂŁo confirmado, perĂmetros irrigados e bares inundados e mais de 4 mil desabrigados. Este Ă© o saldo deixado pelas chuvas e o aumento da vazĂŁo da Usina HidrelĂ©trica de XingĂł em 12 municĂpios de Sergipe, conforme a Defesa Civil. Os atingidos estĂŁo recebendo ajuda dos governos Federal, Estadual e municipais. Os ribeirinhos abandonaram as suas casas e estĂŁo sendo assistidos em escolas e prĂ©dios pĂșblicos. O coordenador da Defesa Civil, Adalberto Figueiredo, disse que tem chegado ajuda, mas ainda nĂŁo Ă© o suficiente para todos os atingidos.
Poço Redondo (a 184 km de Aracaju) tem 17 povoados isolados da sede do municĂpio e os tĂ©cnicos da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros estĂŁo levando alimentos e roupas fazendo uso de barcos. LĂĄ e em CanindĂ© do SĂŁo Francisco pontes e estradas foram destruĂdas pelas chuvas que atingem a regiĂŁo desde o Ășltimo dia 21. O ExĂ©rcito, Corpo de Bombeiros e PolĂcia Militar estĂŁo desobstruindo vias pĂșblicas.
Leia outras notĂcias em Imirante.com. Siga, tambĂ©m, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa pĂĄgina no Facebook e Youtube. Envie informaçÔes Ă Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.