Ministra diz que não é mais possível esconder racismo no país

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 15h11

SÃO PAULO - A ministra da secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, reforçou o esforço do governo em estabelecer políticas públicas que diminuam o racismo e as diferenças entre os grupos raciais. Segundo ela, o país vive um momento importante de ebulição de reflexões políticas, estabelecendo uma conexão com a história do negro no país. A ministra participou ontem à tarde de encontro temático “Juventude e Desigualdades Raciais’, realizado pelo Projeto Juventude, em Diadema, no Grande ABC, em São Paulo.

Matilde destacou a frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a recente viagem à África, dizendo que o Brasil tem uma dívida histórica com aquele continente e seus descendentes no país. “Se nós analisarmos essa frase em sua profundidade, ele (Lula) está se comprometendo com a política local, nacional e internacional em promover a igualdade racial e a relação desta questão na agenda política mundial”, analisou.

A ministra classifica a proposta do presidente como um grande desafio para os órgãos governamentais e para a sociedade civil. “A partir do momento em que o governo federal tem essa posição, a sociedade é instigada a rever seus projetos e perspectivas”, disse ressaltando a importância de espaços onde sejam estimulados debates teóricos e as iniciativas dos diversos movimentos negros existentes no país.

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De acordo com ela, o acúmulo de debates nos campos político e teórico ao longo da trajetória dos movimentos negros, fortaleceu a questão racial na agenda do país e conseguiu desmistificar a idéia de que o Brasil é um “paraíso racial’, onde não há preconceitos. “Nós fomos forçados a acreditar que o Brasil é uma democracia racial. Nós tínhamos uma referência colocada pela elite dominante de que em outros lugares do mundo é que havia racismo. Isso é balela”, enfatizou.

Mesmo com a aparente harmonia entre negros e brancos, explicou Matilde, a partir dos anos 70 a sociedade começou a questionar, por meio dos movimentos negros, se essa igualdade realmente existe ou existia, enfraquecendo a posição das elites. “Os movimentos negros entraram em cena de forma contundente perguntando onde e para quem estava a democracia racial. Cada movimento contribuiu de sua maneira para dizer ao Estado e à elite que esta tese da democracia racial era um engodo”, afirmou.

Matilde finalizou dizendo que a juventude é um momento de ampliação da vida social e política e decisões e que a classe social é uma condição passível de mudanças ao longo da vida, ao contrário do grupo racial. “Isso tem que ser muito bem pensado, articulado com o ontem, hoje e o depois. Temos responsabilidade com o futuro. E nesse momento estamos debatendo projeto que se propõe a construir uma agenda política para promoção e inclusão social”, concluiu a ministra.

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