RECIFE - Os corpos das adolescentes Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, assassinadas em maio, foram submetidos a um tratamento químico para mascarar indícios de drogas, sêmen e outros vestígios que poderiam levar ao autor ou autores do crime. A acusação foi feita pela mãe de Maria Eduarda, Regina Dourado, durante uma entrevista coletiva convocada ontem por ela, para mostrar à Imprensa fotos da época em que as meninas foram encontradas, cerca de dez dias depois de mortas, num canavial em Ipojuca. “Fizeram um trabalho profissional, destruindo cabelos, unhas e outros tecidos importantes. Mostramos as imagens a profissionais da área de saúde e todos acharam muito estranho os corpos já estarem tão decompostos em tão pouco tempo, expondo ossos porosos, limpos. Mais esquisito ainda é que foram encontradas partes preservadas, como uma perna. Porque a decomposição iria acontecer em estágios diferentes? A polícia disse que os corpos foram devorados por animais, mas que tipo de bicho come unha e cabelo?”, questionou.
Segundo Regina, as fotos foram requisitadas há vários meses por ela, na qualidade de mãe, mas não tinham sido mostradas antes por conta da orientação de seus advogados. Na ocasião, ela folheou também o diário da filha. “Ela era uma menina boa, normal e feliz”, afirmou, mostrando uma página onde Tiago Carneiro, proprietário da casa onde as adolescentes tinham ido passar o final de semana, era citado como o primeiro da lista de seus melhores amigos.
“Tenho certeza de que fizeram um procedimento chamado vitriolagem, usando ácido e formol para acelerar a decomposição. Os corpos ficaram mumificados, as cabeças foram escalpeladas. No dia da exumação, não deu para sentir nenhum cheiro de podre e não havia quase nenhum osso no caixão de minha filha. Desconfio até que possam ter violado o caixão, para retirar algum osso que pudesse servir como prova. Até quando se crema uma pessoa, os ossos ficam preservados. Não dá para acreditar que eles teriam se decomposto em tão pouco tempo, a não ser que, como eu estou dizendo, tenham usado ácido”, acrescentou Regina, frisando ter certeza de que a filha não foi assassinada pelos kombeiros Walfrido e Marcelo Lira, porque eles não teriam condições intelectuais e financeiras de proceder ao suposto tratamento químico.
Regina Dourado afirmou que confia nos peritos Domingos Tochetto (RS) e Genival França (PB), que foram convocados por sua família, e no trabalho da delegada Lenise Valentin e da juíza Ildete Veríssimo, que estão responsáveis pelo caso. “Quero descobrir quem matou minha filha. Isso não pode ficar assim, Pernambuco pede isso”, disse ela, que já contabilizou mais de 300 mil assinaturas num abaixo-assinado cobrando a solução do crime. Anteontem, ela enviou uma carta ao presidente Lula, relatando os fatos e pedindo uma audiência.
Por estar se colocando em evidência, a mãe de Maria Eduarda vem recebendo a solidariedade de muitos mas, segundo ela, tem sido também ameaçada. “Um dia desses, estava no shopping quando um dos rapazes que estavam na festa em Serrambi me viu e ficou muito nervoso. Eu me senti ameaçada, e quero deixar claro que eu e minha família estamos sob a proteção da Polícia Federal. Tenho muitos documentos engatilhados, caso aconteça qualquer coisa comigo ou com meu filho”, destacou.
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