Controlar racismo esgotaria recursos mentais
BRASÍLIA - As pessoas brancas que tentam controlar seus preconceitos raciais quando estão em contato com pessoas negras esgotam seus recursos mentais, segundo um estudo publicado hoje pela revista Nature Neuroscience.
O estudo, coordenado por pesquisadores da Universidade Darmouth, em New Hampshire, combinou o uso de imagem funcional de ressonância magnética (fMRI), que mede a atividade cerebral, com exames de conduta para analisar a psicologia social e cognitiva da forma em que os brancos respondem diante dos negros.
"Ficamos surpresos ao constatar que a atividade cerebral em resposta aos rostos de negros prognosticava como os participantes da pesquisa se saíam em tarefas cognitivas depois de interações reais com pessoas de pele escura", disse a professora Jennifer Richeson, que dirigiu o estudo.
Estas conclusões sugerem que os que têm preconceitos raciais, embora não sejam intencionais, enfrentam maiores demandas cognitivas quando têm que se relacionar com pessoas de diferentes grupos étnicos.
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Os cientistas assinalaram que este esforço causa um esgotamento similar ao de um músculo após um exercício intenso, e que a inter-relação com pessoas de outro grupo étnico provoca uma diminuição da capacidade para encarar tarefas cognitivas posteriores.
Para este estudo, os pesquisadores mediram a intensidade dos preconceitos raciais em trinta brancos, através de um teste que registrou com que facilidade os indivíduos vinculam os brancos e os negros a conceitos positivos ou negativos. O preconceito racial é medido com uma pauta na qual os indivíduos demoram mais a vincular os brancos a conceitos negativos, e os negros a conceitos positivos.
Depois, os participantes tiveram um contato pessoal com um branco e um negro, e tiveram que completar uma tarefa cognitiva na qual deviam inibir suas respostas instintivas. "Constatamos que as pessoas brancas com as pontuações mais altas de preconceitos raciais experimentavam maior atividade neural em resposta às fotografias de homens negros", disse Richeson, professora de Psicologia e Ciências Cerebrais.
"Este aumento da atividade foi registrado em uma área do córtex prefrontal do cérebro, vinculada com o controle de pensamentos e condutas", acrescentou. "Estes mesmos indivíduos tiveram um desempenho pior no teste cognitivo depois do contato real com um homem negro, o que sugere que podem ter esgotado os recursos que necessitavam para completar a tarefa", explicou.
A maioria dos participantes da pesquisa pensava que era inaceitável comportar-se de maneira preconceituosa com pessoas de outros grupos étnicos, e fez esforços para evitar esse comportamento, independente de seus níveis de preconceito.
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