Bioma

Balsas é o município brasileiro que mais desmatou o Cerrado no último ano, aponta levantamento

Segundo o Ipam, Balsas desmatou 241,64 km² de vegetação nativa entre os meses de agosto de 2020 e julho de 2021.

Imirante.com, com informações do Ipam

Atualizada em 26/03/2022 às 18h40
No último ano, área desmatada do Cerrado bateu recorde e responde por 61,3%. (Foto: Divulgação)

BALSAS - O município de Balsas, distante 803 km de São Luís, lidera a lista dos 10 municípios brasileiros que mais desmataram o Cerrado, entre os meses de agosto de 2020 e julho de 2021. Os dados são de um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), divulgados nesta sexta-feira (7).

Segundo o monitoramento, dos 10 municípios que mais desmataram o bioma, nove estão na região conhecida como Matopiba, que abrange os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, e concentram 15% (1.278,66 km²) de toda a perda de vegetação no período monitorado.

De agosto de 2020 a julho de 2021, a área desmatada do Cerrado bateu recorde e responde por 61,3% (5.227,32 km²) do total de 8.523,44 km², superando o ano de 2017, quando foi responsável por 61,1% de destruição do bioma.

Balsas, no Maranhão, está no topo da lista, tendo destruído 241,64 km² de vegetação nativa, seguido por São Desidério (BA), com 207,84 km² desmatados; Formosa do Rio Preto (BA), 157,31 km²; Paranã (TO), 135,43 km²; Jaborandi (BA), 116,44 km²; Grajaú (MA), 95,42 km²; Caxias (MA), 86,79 km²; Aldeias Altas (MA), 83,64 km² e Correntina (BA), com 76,41 km². O único município fora do Matopiba é Santa Maria das Barreiras (PA), que desmatou 77,74 km².

“Há uma elevada atividade agropecuária na região do Matopiba, por isso precisamos colocar em prática soluções conjuntas para dissociar a produção do desmatamento. Desmatar não é e nunca foi uma necessidade para melhorar a produtividade agrícola”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência no Ipam.

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A análise de pesquisadores do Ipam tem como base a consolidação dos dados do Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que mapeia a supressão de vegetação nativa no Cerrado. A área desmatada em todo o bioma foi a maior desde 2015 e corresponde quase seis cidades de São Paulo.

Desmonte do Inpe para o Cerrado

Na quinta-feira (6), após anúncio da descontinuidade do monitoramento do bioma Cerrado pelo Inpe, cientistas mostraram preocupação. De acordo com o órgão, o recurso destinado à equipe responsável acabou ao final de 2021.

“O trabalho da equipe de monitoramento do Cerrado no Inpe é fundamental para que a gente conheça a realidade do que está ocorrendo no bioma, o quanto está ameaçado e o que ainda pode ser feito para controlar e evitar sua devastação. São dados oficiais e de referência que norteiam não só políticas públicas, mas também a atuação de outros setores da sociedade”, comenta Julia Shimbo, pesquisadora no Ipam e coordenadora científica da iniciativa MapBiomas.

Maior que o México, o Cerrado ocupa uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados e é o segundo maior bioma do Brasil. Como hotspot de biodiversidade, apresenta diferentes tipos de vegetação nativa. É a savana mais biodiversa do mundo e está sob elevado grau de ameaça. Quase metade já foi desmatada: 54,5% de seu território ainda é coberto por vegetação nativa, sendo que 44% se encontra justamente no Matopiba.

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