Sumiu

Emenda de R$ 1,25 milhão para estradas vicinais de Arari desaparece, diz O Globo

Simplesmente Maria, prefeita de Arari, diz que recurso da emenda desapareceu e não foi empenhado em obra nenhuma, segundo reportagem

Ipolítica, com informações de O GLOBO

Atualizada em 12/10/2025 às 20h23
Pedro Lucas Fernandes e ex-prefeito Rui Filho, ambos do União Brasil (Reprodução/Redes Sociais)

ARARIUma reportagem publicada no jornal O GLOBO neste domingo (12) revelou que uma emenda parlamentar de R$ 1,25 milhão indicada pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União), destinada à recuperação de estradas vicinais em Arari, acabou sem destino conhecido. A apuração é dos repórteres Patrik Camporez e Thiago Faria.

A verba foi transferida para o município em agosto de 2023 via emenda Pix, modalidade que permite repasse direto para prefeituras. No entanto, de acordo com a atual prefeita Maria Alves Muniz, conhecida como Simplesmente Maria (MDB), o valor não foi aplicado nas obras previstas e as contas da gestão anterior, do ex-prefeito Rui Filho (União Brasil), foram encontradas zeradas.

Esse valor simplesmente desapareceu. Não foi para obra nenhuma”, afirmou a gestora.

O que afirmam os citados

O deputado Pedro Lucas Fernandes, autor da emenda, afirmou ao GLOBO desconhecer o destino da verba e disse que cabe ao ex-prefeito Rui Filho explicar a aplicação dos recursos.

Confesso que desconheço para onde foi a emenda. O gestor tem que dizer onde está aplicando. Acho natural que tenha uma explicação”, declarou o parlamentar.

Rui Filho, por sua vez, disse ao GLOBO que o dinheiro foi usado em obras, serviços e custeio da prefeitura, alegando inclusive que parte dos recursos foi redirecionada para despesas emergenciais após enchentes em 2023. Entretanto, segundo a reportagem, as cheias ocorreram meses antes do uso da verba, e os rios da região já haviam normalizado quando os pagamentos foram feitos.

Essas emendas Pix entravam para a gente usar no custeio da prefeitura. Foi pago transporte de lixo, medicamentos e até na folha de pagamento se podia usar”, afirmou ele. Vale ressaltar que o uso de emendas para pagar salários dos servidores municipais é vedado pela Constituição.

Ao Imirante, Rui Filho afirmou que “todo esse questionamento já foi respondido e explicado em relatório, com toda a documentação, para os órgãos competentes”.

"Essas emendas especiais de 2023 não tinham exigência de plano de trabalho e poderiam ser gastas com despesas de custeio da prefeitura. Foram pagas despesas normais diversas da prefeitura, com licitações e pagamentos dentro das normas legais. Todo esse questionamento já foi respondido e explicado em relatório, com toda a documentação, para os órgãos competentes. Isso aconteceu com quase todos que receberam essas emendas. Era a orientação que tínhamos. Mudou a partir de 2025, com exigências dos planos de trabalho", disse o ex-prefeito.

Documentos enviados pelo ex-prefeito à Controladoria-Geral da União (CGU) indicam uma sequência de transferências entre 1º e 5 de setembro de 2023, totalizando o mesmo valor da emenda. Entre os beneficiários estão 11 empresas, incluindo um posto de gasolina, um lava-jato e uma loja de artigos esportivos registrada em nome de uma beneficiária do Bolsa Família — que negou ter recebido qualquer pagamento.

Ao visitar os endereços citados, o GLOBO constatou que parte das empresas não funcionava ou não apresentou comprovação de serviços prestados à prefeitura.

O Imirante também procurou o deputado Pedro Lucas Fernandes e aguarda um posicionamento.

Ministro Flávio Dino determinou bloqueio e apuração de destino de mais de R$ 30 bi em emendas Pix

O caso é um dos exemplos apontados pelo GLOBO sobre a falta de controle e transparência no uso das emendas Pix. O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou bloqueios e novas regras para rastrear mais de R$ 30 bilhões em repasses feitos diretamente a municípios, sem vinculação a projetos específicos.

Segundo a reportagem, comprovantes bancários mostram que o dinheiro de Arari foi distribuído entre quatro contas da prefeitura, misturado a outros recursos, o que dificultou o rastreamento. O STF encaminhou o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR) para avaliar possível investigação.

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