Dia das Crianças: conheça a história por trás da data comemorada em 12 de outubro
Celebrado em 12 de outubro, o Dia das Crianças surgiu de uma proposta política nos anos 1920 e ganhou força com o comércio a partir da década de 1960.
BRASIL - O Dia das Crianças é comemorado no Brasil em 12 de outubro e, diferente de outras datas comemorativas, não tem origem religiosa ou familiar. A criação da data foi resultado de uma combinação de iniciativas políticas, educacionais e, posteriormente, comerciais.
A ideia de ter um dia nacional dedicado à infância surgiu ainda nos anos 1920, mas só se consolidou a partir da década de 1960, quando começou a ser associada às vendas de brinquedos e à movimentação do comércio.
Segundo a professora Magda Sarat, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD/MS), o início de tudo foi em 1922, ano do 1º Congresso Brasileiro da Criança, realizado no Rio de Janeiro.
“Foi ali que se começou a pensar em políticas de proteção à infância. A ideia era muito mais assistencialista: cuidar, atender, garantir direitos mínimos”, explicou Sarat ao g1.
A proposta da data partiu do então deputado federal Galdino do Valle Filho, que sugeriu a criação de um dia nacional voltado às crianças. O projeto foi aprovado e virou lei em 1924, durante o governo de Arthur Bernardes, mas por muito tempo a data passou quase despercebida.
Infância: de invisível a prioridade
Durante séculos, a infância foi negligenciada. “Historicamente, a criança não existia como sujeito social”, afirma a professora Sarat. Essa percepção começou a mudar no século 18, com transformações sociais e políticas na Europa.
Entre o fim do século 19 e o início do 20, investir na infância passou a ser visto como um investimento no futuro da nação.
Mas Sarat destaca que o olhar deve ir além da ideia de futuro: “As crianças são vistas como o futuro, mas, na verdade, elas são o presente. São indivíduos com direitos, que estão aqui, agora.”
Por que 12 de outubro?
A escolha do 12 de outubro tem relação com outro evento simbólico: o descobrimento da América, celebrado nessa mesma data. Para alguns, a ligação com a ideia de “novo mundo” fazia sentido, já que a criança também representa o novo, o que está por vir.
No entanto, o que realmente consolidou a data no calendário nacional foi o apelo comercial.
Nos anos 1950, a empresa Estrela, em parceria com a Johnson & Johnson, lançou uma campanha publicitária para promover brinquedos, e o sucesso foi imediato. A partir daí, o 12 de outubro passou a ser reconhecido como o Dia das Crianças, nos mesmos moldes de datas como o Dia das Mães e o Dia dos Pais.
Presentes e desigualdades
Presentear se tornou tradição e, em alguns casos, também uma pressão. “As famílias se sentem cobradas a dar algo, mesmo que simbólico”, explica Sarat. Ela lembra que o mais importante é respeitar os interesses e desejos da criança, e não o valor do presente.
A professora também chama atenção para as desigualdades de gênero que persistem nos brinquedos. “Ainda hoje, o que se oferece para meninas está ligado ao espaço doméstico: boneca, panelinha, vassoura. Já para os meninos, são brinquedos ligados ao espaço público, como bola, carrinho, luta, aventura”, analisa.
Crianças com voz e direitos
Apesar das contradições, o Brasil avançou bastante na proteção da infância. “Hoje, a criança é reconhecida como cidadã, com direitos garantidos em lei”, destaca Sarat.
Entre os principais marcos estão a Declaração dos Direitos da Criança (1989), o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), que incluiu a educação infantil como direito.
“A criança passou a ter um lugar. Ela é um sujeito, e não apenas alguém em formação”, conclui a professora.
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