SÃO LUÍS – No início do século XIX, a grande maioria da população maranhense era composta por escravos e sertanejos, enquanto o poder estava nas mãos de proprietários rurais e comerciantes, o que levou à insatisfação popular e culminou com a revolta popular conhecida como Balaiada. A "guerra" teve sua origem no confronto entre duas facções: cabanos (formada por conservadores) e bem-te-vis (liberais). O cenário inspirou um livro de ficção que será lançado nesta quarta-feira (12), em Vargem Grande, a 172 km de distância da capital maranhense, São Luís. Nascedouro da Balaiada mistura crenças e mandingas, questiona e "reinventa" o passado.
A professora e escritora Cristiane Mesquita – quem assina outros seis títulos –, que coordenou os trabalhos, conta que a ideia surgiu como uma forma de retribuir o carinho aos estudantes da cidade, que fazem, anualmente, uma homenagem a autores maranhenses. "A proposta inicial era escrever um livro que falasse da terra deles, da nossa terra. Depois, eu achei que isso seria pouco. Por que não dar a eles um pouco do que eles me deram? Que é a oportunidade de sentir-se merecedor, sentir-se escritor, sentir-se amado", disse em entrevista ao Imirante.com – ouça na íntegra.
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O árduo trabalho, que contou com o apoio do Farol da Educação, durou seis meses, e superou as distâncias. "Era tudo por e-mail e mensagens", explica a professora. Após coletar diversos textos de alunos, sete estudantes foram selecionados para participar do projeto, entre eles o estudante Neto Carvalho, de 23 anos – o mais experiente do grupo. Alguns dos estudantes usaram o tempo de lazer e até as madrugadas para se dedicar ao livro, mesmo sem saber, de início, como se dava o trabalho de pesquisa. "Até então, não sabíamos como fazer a pesquisa. Quando escolhidos os alunos, foram descobertos quatro alunos do Colégio São José Operário, que se aprofundaram, ainda mais, na pesquisa em Caxias, e outros três ex-alunos", conta o estudante.
O trabalho rendeu, no entanto, um elogio do historiador e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Francisco Agileu de Lima Gadelha, quem assina o prefácio do livro. "A construção é perfeita, oferecendo-nos uma lição de antropologia só digna de um Roberto da Mata ou outros grandes antropólogos brasileiros", ressalta.
Como o livro partiu de doações, a tiragem inicial foi de 300 livros, que serão vendidos no lançamento. A renda obtida será revertida em favor dos próprios estudantes e de outra professora, que, também, participou da pesquisa. Quem se interessar em obter o livro pode entrar em contato pelo endereço de e-mail netocarvalho98@yahoo.com.
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