Leitura

Autor desmitifica estigmas associados a pessoas do espectro autista

Entre passado, presente e futuro, o multiartista Thiago Prado celebra o cotidiano, reflete sobre as mudanças e entende sobre si após diagnóstico tardio de autismo no livro "Que será, será".

Evandro Júnior / Na Mira

Capa do livro (Foto: Divulgação)

Mudar um RG pode ser apenas uma burocracia. Trocam-se a foto, o ano, o modelo e o órgão emissor. Mas esse documento tão habitual também registra as transformações de uma vida. No caso do multiartista Thiago Prado, de uma atualização para a outra, ele deixou de ser um adolescente do Realengo que sofria bullying na escola e ainda aprendia a desenhar, para se tornar um artista de quase 40 anos, com diversos projetos internacionais, uma moradia no Leme e um detalhe a mais na carteira que o define como neurodivergente. Tornou-se quem sempre sonhou ser.

Estas transformações que passam de maneira quase imperceptível diante das atribulações do cotidiano são registradas pelo escritor em Que será, será. Referência à clássica música do filme “O homem que sabia demais” (1934), de Hitchcock, a obra une passado, presente e futuro para retratar as experiências de um homem constantemente impactado pelos confrontos de existir no mundo.

Com textos curtos, a publicação mescla os formatos de poemas, cartas e frases para retratar experiências comuns, mas intensas. O sentimento de inadequação, o medo de falhar, as dificuldades dos relacionamentos, a beleza das amizades, a desesperança acerca do futuro, as inseguranças sobre a identidade e até a raiva de perder o ônibus na parada são alguns dos temas abordados.

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Essas vivências compartilhadas em Que será, será são entrelaçadas a reflexões intimistas do narrador. Nas páginas, ele atravessa o diagnóstico tardio de autismo, questiona as classificações relacionadas à sexualidade, registra conversas com amigos e escreve sobre os desafios da profissão artística.

Entre relatos biográficos, o livro salienta o poder de aceitar a si mesmo, com seus erros e acertos, para seguir em frente apesar dos conflitos do dia a dia. Acima de tudo, a obra reforça a importância dos sonhos mesmo com as frustrações e a inevitabilidade da morte, porque, assim como o início da leitura já indica: "todo mundo tem um sonho buzinado".

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