MARANHÃO - O Maranhão é o maior produtor de produtos derivados do babaçu. Somente em 2023, a cultura do babaçu produziu mais de 23 toneladas no Estado, segundo levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda assim, essa riqueza natural ainda é sub explorada pela indústria e pelo mercado.
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A implementação de novas práticas empresariais visando a valorização e preservação do meio ambiente coloca o babaçu como uma importante alternativa para empreendedores que buscam sustentabilidade empresarial.
Apoiadas nessas novas práticas, mulheres do Maranhão se uniram em torno de uma atividade ancestral: a coleta e beneficiamento do coco babaçu. A riqueza do fruto é tão grande que ele pode ser transformado tanto em alimentos quanto em cosméticos e produtos de alto valor industrial (químicos, por exemplo, dentre outros), com capacidade biodegradável e de baixo custo e impacto ambiental.
Para o ativista e especialista, Francisco das Chagas Nunes Cavalcante, mais conhecido como “Cavalcante Babaçu”, o potencial do fruto, se bem explorado, pode abastecer um mercado ávido por produtos naturais e sustentáveis.
Cavalcante Babaçu atua como secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade, Bioeconomia, Extrativismo e Água da CONFAF BRASIL (Confederação União da Agricultura Familiar), e entende bem sobre o assunto: “Para qualquer investimento no babaçu, só é necessário 20% do que se investe hoje em qualquer negócio do agro. Essa conta é matemática: ela é financeira, ela é técnica, ela é científica. Só que ainda não quebramos esse paradigma. Ainda não mostramos para o mundo. Quem tem conhecimento, quem pratica? Os povos tradicionais, as quebradeiras de coco, os quilombolas, os indígenas, os pequenos agricultores”, destacou o pesquisador.
Um dos principais produtos alimentícios é a farinha do mesocarpo do babaçu, uma parte antes ignorada e que agora produz pães, bolos e biscoitos. Por conter alto teor de amido, possui grande serventia na culinária por sua versatilidade - além disso, tem um grande potencial nutritivo, sendo um substituto saudável das farinhas refinadas tradicionais no mercado.
A farinha do mesocarpo do babaçu é um produto que exemplifica os princípios ESG (Environmental, Social and Governance), emergindo do empreendedorismo feminino nas comunidades do Maranhão. Esse processo sustentável não apenas preserva o meio ambiente através do uso responsável dos recursos naturais, mas também fortalece as economias locais, empoderando mulheres e fomentando a inclusão social.
Das mãos dessas mulheres, nasce uma farinha poderosa, que nutre e beneficia populações rurais e tradicionais. A Rede de Mulheres do Maranhão, criada especificamente para fortalecer o empreendedorismo feminino no campo, hoje está presente em vários municípios do estado, contribuindo significativamente para a economia e o empreendedorismo feminino.
A farinha do mesocarpo do babaçu possui um enorme potencial econômico, representando um modelo de negócio que alia rentabilidade à responsabilidade socioambiental. Por ser uma cultura mais barata de se manter do que outras, o babaçu é um grande atrativo para investimentos em produtos naturais com valores acessíveis e diversidade de aproveitamento. Características bastante valorizadas no mercado atualmente, e, para seu desenvolvimento precisam de investimentos e incentivos para a formação de mão de obra nas localidades e criação de maquinários.
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O trabalho da Rede Mulheres do Maranhão é aperfeiçoar o trabalho dessas pessoas e abrir caminhos de mercado para o crescimento e valorização do babaçu e das comunidades do campo, fomentando uma economia voltada para o empreendedorismo coletivo com responsabilidade social e ambiental.
Incorporar princípios de ESG nas práticas empresariais significa adotar uma abordagem holística, que garanta que todo o processo produtivo e de mercado incorpore responsabilidades com a sociedade e o meio ambiente. Essa é a missão da Rede Mulheres do Maranhão com seus produtos, garantindo que a exploração do babaçu beneficie as comunidades produtoras, proteja o meio ambiente e gere um retorno financeiro e social sustentável, prática que pode consolidar o babaçu como um pilar fundamental para um futuro mais verde e inclusivo.
O babaçu e a farinha do mesocarpo são mais do que simples produtos agrícolas: atuam como exemplos modernos de como a sustentabilidade pode ser uma poderosa aliada. O sucesso dessas práticas demonstra que é possível alcançar um equilíbrio harmonioso entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental, pavimentando o caminho para uma economia mais justa e sustentável para todos.
Produto
A farinha do mesocarpo do babaçu, produzida pelas mulheres da cooperativa Mãos de Fibra no Maranhão, é um produto sustentável e nutritivo.
Rica em amido e nutrientes, esta farinha fortalece as economias locais e preserva práticas ancestrais, promovendo o empreendedorismo feminino e o desenvolvimento comunitário.
Com grande potencial econômico, ela representa um modelo de negócio que alia tradição e inovação com responsabilidade socioambiental.
Rede Mulheres do Maranhão
A Rede Mulheres do Maranhão tem como objetivo contribuir na inclusão e transformação socioeconômica das mulheres do Maranhão. Dentro da rede, são 16 negócios sociais, com impacto em mais de 200 empreendedoras, empreendedores e quebradeiras de coco babaçu, que encontraram no trabalho coletivo sua fonte de renda.
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