O desaparecimento de mulheres indígenas é uma realidade devastadora que assola principalmente os países americanos. Nos Estados Unidos, elas são assassinadas em um índice três vezes maior que o de mulheres brancas. Já no Brasil, as taxas de feminicídio na região amazônica são 30,8% mais elevadas do que a média nacional.
Inspirada nesses casos de injustiça e falta de proteção às figuras femininas dos povos originários, a escritora, ativista e membra da Nação Blackfeet, K. A. Cobell, lança o suspense ‘Chama extinta’.
Na narrativa, Mara Racette é uma adolescente que se sente deslocada desde que se mudou para a reserva Blackfeet – composta por grupos indígenas norte-americanos –, em parte por ser filha de mãe branca e também por não ter crescido na região. Porém, quando Loren Arnoux, uma garota que sofre com o desaparecimento da irmã Rayanne, convida a protagonista para participar de uma cerimônia tradicional, Mara acredita que talvez tenha finalmente encontrado seu lugar.
O que parecia ser um novo começo para a menina toma um rumo sombrio quando Samantha White Tail, uma das amigas de Loren, é encontrada morta no evento. Para piorar, as últimas pessoas que a viram ainda com vida foram Mara, Loren, Brody Clark e Eli First Kill, que se tornam os principais suspeitos do caso.
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Narrado por quatro pontos de vistas diferentes, os jovens precisam se unir para provar a própria inocência, entre traumas, desavenças e segredos do passado. Afinal, mesmo com a desconfiança que nutrem entre si, caso não descubram a verdade, todos podem acabar levando a culpa, ou virando as próximas vítimas.
Publicado pela Plataforma21, mais do que um thriller ficcional, K. A. Cobell utiliza a obra como forma de denunciar o descaso das autoridades em lidar com os desaparecimentos e assassinatos de mulheres indígenas. Por meio de uma trama de mistério, o livro reflete sobre a violência estrutural e a luta pela preservação da cultura dos povos ameríndios, em meio à marginalização e ao preconceito étnico cultural enraizado na sociedade.
“As nativas são vítimas de crimes violentos com muito mais frequência do que qualquer outro grupo. Eu não queria escrever algo que banalizasse os casos reais ou tornasse a dor intensa que tantas pessoas indígenas sofrem em algo sensacionalista. Meu objetivo era abordar o tema enquanto criava personagens que iriam marcar os leitores mesmo depois de terminarem a história. Eu queria mandar uma mensagem memorável que, por meio dessa história, pudesse ajudar a lançar luz sobre o problema e aumentar a conscientização”, revela a escritora de ‘Chama extinta’.
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