Você pode mudar o que quiser
(desde que tudo continue do jeito que estava)
Ela suspirou enquanto encarava as caixas empilhadas dentro do escritório. A decisão de morar com ele exigia uma transição mais difícil do que imaginava. Não que a expectativa fosse de perfeição. Já eram comuns as conversas sobre os planos pro futuro, o estilo de vida, a individualidade, as chatices e as manias meio loucas dos dois.
Um conhecia o outro o suficiente para avaliar se queria ou não dividir a vida. Aos 40 e tantos anos, com histórias de divórcios passados já resolvidos e filhos crescidos, morar juntos era um caminho natural para aquele relacionamento adulto.
As diferenças eram tão evidentes quanto as semelhanças, e eles estavam felizes com isso. Acostumados a viver sozinhos, com suas próprias rotinas e métodos, embarcar na ideia de compartilhar um espaço novamente era excitante, mas também carregada de desafios.
Com planejamento e sem desespero, ele foi abrindo as portas de todos os cômodos para que a vida dela coubesse ali na casa dele. Também com planejamento, mas sob um leve desespero, ela foi enchendo as malas daquilo que julgava fundamental e, principalmente, se desfazendo do que acreditava não caber no novo lar.
“A casa também é sua”, ele diz. “Não quero invadir o seu espaço”, ela pensa.
Morar junto exige coragem. A adaptação é o principal teste para um relacionamento.
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Ela, acostumada com a calma do sol entrando pela casa e iluminando a mesa posta em um café matinal. Ele já começava o dia fechando as cortinas. E enquanto ela apreciava sua tranquilidade em desacelerar no fim da tarde, buscava compreender a energia expansiva dele quando a noite começava.
As diferenças não se limitam apenas ao ciclo circadiano. Enquanto ele preferia uma abordagem mais metódica para organizar a casa, ela era mais descontraída, deixando coisas fora do lugar que ele estava acostumado e adotando uma atitude mais relaxada em relação aos cuidados na casa. Tudo é diferente! O jeito de lavar as roupas, as louças, limpar o chão.
Conversando na terapia, ela declara que nunca imaginou passar por essa estranha sensação: era uma casa dentro de outra casa, e nenhuma das duas parecia ser a sua.
Expressar suas necessidades de forma clara e respeitosa, negociar um equilíbrio entre suas preferências individuais e as necessidades do relacionamento, abraçar a espontaneidade, ter estabilidade, manter a ordem, sair da zona de conforto (...)
E essa é uma história que fala sobre a complexidade de viver juntos após anos de independência. Isso traz uma nova dimensão ao viver. Aprender a construir um lar onde cada um possa ser verdadeiramente quem é, celebrando não apenas o amor que compartilham, mas principalmente a decisão de fazer dar certo parece bem mais fácil nos filmes.
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