Desconforto, vergonha e dor
(Conversando a gente resolve 99,9%)
Michelle tem 30 anos. É uma mulher independente, linda, inteligente e educada. Ela ama o Lúcio, seu namorado, e diz a todos que ele é o melhor homem com quem se envolveu em toda a sua vida. E para uma mulher que já viveu muitas paixões (intensas paixões, na verdade), essa é uma declaração bem forte e relevante.
Michelle sente prazer em quase todas as relações sexuais, mas não gosta quando Lúcio a coloca na “posição de quatro". Segundo ela, tem duas razões que justificam o seu não gostar: a primeira é que ela se sente insegura e vulgar (uma certa culpa cristã, talvez) e a segunda razão é que, segundo ela, o pênis do Lúcio é muito grande, causando nesta posição uma pancada no fundo da vagina dela.
Existe um pequeno grande detalhe que é bastante relevante aqui nessa história: ela nunca falou isso pra ele. “Que o seu pênis é muito grande?” Não. Isso ela sempre comenta, inclusive em tom de elogio. O que a Michelle nunca falou pra esse homem tão incrível na cama é que aquela posição de quatro a machuca.
E vez ou outra, noite após noite, mais uma vez, Lúcio coloca a Michelle na posição de quatro.
Por desconforto, vergonha e dor, ela acaba fingindo que está gostando, que já teve dois orgasmos, e pede para que ele chegue logo ao orgasmo junto com ela (pelas minhas contas, o terceiro falso orgasmo da noite).
Aquela geralmente é a forma mais fácil que a Michelle encontra para que a torturante penetração acabe logo.
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Conseqüência? Claro que muitas! Além de ela se afastar aos poucos da vontade e do desejo sexual (porque são as boas memórias que nos fazem querer mais), na próxima relação, o Lúcio provavelmente vai pedir a posição de quatro novamente, porque na cabeça dele… “se ela estava tão excitada e teve tantos orgasmos foi porque realmente ela gostou muito.”
Percebam que é um ciclo que acaba desgastando a mulher, o homem, e ainda gera problemas futuros para a relação a dois.
O porquê do desconforto naquela posição pode estar relacionado ao sentimento de inadequação da Michelle àquela forma de expor o seu corpo. Ela aprendeu em algum momento da vida que aquela posição era vulgar, e tudo bem ela não gostar - somos livres - mas seria benéfico tentar entender a causa, talvez essa seja a chave para solucionar a parte inicial do problema.
O desconforto pode estar associado também à falta de conhecimento do próprio corpo e da exploração dos seus prazeres. Michelle poderia direcionar o seu parceiro para os pontos mais fortes de excitação, e a relação deles só teria a ganhar com isso.
Evitar tudo isso é algo bem simples: BASTA FALAR A VERDADE. Mas falar sobre sexo é tão difícil pra algumas pessoas que “fingir orgasmo” parece ser a melhor saída. Lembro sempre daqueles encontros em que a tia oferece uma comida que detestamos. Ex: uma moela de galinha (eu, detesto, rs). Para não fazer uma desfeita, a gente aceita, engole e finge que estava bom. Na próxima visita, a tia vai oferecer a mesma coisa pra comer, afinal, você disse que tinha gostado antes.
Fica aqui um convite para a saúde mental e sexual de todos: conversem com um sexólogo!
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