São Luís 411 Anos

Artesã homenageia São Luís em obras de barro: "povo e cultura que eu tanto amo"

Há algumas décadas, Izabel Matos descobriu esta habilidade e recria as manifestações culturais e o cotidiano da cidade.

Neto Cordeiro/Na Mira

Atualizada em 08/09/2023 às 08h52
Izabel Matos mostra suas obras em exposição em São Luís. (Foto: Arquivo Pessoal)

SÃO LUÍS – Foi resgatando os tempos de menina, quando via o pai brincando o bumba meu boi, que a ludovicense Izabel Matos produziu personagens de barro com as próprias mãos. Há algumas décadas, ela descobriu esta habilidade e, com amor, paciência e dedicação, recria as manifestações culturais e o cotidiano de São Luís.

“Eu comecei a trabalhar com o barro, em obras de arte, em 1996, quando eu retornei de Brasília, após eu ter sofrido um AVC. Na época eu trabalhava com alta-costura. Adoeci e retornei a São Luís, onde fui buscar minhas melhoras mexendo com barro”, conta a artesã Izabel Matos.

Artista cria personagens do cotidiano ludovicense. (Foto: Arquivo Pessoal)

O processo criativo parte do amor pela cidade natal, São Luís. As vivências pela capital dão o ponto de partida para a artista. Hoje, são as filhas que a ajudam a bater o barro e também auxiliam na pintura das peças. No entanto, Izabel Matos frisa que todo o trabalho de modelagem é dela, com pouco uso de fôrma.

É um prazer muito grande, não sei nem me expressar, é muita felicidade. Eu levanto minhas peças viajando na minha infância, adolescência, os encontros de família no interior, passando as férias eu e meus primos, correndo na beira de rio, juntando babaçu, brincando.
Izabel Matos

As obras convidam os apreciadores a uma espécie de viagem emocionante pela cultura popular de São Luís, como o Bumba Meu Boi e o Tambor de Crioula. Não poderia ser diferente, já que Izabel vem de uma família ligada, fortemente, ao setor cultural. Um dos tios dela chegou a ser cantador do Bumba Meu Boi da Fé em Deus, segundo conta. "Quando comecei a mexer com barro, era isso que eu queria fazer: o tambor de crioula, as brincadeiras, o povo trabalhando. Sempre querendo divulgar e falar desse povo e dessa cultura que eu tanto amo”.

Ela, que já morou na região que hoje é o bairro da Liberdade, vive atualmente com o marido, João Carlos, no II Conjunto Cohab. Além de costura, a artesã já atuou em almoxarifado e cozinha. Hoje, trabalha contando histórias por meio de suas peças, as quais já foram vendidas para muita gente, especialmente, turistas de várias partes do mundo.

O Cazumbá, do bumba meu boi, feito de barro pelas mãos de Izabel Matos. (Foto: Divulgação)

“Eu sinto que as pessoas se encantam, elas ficam surpresas, até eu fico assim assustada, admirada. Meus Deus, fui eu mesma. Elas se identificam nas peças, falam com muito carinho, com muito amor. Eu tento falar através do barro a realidade, procuro fazer o máximo que eu posso, os movimentos. Eu chorei muito, porque você vê que as pessoas viajam quando elas olham as peças. Elas se sentem felizes com o que elas estão vendo”, revela a artista.

Exposição

As peças de Izabel Matos compõem uma exposição formada por ela e outras oito mulheres, Ana Dias, Angela Ferreira, Helloyse Brandão, Márcia Brito, Vitória Rodrigues,  Iguaracy Soares, Ana Cantanhede e Bruna Ferreira. Todas são artistas maranhenses que buscam retratar os contos e encantos de São Luís. As composições das obras em cerâmica homenageiam as diversidades culturais e o cotidiano da nossa cidade. A ideia surgiu para celebrar os 411 anos da ilha. 

A exposição fica aberta até o dia 30 de setembro, no salão Janaúba do Centro de Treinamento do Parque Botânico, sempre das 8h às 16h.

 

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