São João do Maranhão

Conheça a história e caraterísticas da dança do coco, sinônimo de tradição e resistência na cultura maranhense

A dança do coco tem influências indígena e africana.

Adriano Sores / Na Mira

Atualizada em 24/04/2024 às 10h42

O Maranhão é um verdadeiro celeiro de manifestações culturais e tradições que perpassam por gerações e conseguiram chegar, em meio a tantos desafios e desvalorizações, até os dias atuais. Uma dessas manifestações que resiste ao longo das décadas é a dança do coco, com músicas e letras simples, a dança do coco era muito forte na Região dos Cocais, mas também marca presença em São Luís, capital do Estado.

Mesmo com presença marcante no Maranhão, há controvérsia com relação ao local de origem da dança do coco, uns dizem que foi no Estado do Pernambuco, outros citam a Paraíba. Há também quem defenda que a dança surgiu em Alagoas.

A dança do coco tem influências indígena e africana, como boa parte das festas folclóricas do Brasil. A maioria dos folcloristas concorda, no entanto, que a dança do coco teve origem no canto das quebradeiras de coco, durante a procura pelo fruto na mata e que, só depois, se transformou em ritmo dançado.

Coco Pirinã

No Maranhão, a dança do coco era muito forte na Região dos Cocais, mas depois chegou a São Luís, onde hoje existem dois grupos folclóricos que fazem a dança do coco. No bairro Anjo da Guarda, o grupo de dança Coco Pirinã mantém viva a dança que representa o homem do campo, em especial, as quebradeiras de coco.

Jailson Ribamar, mais conhecido como Palito de Sabujá, é um dos responsáveis pela dança do Coco Pirinã, do bairro Anjo da Guarda. Ele conta que o grupo foi fundado em 1967 no boêmio bairro da Madre Deus, na região Central de São Luís, pelo senhor Dico Barata, e que poucos anos depois, em 1981, o Pirinã passou a ser comandado por seu pai, o mestre Sabujá, que mudou a brincadeira para o bairro Anjo da Guarda.

Integrantes do Coco Pirinã, que se prepara para a temporada junina 2022. (Foto: Divulgação / Coco Pirinã)

O mestre Sabujá, que comandou a dança por mais de 40 anos, morreu em 2021, Atualmente brincadeira é comandada pelos filhos do mestre que mantêm viva a tradição e o legado da dança.

“Ele não foi chamado de mestre por ser dono e presidente do Coco Pirinã, mas, sim, por tudo o que ele fez pela cultura, não deixando a dança do coco acabar. Antigamente eram 14 danças de coco, hoje só existe apenas duas”, conta Jailson Ribamar.

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Após dois anos parados devido a pandemia da Covid-19, o Coco Pirinã se prepara agora para retornar às apresentações na temporada junina 2022. Este será o primeiro ano sem o mestre Sabujá, que será lembrado e reverenciado pelos integrantes do Pirinã.

“As expectativas para ano de 2022 são as melhores possíveis. É o primeiro ano em que Coco Pirinã estará nos arraiais de São Luís sem o mestre Sabujá, falecido em 2021. Nosso tema é: o legado do mestre Sabujá não pode parar. Ele era a alegria do cordão”, afirma Jailson.

Jailson Ribamar, filho do mestre Sabujá, é um dos representantes do Coco Pirinã atualmente. (Foto: Arquivo Pessoal)

Dança do Coco

A dança do coco é realizada em roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos. Originalmente há um cantador que puxa as músicas, mas atualmente, segundo pesquisas, essa figura tem perdido espaço na dança.

Outra característica do coco de roda, como também é conhecida a dança do coco, é a cadência do som dos pés batendo no chão. A sonoridade é completada com as batidas do coco que os dançarinos carregam nas mãos. Adereços como o machadinho e o cofo também sempre aparecem nas rodas de dança.

A dança do coco apresenta uma coreografia básica: os participantes formam filas ou rodas onde executam o sapateado característico, em passos que se assemelham ao xaxado.

Atualmente, a dança está presente em vários Estados brasileiros, porém perdeu muita representatividade, sobretudo, pela desvalorização da cultura do babaçu. A dança do coco apresenta diversas variações, tanto nas estruturas coreográficas quanto nas músicas. 

O ritmo contagiante do coco inclusive influenciou muitos compositores da cultura nordestina como Chico Science, Alceu Valença e o cantor paraibano Jackson do Pandeiro, que começou a carreira tocando percussão em um grupo de coco com a mãe. 

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