SÃO LUÍS - Após oito anos se apresentando em casas noturnas e eventos de Marabá e da região sudeste do Pará, o artista AQNO apresenta ao público seu primeiro trabalho autoral. Produzido em São Luís, com videoclipe gravado no Centro Histórico da capital maranhense, o single “Desaglomerô” já está disponível nas principais plataformas digitais.
Aos 33 anos, AQNO se define como um homem “cheio de amores”. Mas com os sentimentos aflorados pela pandemia da Covid-19, isolado na casa de familiares no interior do Pará, foi uma paixão específica que inspirou a letra de “Desaglomerô”.
“Compus em meio a várias inquietações emocionais e pessoais, mergulhado em ansiedade, carência e saudade de trocar afeto com os meus. ‘Desaglomerô’ é para um amor em específico, interrompido pela pandemia, que até hoje não reencontrei. A canção fala exatamente da esperança desses reencontros depois que todo esse cenário caótico passar”, explica o artista.
O videoclipe não é menos intenso do que a lírica. Com imagens gravadas em locações no Centro de São Luís, o trabalho audiovisual retrata o personagem AQNO, um terráqueo em estado de solidão, caos e isolamento, que recebe uma tentativa de comunicação do planeta saturno, através de uma interferência na programação de sua TV. Retratando bem o estado da composição, o clipe foi filmado com uma equipe reduzida devido aos protocolos de segurança e conta, por meio de uma história ficcional, como momentos caóticos podem nos transformar definitivamente.
“Com referência em obras de sci-fi dos anos 70 e 80, apareço como um terráqueo em estado de solidão, caos e isolamento, atravessado por uma interferência extraterrestre na programação da TV, vinda de Saturno. Ignoro a tentativa de comunicação, mas o episódio me afeta e me coloca num estado gradual de mutação à medida em que me relaciono com o ambiente de isolamento, acessando diversos sentimentos, como ansiedade, revolta, delírio, apatia, loucura e carência, até enfim chegar ao estado final, caótico e fantástico da mutação”, descreve AQNO. O roteiro foi criado pelo próprio artista, em parceria com Sunday James e a produção executiva é de Luane Machado e Marco Martins.
As inspirações para o filme passeiam por outras expressões estéticas e culturais, entre elas, as mitologias greco-romana, egípcia e indiana; o teatro da Bauhaus; as performances da banda brasileira Secos e Molhados e ainda o videoclipe de Carmensita da banda Devendra Banhart.
AQNO define a sonoridade deste projeto como “Pop-Amazônica-Psicodélica”, estilo que reúne a diversidade de manifestações culturais e musicais de sua região. Com produção musical do ludovicense Sandoval Filho, “Desaglomerô” traz elementos do tradicional brega paraense e do reggae inspirado em bandas maranhenses, como a Reprise.
“Essa proposta musical identifica Marabá, o local onde eu nasci artisticamente, que é completamente atravessado pela relação entre Pará e Maranhão. Este casamento de gêneros musicais, que flerta com beats eletrônicos, resultou num ‘Breggae’ envolvente”, conta.
Além da produção musical, Sandoval Filho assumiu guitarra, bateria, contrabaixo, teclado e programações do trabalho, que também tem participações dos músicos Derkian Monteiro, Sarah Byancci e Thalysson Nicolas nos metais, com gravações no BlackRoom Studio (São Luís).
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O single e videoclipe “Desaglomerô” apresentam o álbum de estreia de AQNO, “O Retorno de Saturno” – também previsto para o segundo semestre de 2021. Os projetos foram viabilizados por meio da Lei Aldir Blanc, da Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult/PA).
Ouça o single em plataformas como Spotify – e assista ao clipe no YouTube
O Retorno de Saturno
“Desaglomerô” é a porta de entrada para “O Retorno de Saturno”, álbum de estreia do artista, que tem previsão de lançamento para 13 de outubro. A temática astrológica presente no roteiro do videoclipe se estende ao longo do álbum e de sua concepção. Segundo AQNO, o “retorno de saturno” é um evento que ocorre quando o planeta, conhecido como a jóia do sistema solar, completa uma volta inteira ao redor do sol (cerca de 30 anos), período que desencadeia caos emocional, marcando uma fase de amadurecimento e evolução de consciência.
“Aproveitando o momento de caos em meio à pandemia em que compus ‘Desaglomerô’, decidimos conectar o roteiro do videoclipe ao tema do álbum e criar uma atmosfera de ansiedade e solidão, na qual o personagem é afetado pelo contato com seres saturninos, representando o retorno de saturno, passando por esse processo de metamorfose”, conta AQNO, que traz 11 canções autorais marcadas por seu “Pop-Amazônico-Psicodélico”.
AQNO
Diego Aquino, de 33 anos, nasceu em Gurupi, no Tocantins, mas vive em Marabá há 17 anos. Foi na cidade paraense, a mais de 500 quilômetros de Belém, que o artista AQNO floresceu artisticamente em 2013. Na cena local, ele se apresenta em casas noturnas, festivais e chegou a abrir shows de nomes como Joelma.
Homem gay vivendo com HIV há seis anos, AQNO não deixa de se posicionar em seu trabalho para dar voz às causas da comunidade LGBTQIA+ e pessoas que também vivem com HIV. Sua musicalidade traz referências diversas, que vão de ícones da Música Popular Brasileira (MPB), como Lenine, Elis Regina, Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Secos e Molhados e Novos Baianos, até lendários artistas paraenses como Fafá de Belém, Wanderley Andrade, Companhia do Calypso e Fruto Sensual, e artistas internacionais como A-ha, Queen e Michael Jackson.
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