Em pleno surto de dengue no Rio de Janeiro, eis que surge uma pergunta que não quer calar: Por onde andaria Roberto Berttini, o personagem Dengue, do "Xou da Xuxa"? Para descobrir o paradeiro do artista,O site EGO praticamente mobilizou a pequena cidade de Cerejeiras, em Rondônia. A prefeitura do local disponibilizou um celular - levado de moto por um assessor - para que Berttini, que mora no local há sete anos, desse a entrevista ao site. "Sou pessoa ilustre na cidade", disse o ex-assistente de palco da Xuxa .
O ator circense, que saiu do Mato Grosso do Sul aos 16 anos para tentar a vida em São Paulo, disse ter decidido ir para Rondônia para ter mais qualidade de vida. Hoje mora com a mulher Mônica, grávida de seis meses, e os dois filhos, Paulo Henrique e Paulo Roberto, em uma confortável casa e tem uma rotina tranqüila como proprietário de um escritório que vende shows de artistas nacionais. "Não trabalho mais com criança, agora eu faço", diverte-se.
No entanto, aos 47 anos, ele ainda sonha em resgatar o personagem que lhe deu fama. Apesar de não ser reconhecido nas ruas, já que usava pesada maquiagem e uma roupa amarela cheia de braços, o ator diz ainda cultivar muitos fãs. "Quando digo que sou o Dengue, muitos choram. Costumam dizer que fui ídolo de sua infância. O Ataíde e Alexandre (dupla sertaneja) mesmo ficaram superemocionados quando me viram."
Epidemia
Antes da fama, Berttini foi servente de pedreito, garçom, feirante e químico industrial. Mas foi no circo que encontrou a sua verdadeira vocação. Nos anos 80 chegou na televisão como Muriçoca, personagem do programa Bozo que era exibido no Rio de Janeiro. Ele também chegou a interpretar o palhaço dos cabelos vermelhos. A época de ouro, porém, começou em 1983, quando foi chamado para fazer parte do Clube da Criança, apresentado por Xuxa na extinta TV Manchete. "A principío eu ia ser chamado de mosquito, mas quando entrei no palco as crianças começaram a me chamar de dengue. Estava havendo um surto na cidade.
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Ao lado do personagem Praga, interpretado por Armando Moraes (morto em 2006), a trupe fez vários shows e o sucesso do programa alavancou Berttini para o sucesso. "A gente andou muito de ônibus juntos. Mas, às vezes, Xuxa ia com a mãe e a Marlene de Passat. Foi um tempo muito bom", relembra.
Três anos depois, Xuxa foi contratada pela TV Globo e Berttini, junto com Praga e as Paquitas, virou assistente de palco do "Xou da Xuxa. Ele também levou o personagem para a Argentina, quando a apresentadora foi contratada para fazer o "El Show de Xuxa". "Sempre fui coadjuvante, mas lá foi o inverso. Me chamavam de "Muquito". Gravei um CD que foi sucesso e eu nem sei cantar nada."
O fim do personagem
O momento próspero do ator teve fim em 1993, o ator ainda ficou contratado pela Globo por dois anos, mas não conseguiu emplacar seus projetos. Ele tentou viabilizar o programa "A Arca do Dengue" na Argentina, mas com a recessão do país não conseguiu. "Ter dinheiro não é tudo, preciso de realização profissional", diz Berttini, que escreve um livro, "Caminhos" - sobre o tempo em que trabalhou na TV -, e acredita que a fórmula dos programas infantis está defasada. "Não tem nada bom para a criança na TV. Se tivesse tido coragem teria falado para a Xuxa parar no auge. Teria sido melhor porque o sucesso dela está definhando."
Aproveitando o novo surto da doença que deu o nome ao seu famoso personagem, Berttini agora pretende retomar a carreira artística. Para tanto, ele passou para os dois irmão um barco de turismo e uma fábrica de pré-moldados que possuía. "Tenho um projeto para mandar para o Ministério da Saúde. A dengue é uma doença séria, mas se um personagem vir a público falar sobre o problema acho que a conscientização pode ser maior."
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