SÃO LUÍS - O controle da transmissão do vírus da dengue acontece essencialmente no âmbito coletivo e exige um esforço de toda a sociedade, em virtude da elevada capacidade de adaptação e dispersão do mosquito Aedes aegypti. As precárias condições de infra-estrutura sanitária e a explosão demográfica em áreas tropicais despontam como requisitos importantes para a proliferação do vetor e conseqüente transmissão da doença. Além disso, as concentrações de população de baixa renda em áreas periféricas das grandes cidades criam ambientes favoráveis ao desenvolvimento e à proliferação do mosquito, com criadouros disponibilizados pelo homem como conseqüência da precariedade nos serviços de coleta de lixo e abastecimento de água. Isso é o que mostram Vicente Gonçalves Neto e colegas da Universidade Federal do Maranhão em uma investigação realizada junto à população do município de São Luís para entender o conhecimento, suas atitudes e informações a respeito da transmissão, prevenção e controle da doença.
De acordo com artigo publicado na edição de outubro de 2006 dos “Cadernos de Saúde Pública”, “por meio do trabalho objetivou-se: avaliar informações dos entrevistados quanto ao conhecimento a respeito da dengue; descrever as condições sócio-econômicas, sanitárias e ambientais das comunidades; identificar os tipos de criadouros potenciais do mosquito e conhecer as atitudes das comunidades sobre as medidas de controle da doença”. Participaram da pesquisa 843 pessoas.
Os resultados mostram que de modo geral há uma boa parcela da população com conhecimentos sobre a dengue e o seu vetor e que essas informações são adquiridas por meio da mídia e de campanhas educativas institucionais. No entanto, apesar do bom nível de conhecimento, a equipe constatou a existência de grande quantidade de criadouros de Aedes nas residências, fato que pode influenciar na ocorrência de epidemias de dengue, principalmente nos períodos chuvosos, indicando que a população mesmo conhecedora do ambiente onde se desenvolvem os mosquitos, pouco participa no sentido de atuar na redução desses locais de proliferação do inseto.
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Em relação ao abastecimento de água, os pesquisadores verificaram que a maioria da população dispunha de água do sistema público, entretanto, a descontinuidade no abastecimento pelo sistema público desencadeia a estocagem pela população, que não confia na regularidade do serviço. “Em muitas ocasiões a água somente chega nas torneiras no período da madrugada, obrigando a população a estocar em depósitos de grande porte. Nesse contexto, a caixa d'água como criadouro merece atenção especial, uma vez que é encontrada em uma parcela significativa das residências como reservatório permanente e juntamente com outros (tambor, tanque, barril, tonel, depósito de barro), representam boa chance de se transformar em locais ideais para a proliferação de mosquitos”, explicam no artigo.
Já em relação à situação da coleta de lixo, eles observaram, apesar de uma parcela significativa da população ter informado a regularidade desse serviço, que havia acúmulo de lixo nos quintais das residências e em algumas ruas, principalmente em terrenos baldios, especialmente em áreas de ocupação irregular e condições de vida mais desfavoráveis onde é limitado o alcance das políticas públicas de saneamento. Segundo os especialistas, “medidas como abastecimento de água potável e a coleta regular de lixo são fundamentais para o controle do Ae. aegypti, e fatores contrários como abastecimento de água descontínuo (gerando necessidade de estocagem) e ausência de coleta e destinação adequada do lixo contribuem para ofertar condições propícias para a proliferação dos vetores do dengue, com conseqüente aumento no número de casos”.
Nesse sentido, eles alertam para a importância da implementação de estratégias de controle: “cabe neste momento, aos setores envolvidos no controle da doença, encontrar meios para estimular a comunidade para o seu necessário envolvimento como medida concreta visando ao controle do Ae. Aegypti”.
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