"Greve"

Basttardz lança clipe que denuncia precarização do trabalho de motoboys

Com críticas ao trabalho informal, o projeto audiovisual foi disponibilizado nesta terça-feira (20) no YouTube.

Na Mira

Atualizada em 21/05/2025 às 20h27
Em parceria com a plataforma paulista Canal Scena, a Basttardz anunciou, por meio das redes sociais, o lançamento do vídeo.
Em parceria com a plataforma paulista Canal Scena, a Basttardz anunciou, por meio das redes sociais, o lançamento do vídeo. (Foto: Ianael)

SÃO LUÍS - A banda maranhense de hardcore Basttardz lançou nesta terça-feira (20) o videoclipe da primeira faixa do álbum que será lançado no segundo semestre deste ano. O single "Greve" já está disponível no YouTube e traz imagens da banda pelas ruas de São Luís, em um manifesto sonoro que aborda a luta por dignidade e justiça social para os trabalhadores, com foco na desigualdade e nas condições precárias enfrentadas por motoboys e entregadores. Veja o vídeo:


Em parceria com a plataforma paulista Canal Scena, a Basttardz anunciou, por meio das redes sociais, o lançamento do vídeo e comentou sobre o objetivo do projeto audiovisual. "Greve não é crime, é um direito! O ato é um direito garantido pela Constituição, um instrumento legítimo de protesto e resistência. 'Greve', da Basttardz, não é só uma música, é um chamado à consciência, à luta e ao respeito pela dignidade de quem constrói o Brasil com esforço diário", diz a nota.

A música foi disponibilizada nas plataformas de streaming no dia 1º de maio, Dia do Trabalhador. Após o lançamento da faixa, o quarteto maranhense deu início ao processo de captação das imagens que deram vida ao videoclipe recém-lançado. O projeto foi dirigido pelo vocalista André Nadler, com produção da própria banda e fotografia do videomaker Eani Paulo. Seguindo o método de produção independente, o video foi produzido no formato inspirado pelo movimento do it yourself (faça você mesmo), uma filosofia que valoriza a autonomia artística, a produção manual e a rejeição das lógicas comerciais da indústria cultura, uma ferramenta de expressão e sobrevivência para artistas que preferem a independência à padronização.

Usando a música como alerta para diversos problemas sociais, o vocalista Andre Nadler falou sobre a importância de tratar de temas como desigualdade social e direitos trabalhistas dentro do cenário musical. "Apesar do lançamento de uma música nova, a gente acredita que hoje não é dia para comemorar. O excesso de trabalho está adoecendo todos nós. De acordo com a Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMA-BR), o Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos de burnout, com 30% dos trabalhadores sofrendo da síndrome causada por jornadas intensas e estresse crônico. Mais de 38 milhões de pessoas trabalham na informalidade, segundo dados do IBGE (2024), o que representa cerca de 40% da força de trabalho. Essa realidade empurra milhares de trabalhadores para jornadas exaustivas, insegurança jurídica e dependência total de algoritmos que definem sua renda diária", explicou Nadler.

Traficando informações

A Basttardz une o peso do hardcore nordestino com a linguagem urbana do rap nacional, usando suas composições como instrumento de reverberação pública para temas que passam pelo caos vivido no cotidiano da população do país, com acidez e objetividade em suas letras.
Uma das principais bandas do atual cenário nordestino da música de protesto e reconhecida em todo o circuito independente brasileiro, o grupo tem como influência musical nomes como Ratos de Porão, Planet Hemp, Rage Against The Machine e Suicidal Tendencies.

O quarteto é formado por André Nadler (vocais), Inaldo Costa (guitarra), Adriano Ayan (contrabaixo) e Gabriel Matos (bateria) e o nome da banda é uma adaptação do termo "bastards" (bastardos, em inglês), uma sátira ao sonho das bandas de garagem do país que se "americanizam" na busca de espaço midiático no segmento musical. A banda também carrega o termo "bastardos" como forma de criticar o olhar mercadológico sobre a música pesada, sempre apontada como uma arte posicionada à margem da sociedade.

O grupo conta com 4 videoclipes e participações em lives que possuem uma média de 30 mil visualizações no YouTube. Nas plataformas de streaming, o grupo alcançou mais de 70 mil streams somente na faixa “Fogo na Zona Sul” e mais de 30 mil streams na canção “Nota de Repúdio”.

Hardcore na vitrola

No ano passado, a Basttardz lançou pela gravadora Brisa Discos uma edição especial dos seus dois primeiros álbuns em vinil. Com direito a um LP colorido, artes originais e álbum no formato gatefold, o disco conta com todas as músicas dos full-lenghts Brasil com Z (2020), no lado A, e do Auschwitz Tropical (2022), no lado B.

A venda da edição especial no formato disco de vinil conta com uma tiragem limitada e chegou a ter suas cópias esgotadas na fase de pré-venda. Atualmente, a venda do álbum está disponível no site www.brisadiscos.com.br

Documentário 

Em março, a banda maranhense Basttardz lançou o documentário Resistência Amplificada Subversiva, em parceria com o selo Brisa Rec e o Doc Studio. A produção marcou os cinco anos do grupo e trouxe entrevistas com os integrantes, além de performances de faixas emblemáticas como Auschwitz Tropical e Nota de Repúdio. Conhecida por seu hardcore direto e politizado, a Basttardz usou o filme para reforçar seu discurso contra desigualdades sociais, violência e exclusão cultural. O lançamento também deu início à turnê “Brazilidades”, que passou por várias cidades do Norte e Nordeste.

Gravado em janeiro no Doc Studio, em São Luís (MA), o documentário destacou a trajetória da banda. A produção reafirmou a proposta do grupo de amplificar vozes das periferias por meio da música pesada e consciente. As faixas escolhidas, que atravessam toda a discografia da Basttardz, abordam temas como agronegócio, corrupção, influência cultural estrangeira e a resistência do artista nordestino no cenário independente. Assista:

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