SÃO PAULO - No dia 8 de julho, o ex-BBB e empresário Felipe Prior foi condenado a seis anos de reclusão pelo crime de estupro. A Justiça de São Paulo determinou que Prior pode cumprir a pena em regime semiaberto e concedeu o direito dele recorrer da decisão em liberdade.
Advogada da vítima no processo, a criminalista Maira Pinheiro esteve no programa Encontro dessa quarta-feira (19) e contou que tem recebido ameaças desde que assumiu o caso.
“Sempre com um ingrediente de machismo, essas coisas que atacam a minha moral apesar de eu estar no exercício da minha profissão. E desde que a gente repercutiu o relato das meninas, esse tipo de ataque passou a ser bastante frequente. Isso em abril de 2020. E depois passou a acontecer de uma forma um pouco mais orquestrada, às vezes passavam de centenas”, contou.
Maira contou que guarda provas das ameaças que recebe. "Eu sou advogada, eu documento as coisas. Eu documento as provas de violação de direitos. Eu tenho uma pasta na nuvem com centenas de coisas desse tipo para adotar medidas jurídicas cabíveis", disse.
"Os ataques à versão que a vítima apresentou eram muito rasteiros, reproduziam clichês muito machistas, chamavam as mulheres de oportunistas", disse.
Prior é acusado por quatro vítimas. Maira explica que o grande público não tinha consciência do andamento das denúncias. "Ao longo desses três anos, as pessoas achavam que ele tinha sido inocentado, que não tinha dado em nada. Ele seguiu vivendo a vida dele normalmente", explicou.
Maira contou que recebeu ameaças por telefone em julho de 2021 e que a pessoa chegou a falar o nome da vítima, informação sigilosa. "Eu atendi e era um número oculto. A pessoa falou para eu sair do caso. Ele proferiu ameaças contra mim. Falou que sabia onde eu morava, onde todas as meninas moravam. E que ele poderia acabar com a minha vida, com a vida da minha cliente e com a vida da minha filha, que naquela época tinha sete anos", contou.
Maira falou que o comportamento de Prior já indicava um perfil desrespeitoso às mulheres, assim como é comum em toda a sociedade. "Eu entendo que os mesmos atributos que fizeram esse cara ser cultuado, ter seis milhões de seguidores, são os mesmos atributos que fazem dele um estuprador em série. Não é nem um pouco surpreendente que aquele cara que tinha os mesmos comportamentos, tenha cometido esses crimes no passado. E é o mesmo problema social que levou as pessoas a se sentirem à vontade em tentar constranger uma mulher no exercício da profissão e que levou as pessoas a acharem razoável embarcar nessa teoria da conspiração de que quatro mulheres se juntariam para prejudicar um homem só porque ele é famoso", defendeu.
"Na verdade, antes de ele ser famoso por ser ex-BBB, ele era famoso no ambiente que ele andava por ter comportamentos predatórios contra mulheres"
Defesa de Prior
À reportagem do gshow, a defesa de Felipe Prior se posicionou sobre a condenação do ex-BBB e afirmou que ele é inocente. Os advogados ainda citaram o artigo 5º da Constituição brasileira: "Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".
Participação no BBB
Felipe Prior participou da 20ª edição do BBB. Ficou marcado pela oposição que fazia ao grupo mais 'zen' da casa. O paredão em que enfrentou a cantora Manu Gavassi entrou para o Guinness World Records como a maior votação de um programa de televisão no mundo. Foram 1.532.944.337 votos e Prior acabou sendo eliminado 56,73%.
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