Festival Godôvirá celebra as artes cênicas maranhenses com ênfase em cenas curtas e produção estudantil
Evento, realizado no Teatro Luiz Pazzini entre os dias 4 e 8 de novembro, reúne artistas, estudantes e produtores para troca de experiências e valorização da cena teatral local.
SÃO LUÍS - O 4º Godôvirá Festival de Cenas Curtas que começa nesta terça-feira (4), chega como uma celebração da arte teatral produzida no Maranhão. A programação, gratuita, acontece até o dia 8 de novembro no Teatro Luiz Pazzini, no bairro do Reviver. O evento é uma realização da Gestus Produções Culturais, empresa júnior vinculada ao curso de Teatro da UFMA, com fomento da Lei Paulo Gustavo.
Durante entrevista ao programa Ponto Final, da Mirante News FM, a atriz e produtora Jaqueline Lins, presidente da Gestus e integrante da coordenação do festival, e o ator Marcelo Luna, que encerra a programação com o espetáculo Canguçu – A História de um Santo Vaqueiro, falaram sobre a importância do evento e os destaques da edição.
Um espaço para experimentação e formação
“Eu cheguei agora, sou novata na equipe, mas o festival já acontece desde 2016, que é quando um grupo de professores e alunos da Universidade Federal do Maranhão, do curso de licenciatura em teatro, se reúnem a fim de levantar esse projeto que é um festival de cenas curtas teatrais”, explicou Jaqueline Lins.
A produtora destacou que o evento busca valorizar o trabalho de estudantes e artistas locais. “Como é um festival que nasce da cena estudantil, a gente pensa nesses alunos, porque dentro da universidade a gente não produz espetáculos, a gente vai produzir cenas curtas, cenas de disciplinas. Então ele nasce a fim de dar uma elevada nessas cenas que nascem dentro da universidade.”
Jaqueline também comentou sobre o formato das apresentações: “Esse ano foram aprovadas 10 cenas curtas, que são divididas entre cenas profissionais e cenas juvenis e estudantis também. E dois espetáculos, um de abertura e um de encerramento”.
Oportunidade para mostrar novas potências
O festival acontece no Teatro Luiz Pazzini, espaço cultural inaugurado recentemente em homenagem ao mestre Luiz Pazzini, localizado na Rua da Palma, no Reviver. “O Godôvirá é um sintoma dessa movimentação de festivais independentes que estão tomando conta da cena local, diante da falta de eventos como a Semana de Teatro. Tivemos 56 inscrições este ano, o que mostra o interesse crescente do público e dos artistas”, afirmou Jaqueline.
Ela também ressaltou que o festival conta com diversas premiações: “Premiação por júri popular, que durante as cenas os espectadores vão poder votar, e também o júri técnico. É bem democrático nesse sentido”.
Abertura com “A Mulher no Espelho”
A cerimônia de abertura acontece nesta terça (4) com o monólogo A Mulher no Espelho, estrelado por Jaqueline Lins. “Ela é uma mulher que vive isolada em um apartamento, confinada, e dentro das questões dela, começa a escutar uma voz que emerge desse espelho que se localiza no banheiro dela. E ela se relaciona com esse espelho, ela conversa. O espetáculo ela vai tratar justamente sobre a incomunicabilidade, a crise da racionalidade. Um espetáculo bem psicológico.”, descreveu a atriz.
Encerramento com “Canguçu – A História de um Santo Vaqueiro”
O festival se encerra no sábado (8) com o espetáculo Canguçu – A História de um Santo Vaqueiro, protagonizado por Marcelo Luna. “Já são cinco anos de pesquisa e desenvolvimento dessa cena, que surgiu também dentro da universidade, na pandemia, em Vargem Grande, minha cidade natal”, contou o ator.
O espetáculo conta a história de Raimundo Nonato Soares Canguçu, homem negro escravizado que foi santificado pelo povo. “Eu conto essa história pela perspectiva negra, porque ele foi embranquecido pela Igreja Católica. Roubaram o corpo do santo e trouxeram a imagem já de um santo espanhol. Eu reconto essa história e falo também da minha cidade, das águas do Rio Munim e da Guerra da Balaiada”, detalhou Marcelo.
Ele destacou ainda o caráter autoral e corporal do trabalho: “Tem um trabalho muito forte de corpo, com danças populares e contemporâneas. O texto é totalmente autoral e fala sobre a criminalização dos corpos pretos no Brasil, principalmente no Maranhão.”
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