SÃO LUÍS - Nesta quinta-feira (29), o psiquiatra Bruno Palhano e a psicóloga Aline Branco foram os entrevistados da Mirante News FM no programa Atualidades.
Durante a entrevista, eles falaram sobre o impacto psicológico no diagnóstico de doenças.
Receber o diagnóstico de uma doença, especialmente quando se trata de condições crônicas ou graves, pode provocar um abalo emocional significativo.
“Diante de um diagnóstico grave, crônico, muitas das vezes a primeira emoção que vem é o medo, né? Mas como vai ser daqui para frente? Eu vou ter que mudar toda a minha rotina? Como é que fica a minha família? Então, assim, a qualidade de vida. Então, o paciente começa a fazer essas reflexões, vem o medo, muitas das vezes a negação, e aí o paciente pergunta, mas por que comigo? O que eu fiz para merecer? Então, começam esses questionamentos. Muitas das vezes, a adesão ao tratamento tem muito a ver logo com esse início dessa busca por um diagnóstico. A chegada final, o diagnóstico fechado, o paciente entra no sofrimento. O enfrentamento de qualquer doença tem muito a ver com esse diagnóstico que é dado ao paciente. É de uma forma humanizada que a gente fala, né? Entender que ali existe alguém vulnerável, entristecido, com várias interrogações, com medo, com angústias, e aí a gente vai vendo que quando há um acolhimento, um diagnóstico mais humanizado, aquela conversa mesmo, sabe? De acolher o paciente, tudo vai melhorando. A compreensão do paciente vai ficando cada vez melhor. A gente mostra as possibilidades diante de um tratamento também e nenhum diagnóstico pode ser uma sentença”, afirmou Aline Branco.
Medo, angústia, insegurança e até sentimentos de negação são comuns nesse momento. O impacto psicológico varia conforme o histórico de vida do paciente, sua rede de apoio e o modo como a informação é comunicada.
“Quando você dá um diagnóstico de uma condição dessa grave, uma condição que é estigmatizante, isso traz naquela pessoa vários conceitos que ela já tem ali no seu íntimo, e acaba deflagrando nessa pessoa um conjunto imenso de sinais e sintomas. Um quadro de ansiedade, um quadro depressivo, o que é normal. A ansiedade é um padrão adaptativo normal do ser humano. É normal, todo mundo vai sentir ansiedade. A ansiedade que nos prepara para aquela situação. Esse nervosismo, essa ansiedade, isso ajuda, nos prepara para aquela situação. Mas eu não estou falando disso. Quando essa ansiedade, esses sintomas, eles estão numa proporção grande que paralisam aquela pessoa, aí sim é um transtorno de ansiedade. É um transtorno depressivo que precisa ser tratado. E aí, dependendo de como que está isso, precisa de uma avaliação psiquiátrica, uma avaliação psicológica, de uma equipe multidisciplinar para poder orientar essa pessoa, porque a nossa mente, ela vai criar peças para a gente. Então, aquela coisa, aquele diagnóstico que você deu para aquele paciente e você não conseguiu explicar de uma forma clara, para aquele paciente, tudo que está por detrás daquele diagnóstico, ela [a mente] vai começar a criar na cabeça dela um monstro muito grande. Então, esse monstro muito grande é um peso gigantesco”, disse Bruno Palhano.
Em muitos casos, o sofrimento emocional pode afetar o tratamento, reduzindo a adesão médica ou agravando sintomas físicos.
Por isso, é fundamental que o cuidado com a saúde mental acompanhe o processo diagnóstico, oferecendo ao paciente suporte psicológico adequado para lidar com essa nova realidade de forma mais equilibrada e resiliente.
Assista a entrevista:
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