SÃO LUÍS - Nesta sexta-feira (3), as psicólogas Klara Rocha e Karen Paiva foram as entrevistadas da Mirante News FM no programa Atualidades. Durante a entrevista, elas falaram da importância da campanha do Janeiro Branco, dedicada aos cuidados com a saúde mental.
“Então, quando a gente está falando de janeiro branco, a gente está falando, a gente está reconhecendo as nossas emoções, que a gente está num movimento já muito falado, mas por mais que ainda seja muito falado, as pessoas ainda veem psicólogos e psiquiatras como um bicho-papão, sabe? Como se, nossa, eu não sou doido, eu não deveria ir para psicólogo, e não é isso. É um tabu muito grande você falar que você está indo para terapia. Então, quando a gente traz o Janeiro Branco, é para gente falar sobre o autoconhecimento, eu saber gerir as minhas metas, gerir essas promessas que eu fiz, como eu fazer isso e colocar, de fato, para ação, né? A gente tem muita disponibilidade, mas quando a gente vai partir para ação, a gente acaba não conseguindo fazer isso, e por quê? O que tem travado as pessoas para cuidar da sua saúde mental? Então, assim, eu gosto muito de dizer que, no Janeiro Branco, é importante as empresas, as corporações, as escolas, porque a gente vê um esgotamento das pessoas hoje, né? Então, a conscientização começa no começo do ano, por quê? Por que está todo mundo fresco, sabe? Está todo mundo querendo ver o que vai fazer durante o ano. Quer começar algo, e começar e já saber como vai terminar, a gente vive numa sociedade muito imediatista hoje. Eu quero uma coisa hoje, amanhã, eu já quero para amanhã. Não, no começo do ano é para você fazer coisas a curto e a longo prazo”, afirmou Klara Rocha.
“Eu acho que o tema da campanha desse ano [o que fazer hoje, sempre, agora e sempre?] tem muita relação com isso. É muito fácil a gente pensar no que pode ser feito agora. Ai, agora, o que me incomoda? O que me causa desconforto? É o trabalho? Algum problema no trabalho? É alguma coisa na minha vida pessoal? É minha saúde física? É isso, aquilo? É relacionamento? Ok, agora eu sei o que me incomoda. Eu posso fazer algo, planejar algo a curto prazo e agir ali pelo impulso, pelo estímulo do curto prazo, das metas de início de ano e tudo mais, mas o que eu preciso planejar para dar seguimento a isso, para ter manutenção nesse cuidado? Então, a gente vê, muitas vezes, pessoas orientando, não vou dizer profissionais, mas pessoas orientando, aí, faz isso, faz aquilo, você precisa para estabelecer meta, para alcançar o sucesso? Tá, a curto prazo pode funcionar, mas como que eu vou manter isso? Como que eu vou conseguir sustentar essas mudanças e que seja de uma forma equilibrada e saudável, para não ser algo também que, aí, é produtivo, mas eu não consigo sustentar. E aí me leva a um esgotamento e me leva a um outro problema. Então, acho que o tema dessa campanha desse ano tem muito direcionamento em relação a isso, a gente pensar em ações para conscientizar e agir em direção à saúde mental, mas que sejam sustentáveis, que não sejam apenas para o agora, mas que sejam para o sempre”, destacou Karen Paiva.
O começo do ano é época da campanha Janeiro Branco, movimento brasileiro sobre Saúde Mental que há mais de uma década convida a sociedade a refletir, dialogar e agir em prol do bem-estar emocional.
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A iniciativa foi criada em 2014 pelo psicólogo, palestrante e escritor mineiro Leonardo Abrahão. Hoje, a campanha é um marco no calendário brasileiro e, desde 2023, é reconhecida oficialmente como lei federal. Todo ano há um tema. O de 2025 é “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”. A ideia é fazer com que pessoas, famílias, empresas e instituições públicas e privadas apoiem ações concretas que incentivem a valorização da saúde mental como prioridade coletiva.
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