Troca de Ideia

Conheça a Plataforma sobre o Artesanato do Maranhão

Paula Porta, historiadora paulista, que concebeu e coordenou o mapeamento e a criação da plataforma, traz informações sobre conteúdos e como ter acesso à ferramenta

Jornalista / Pedro Sobrinho

Atualizada em 30/09/2024 às 20h44
Paula Porta, historiadora e criadora da Plataforma Digital do Artesanato do Maranhão (Divulgação)

Ao participar do TROCA DE IDEIA no PLUGADO NA MIRANTE FM a historiadora paulista, PAULA PORTA destaca a plataforma digital Artesanato do Maranhão (www.artesanatodomaranhao.com.br) que apresenta as artes do Bumba Meu Boi, do Tambor de Crioula e muitas outras manifestações culturais maranhenses, torna-se pública, de acesso livre e gratuito, sob as bençãos dos santos do mês: Antonio, João, Pedro e Marçal.

Segundo PAULA, a plataforma traz o registro de 4.736 artesãos, seus produtos, as técnicas e os materiais que utilizam. Também apresenta informações sobre os municípios e os povoados onde vivem – dentre eles 28 aldeias indígenas e 274 comunidades quilombolas. 

"Trata-se do maior mapeamento de artesanato já realizado no país. Além dos registros, a plataforma contem 43 mil imagens, 200 mini vídeos, gráficos e um conteúdo inédito como glossário de termos e medidas utilizados pelos artesãos, além de uma série de textos ilustrados sobre os destaques do artesanato maranhense. É possível fazer buscas por artesão, cidade, povoado, produto, tipologia, material, técnica, bioma, gênero. O sistema também permite cruzar informações, identificando, por exemplo, quais produtos do Bumba Meu Boi são bordados à máquina ou quais os povoados produzem cerâmica ou ainda quais artesãos utilizam a carnaúba, linho de buriti, material reaproveitado', explica.

O mapeamento dos artesãos foi iniciado em 2017 pelo projeto Mapearte e foi viabilizado com patrocínio da Vale e parceria do Governo do Maranhão.

A equipe de pesquisa de campo, formada por pesquisadores maranhenses, percorreu mais de 2 mil povoados. Em 1.311 desses povoados foram encontrados artesãos em atividade, que produzem regularmente ou aceitam encomendas. Mais de 23 mil produtos estão registrados na plataforma, além de 3.600 distintos materiais (são mais de 400 madeiras, 90 tipos de cipós...) e 217 técnicas de execução. Há um universo para ser conhecido e agora ela pode ser acessado de maneira muito fácil.

"A plataforma é uma vitrine para os artesãos e procura facilitar o contato com eles, cada um tem sua página com endereço, contato, produtos, além das imagens. Todo o conteúdo disponível pode receber acréscimos e atualizações facilmente e a partir de agora artesãos, o público, gestores municipais também podem contribuir, mantendo o dinamismo da informação", informa.

Os povoados também têm sua página na plataforma, assim como os 91 municípios, destacando o contexto em que o artesanato é produzido. Há informações sobre acesso, principais características, imagens e os artesãos que moram ali. Muitos povoados são especializados em certo tipo de artesanato, outros reúnem grande quantidade de artesãos, outros ainda são residência de uma especialista ou de um artista... A cultura, o modo de vida e as paisagens de um interior desconhecido, tornam-se mais acessíveis. O artesanato maranhense tem um vínculo forte com o território. A vegetação, as águas com suas possibilidades de pesca, a cultura das comunidades, as brincadeiras, os festejos favorecem e demandam a atividade constante dos artesãos. É a utilização do artesanato pela população que vem garantindo sua permanência, apesar de gerar uma renda ainda muito modesta para quem faz. A produção artesanal do Maranhão se desenvolve nos principais biomas brasileiros – Amazônia e Cerrado, utilizando materiais como as fibras vegetais, os cipós, as madeiras, as argilas.

“A extensão do artesanato no Maranhão impressiona. É possível dizer que ele é a expressão cultural mais presente no estado. É uma riqueza que vem do interior, uma micro economia verde, sustentável, que também preserva conhecimentos tradicionais e técnicas que já se perderam em outras regiões. É um universo que precisa ser reconhecido, essa pauta está na ordem do dia em âmbito global. A plataforma foi pensada para trazer visibilidade a tudo que o artesanato representa, evidenciando também a qualidade e o bom design”, destaca a historiadora Paula Porta, que concebeu e coordenou o mapeamento e a criação da plataforma.

O mapeamento realizado é inédito no país, pois atua com equipes rastreando territórios, indo de povoado em povoado, chegando a lugares distantes e desconhecidos, mas que guardam riqueza cultural e muito conhecimento. Nenhum estado possui o que está sendo apresentado para o Maranhão.

A plataforma traz também um mapa dinâmico com a localização das cidades e de todos os povoados – muitos deles não aparecem em nenhum outro mapa! Gráficos favorecem a rápida visualização dos produtos predominantes no estado, em cada cidade e em cada povoado.

Outro conteúdo criado especialmente para a plataforma são os textos ilustrados sobre tipologias, produtos ou materiais que se destacam no conjunto da produção maranhense. Foram escritos para guiar e incentivar o usuário a descobrir, navegando na plataforma ou in loco, as riquezas desse artesanato. Miniaturas de embarcação, tambores, redes de dormir, cerâmica, armadilhas de pesca, artes do Bumba Meu Boi, vassouras, carro de boi, produtos de babaçu... sobressaem pela diversidade, qualidade, peculiaridade e quantidade de artesãos a eles dedicados.

Um glossário, também inédito, reúne 167 termos utilizados pelos artesãos para falar de seu trabalho e explica seu significado local. Esse rico vocabulário refere-se a produtos, técnicas, materiais e medidas. Zitinho, coito, medonho, por exemplo, são termos usados para indicar tamanho ou medida. Já a palmeira do babaçu é mencionada também como pindova, pindoba, capoteira, caçoteira, palmiteira, coco manso e coco de macaco. Nomes de produtos como choque, urupema, cofo, mensaba, quibane, landruá... que talvez não sejam conhecidos fora do Maranhão, 

O mapeamento contou também com a assessoria técnica do pesquisador da cultura maranhense Jandir Gonçalves. Ele enfatiza a diversidade de tipologias que foram encontradas (são 59), que vão dos excepcionais bordados do Bumba Meu Boi aos trançados com as folhas das diversas palmeiras que caracterizam a paisagem maranhense. Também chama atenção para as técnicas que estão se perdendo, como a louça com queima a céu aberto, “o que está sendo revelado pelo mapeamento pode estimular a valorização e o consumo, de forma a salvaguardar a intérmina lista de saberes e fazeres maranhenses”.

"O vasto conteúdo da plataforma é valioso para quem deseja encomendar produtos (lojistas ou consumidores), para quem quer conhecer mais sobre a cultura material e as paisagens do interior; e também para o desenvolvimento de ações de fomento e de políticas públicas de apoio, que o artesanato requer com urgência. Os artesãos do Maranhão merecem ser conhecidos e reconhecidos", destaca.

Como ter acesso

Site: www.artesanatodomaranhao.com.br
Instagram @artesanatodomaranhao
Paula Porta pporta@uol.com.br
(21) 99955 4447

Ficha técnica

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Concepção, gestão e consolidação de conteúdos - Paula Porta
Consultoria técnica e pesquisa de campo  - Jandir Gonçalves
Pesquisa de campo: Marcelo Medeiros, Sergileide Lima, Ricardo Figueiredo Santos, Raiama Portela, João Marcos Mendonça, Bruno Davi Ferreira, Roana Gouveia, Carolina Souza Martins, Pablo Monteiro, Gabriela Rodrigues, Leila Figueiredo, Milessa Miranda, Lilian Alves
Identidade visual e desenhos - Raiama Portela
Edição de vídeo  - Pablo Monteiro
Trilha sonora dos vídeos - Kadu Galvão e João Eudes
Desenvolvimento web/ Sistema Shiro  - Plano B
Consultoria para implantação do portal  - Gabriel Bevilacqua
Realização  - Porta Projetos

Patrocínio 

Vale
Apoio
Governo do Maranhão

Paula Porta

Historiadora, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo, atua há 28 anos na criação e gestão de projetos, políticas e espaços culturais com destaque para as áreas de patrimônio cultural, artesanato, cultura popular, museus, audiovisual e livro.

Foi assessora especial do Ministro da Cultura Gilberto Gil, quando implantou o primeiro programa de Desenvolvimento da Economia da Cultura e os projetos Promoart (Promoção do Artesanato Tradicional) e Feira Música Brasil (feira de negócios da música brasileira). 

Foi assessora da presidência do BNDES onde criou a política cultural do banco e os seus editais de apoio à cultura (patrimônio material, cinema, acervos culturais), implantou o Funcine e deu início à implantação da área de Economia da Cultura.
Elaborou para o IPHAN a obra de referência Preservação do Patrimônio Cultural do Brasil.

Criou políticas de apoio à cultura e editais para a Petrobras e a Vale. 
Concebeu, implantou e foi curadora do Centro Cultural Vale Maranhão em São Luís.
Criou o programa Artesanato do Maranhão: conhecer, fomentar, promover e a plataforma www.artesanatodomaranhao.com.br
Desenvolveu projetos e pesquisas que resultaram em livros, exposições e filmes.

Publicações
   • Política de Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil, 2000-2010 (Iphan, 2012); 
   • História da Cidade de São Paulo: 1554-1954 (3 volumes Editora Paz e Terra, 2005); 
   • Guia dos documentos históricos na Cidade de São Paulo, 1554-1954 (Hucitec, 1998); 
   • A Corte Portuguesa no Brasil, 1808-1821 (Saraiva, 1996)
   • “Política cultural e as dimensões do desenvolvimento da cultura”. In: VELLOSO, João Paulo dos Reis (Coord.). Teatro Mágico da Cultura. Fórum Nacional. RJ, José Olympio, 2009
   • “Cultura, um setor estratégico”. Revista do IBEF, julho 2008
   • “Economia da Cultura”. Tendências e Debates. Folha de S. Paulo, 3/2/2008. Em coautoria com o Ministro Gilberto Gil

Exposições (curadoria) 
   • Ancer, Claudio Costa – 2017 
   • Hiorlando, Hiorlando – 2017 
   • Afetos, Edgar Rocha – 2017 
   • O Brasil que Merece o Brasil, Walter Firmo – 2018
   • Infinitos, Cantoni-Crescenti – 2019
   • O design da Pesca no Maranhão – 2019 
   • O Maranhão por Pierre Verger – 2021 
Filmes (roteiro, direção, montagem)
   • Caboclo de Pena – documentário 30 min. + 30 vídeos (2019)
   • Negritude Atitude – documentário 100 min. + 11 vídeos (2022)

PORTA PROJETOS em CULTURA e CIÊNCIA
A empresa foi criada em 2002 e tem como foco a formulação e a execução de projetos e políticas culturais com ênfase em patrimônio cultural, artesanato, cultura popular, museus e equipamentos culturais, audiovisual e livro.

Projetos criados e implantados
   • Portal Artesanato do Maranhão – concepção e desenvolvimento (2021-2023)
   • Mapearte: mapeamento e documentação do artesanato maranhense – concepção, coordenação e desenvolvimento (2016 - 2020)
   • Centro Cultural Vale Maranhão (São Luís) – concepção, implantação, gestão, programação (2016 - 2020)

Patrimônio cultural e museus
   • Plano museológico do Museu de Artes e Ofícios (Belo Horizonte) (2012-2013)
   • Análise e elaboração da obra de referência Política de Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil – realizado para o Iphan por intermédio de contrato Unesco. Publicado pelo Iphan (2009-2011)
   • Programa Cidades Pólo  - patrocínio do BNDES voltado à preservação de cidades históricas (2005)

Livros
   • Coleção São Paulo – Editora Paz e Terra
   • História da Cidade de São Paulo – 3 volumes – Editora Paz e Terra
   • Preservação do Patrimônio Cultural do Brasil – Iphan

Políticas públicas
   • Concepção e implantação do Programa de Desenvolvimento da Economia da Cultura (PRODEC) do Ministério da Cultura (2006-2008) 
   • Concepção do Programa de Promoção do Artesanato Tradicional (Promoarte) no âmbito do PRODEC – Ministério da Cultura (2007)
   • Concepção e coordenação da Feira Música Brasil (feira de negócios do setor - 2007)
   • Elaboração do Edital Petrobras de Apoio a festivais de música (2008)
   • Preparatórias para a implantação da área de Economia da Cultura no BNDES (2005)
   • Implantação do Funcine no BNDES (2005)

Políticas de patrocínio
   • Elaboração da Política de Patrocínios do BNDES (2005): acervos, cidades históricas, cinema
   • Elaboração da Política de Patrocínios da Vale (2014-2015): patrimônio cultural, formação musical, cultura indígena e quilombola, acesso à cultura.

Saiba quem disputa as eleições em São Luís.

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