
Em meio a toda violência do cangaço, também há espaço para delicadeza – e, em Guerreiros do Sol, a missão de mostrar que não só de batalhas vive o bando comandado Josué (Thomás Aquino) ficou a cargo de Kelner Macêdo e Rodrigo García. Na trama, eles dão vida a Zé do Bode e Hildebrando Cheiroso, dois cangaceiros que desenvolvem uma relação de carinho que vai além da amizade.
No capítulo que vai ao ar nesta terça (1) no canal Globoplay Novelas (e que já está disponível no streaming), os dois finalmente se declaram. Mas será tarde demais para viver esse amor, já que, ferido em uma violenta batalha, Zé do Bode não resiste e morre nos braços do amado. Assista à cena emocionante acima!
Ao gshow, os atores comentam seus papeis e a importância de mostrar que as relações homoafetivas sempre existiram, independentemente da época e do contexto social em que estão inseridas.
É bonito ter essa perspectiva dentro do cangaço, é uma história que nunca foi contada. A comunidade LGBTQIAP+ sempre existiu, mas antes a gente não tinha espaço para falar sobre ela dentro das narrativas. Hoje, poder falar sobre isso no cangaço é uma perspectiva de progresso mesmo. Consigo ver um caminho brilhante pela frente, para a gente e para todo mundo.
— Kelner Macêdo, intérprete de Zé do Bode em Guerreiros do Sol
Um amor improvável no cangaço
No início da trama, Zé do Bode é integrante do bando de Miguel Ignácio (Alexandre Nero) e encontra Hildebrando sozinho no meio do sertão. Com a aprovação do líder, o novato é integrado ao grupo e fica responsável por cozinhar para os cangaceiros. Depois, quando Miguel Ignácio morre em uma batalha, ambos seguem bando, que passa a ser liderado por Josué.
O Hildebrando veio para desconstruir essa coisa do que o povo acha que tem que ser masculino e feminino. Ele está à deriva no sertão quando é encontrado e entra no bando para fazer coisas que seriam atribuídas ao feminino, como costurar, cozinhar... Então, essa obra também pode recolocar a visão das pessoas do que um homem ou uma mulher têm que fazer. O Hildebrando não obedece isso, ele é o que ele é.
— Rodrigo García, , intérprete de Hildebrando Cheiroso em Guerreiros do Sol
Aos poucos, a convivência entre os dois no bando vai ganhando outros contornos e, apesar de ser mostrada com muita sutileza, o público consegue perceber que ali existe mais que uma amizade. "A aproximação de Zé do Bode e Hildebrando é um respiro no meio daquela dureza que é o sertão, que é a vida dos cangaceiros, que é mudar de um lugar para o outro, que é não ter casa, que é dormir em qualquer lugar", opina Kelner.
Tem uma dureza ali do ambiente, daqueles corpos e daquelas relações e, quando o Cheiroso chega, o Zé do Bode começa a ter outra perspectiva de relação de afeto. Acho que muda o jeito que ele olha para as coisas, para o mundo – e isso gera um conflito nele, porque esse é um interesse fora da norma social daquele universo.
— Kelner Macêdo, intérprete de Zé do Bode em Guerreiros do Sol
Vivendo seu primeiro mocinho em novelas, Rodrigo celebra o papel e o que ele representa no contexto da história, que é ambientada nas décadas de 1920 e 1930. "É um personagem muito especial. Primeiro, porque é meu primeiro mocinho. Depois de tantos vilões, o Hildebrando realmente é uma pessoa boa. Ele é tão bom e tão puro que as pessoas o acolhem", diz.
O fato de serem personagens tão carismáticos é importante para que, ao longo da história, o público torça pelo futuro dos dois. "É uma relação construída com muita delicadeza, com muito cuidado, para que esse afeto também seja algo delicado no meio dessa dureza. Isso é bonito porque, em um ambiente de tanta escassez, qualquer possibilidade de afeto, de beleza, de carinho e de amor se tornam muito grandes, né? Elas tomam outras proporções", destaca Kelner.
Assim como as personagens de Alice Carvalho e Alinne Moraes, Hildebrando e Zé do Bode fazem parte dessa reconstrução, desse redesenhar do inconsciente coletivo e do imaginário brasileiro.
— Rodrigo García, , intérprete de Hildebrando Cheiroso em Guerreiros do Sol
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