Finalmente o empresário Senor Abravanel autorizou a largada nas filmagens de Era uma Vez no Brasil - A Fantástica História de Silvio Santos, que leva a assinatura do cineasta Carlos Augusto de Oliveira, mais conhecido como Guga Oliveira, irmão de Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
Sem mesmo ler o roteiro de 400 páginas do filme baseado no livro A Fantástica História de Silvio Santos, do jornalista Arlindo Cruz, o dono do SBT garantiu a Guga que em 12 de dezembro de 2012, data em que completará 82 anos, estará na primeira fila do cinema para conferir a pré-estreia do longa.
A sinopse contará como o filho de um imigrante grego, de origem humilde, deixou o papel de camelô para ser reverenciado como um dos mais bem-sucedidos homens de negócios e entretenimento do País.
Segundo Guga – amigo de Silvio Santos e autor de Cortina de Vidro, primeiro folhetim produzido entre 1989 e 1990 pelo SBT – a produção cinematográfica terá um tom sociológico, mesclando a trajetória de Silvio Santos usando como pano de fundo episódios políticos e culturais do País.
Nesta entrevista, o cineasta conta detalhes do filme, que começa com o flashback de Silvio Santos conversando com Fernando Dutra Pinto, sequestrador que invadiu sua casa no Morumbi, em São Paulo, e o manteve durante sete horas sob a mira de uma pistola, em agosto de 2001. Confira.
O Fuxico: No início do ano, Silvio Santos havia concordado verbalmente que o senhor rodasse o filme baseado livro A Fantástica História de Silvio Santos, Esta semana, ele finalmente liberou legalmente o início das filmagens?
Guga Oliveira: Sim. Distribuidoras internacionais exigiam um documento formal de Silvio Santos concordando com a produção.Aliás, nosso encontro aconteceu nesta segunda-feira (29) perante testemunhas. Comprei os diretos – que vão até 2012 – e logo após ler o livro conversei com o Silvio para saber se faria alguma restrição no roteiro. Somos amigos há anos e ele me disse que confia muito no meu trabalho, que poderia conduzi-lo como achasse melhor. Silvio não quis ler nada e disse que estará sentado na primeira fila do cinema na pré-estreia.
OF: Então, precisa dar início logo nas filmagens?
GO: Sim. Já comecei os testes com parte do elenco em Santa Tereza, no mesmo local onde aconteceu o [recente] acidente com o bondinho.
OF: O Senhor já definiu os papéis principais?
GO: Apenas sondei alguns profissionais. Programei as filmagens para os meses de abril e maio de 2012. Até março, teremos muita chuva no Brasil, que não é um bom componente para as externas. Só poderei fechar o elenco nos próximos meses. Existe uma esculhambação na área artística muito grande. Os atores não têm uma programação antecipada do que farão no próximo ano e isso atrapalha muito.
OF:O Esdon Celulari já teria se interessado em protagonizar o filme?
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GO: Conversamos sobre isso quando ele ainda era casado com a Claudia Raia. Na época, ele se interessou pelo papel e até sugeriu a Claudia para viver Cidinha, a primeira mulher do Silvio Santos. Agora, com a separação deles, creio que não seja adequado escalar a atriz. Mas tenho muitos amigos na área, como Angélica [apresentadora], e sei que posso contar com eles. Aliás, contarei com filhos de famosos interpretando seus pais.
OF: Quem por exemplo?
GO: Já pedi ao Carlos Alberto de Nóbrega para interpretar o pai, Manoel de Nóbrega. Ele se emocionou demais com o convite. O Bruno Mazzeo, filho do Chico Anysio, soube dessa minha ideia e me ligou dizendo que deseja fazer seu pai. Sem falar a Hebe, que viverá ela mesma...
OF: Começar o roteiro com a cena de ação em que o sequestrador Fernando Dutra Pinto invade invadiu a mansão de Silvio é uma forma de prender a atenção do público e mostrar o seu poder de persuasão?
GO: Mais do que isso. Esse estilo 'duro de matar' é a maneira que encontrei de mexer com os nervos das pessoas no início e, aos poucos, usar o cenário sócio político do Brasil e contar sua história de vida com boa dose de emoção. Neste episódio de 2001 – que contou com o apoio do Governador Geraldo Alckmin – Silvio é abordado pelo sequestrador quando se exercitava na esteira. Fernando olha uma foto e pergunta quem é o garoto. Silvio diz ser ele mesmo, em 1941. E aí começa a história mesclando episódios importantes como o Golpe Militar, a Era do Rádio, o surgimento da tevê. A história dele é o fio condutor da história do Brasil.
OF: O filme está orçado em R$ 12 milhões?
GO: Sim, receberemos cerca de R$ 7 milhões de um investidor. O restante do valor virá de parcerias menores. Pode ser que esse valor suba um pouco... Ainda não tenho ideia. Já que realizaremos externas em Marsella, na França, onde o pai de Silvio viveu exilado durante a primeira guerra e atuou como camelô, e na Grécia, onde nasceu e passou momentos muito difíceis. Quero mostrar episódios que o público desconhece.
OF: Pensa em fazer uma versão 3D do filme?
GO: Sim é, sem dúvida, uma das nossas intenções. Inclusive, já fizemos testes. O acabamento do filme será impecável, à altura desse grande nome da comunicação brasileira.
OF: Sendo amigo pessoal, como descreve Silvio Santos?
GO: Um homem de hábitos simples, brincalhão, amigo, dono de um grande poder de persuasão... Um empresário vencedor que galgou sua trajetória com passos firmes e muita coragem. A vida dele nunca foi fácil. Nunca! Ele atravessou obstáculos desde a infância quando começou a trabalhar para ajudar a família. Virou camelô, trabalhou em rádio por um salário de fome e assumiu um negócio em decadência como era o Baú [da Felicidade] e o tornou um sucesso. Silvio é um homem e empresário admirável, que merece ser reverenciado sempre.
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