MPB de Luto

Lô Borges vai e deixa o conjunto da obra cristalizada

O cantor e compositor mineiro morreu nesse domingo (2/11), em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Lô Borges é um dos criadores do movimento Clube da Esquina, ao lado de Milton Nascimento, Beto Guedes, Wagner Tiso, Márcio Borges, Toninho Horta.

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 03/11/2025 às 23h43

Clube da Esquina, do qual Lô Borges faz parte, é um dos pilares da construção de uma obra muito sofisticada que marcou a música mundial. Faz parte da minha formação como jornalista, programador musical na Mirante FM, todos os códigos existentes na musicalidade deste movimento, que ouço desde a adolescência e que me inspira até hoje. E que tinha em Lô Borges a harmonia singular cristalizada no disco homônimo, Clube da Esquina, lançado em março de 1972, divisor de águas na história da música brasileira. Um álbum duplo (dos primeiros a sair no país) de sonoridade sofisticada e caráter sinfônico, no qual se mesclam influências que vão de uma brasilidade plural, de um cosmopolitismo sonoro que faz um passeio pelas raízes mineiras aos Beatles.

Lô Borges morreu aos 73 anos, neste domingo (2/11), em Belo Horizonte (MG). Foto: Divulgação

Chamado a comparar “Clube da Esquina” a outros discos emblemáticos que saíram naquele ano (como “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos), (Transa, de Caetano Veloso), o jornalista e antropólogo Paulo Thiago de Mello, autor de um livro sobre o Clube da Esquina, afirma que Milton Nascimento e seus amigos, entre os quais, Lô Borges levaram “o interior para a beira do mar". “A revolução deles foi musical”.

Ah, não só eu, mas o Brasil, os amantes dessa música brejeira, bucólica e melancólica mineira, do Clube da Esquina, sentimos o impacto com a notícia da morte de Lô Borges. Ele partiu para o andar de cima, aos 73 anos, em momento de intensa criatividade. Além de cumprir a agenda de shows, o artista vinha gravando desde 2019 um álbum autoral por ano com músicas inéditas, sempre com um parceiro diferente. O último, Céu de giz, foi lançado em 22 de agosto com dez músicas assinadas em parceria com Zeca Baleiro, que também sentiu e comentou sobre a perda de um artista de quem foi fã e que o destino o fez parceiro musical.

Sexto de onze irmãos da musical família Borges (clã que gerou o excepcional letrista Marcio Borges, parceiro dos irmãos Lô, Telo e de Milton Nascimento em standards do repertório do Clube da Esquina), Lô soube combinar acordes em sequência que geravam belas harmonias.

"Lô Borges foi - e sempre será - uma das pessoas mais importantes da vida e obra de Milton Nascimento. Foram décadas e mais décadas de uma amizade e cumplicidade lindas, que resultaram em um dos álbuns mais reconhecidos da música no mundo: o Clube da Esquina.

Enfim, Lô Borges deixa um legado definitivo. É o cara que eu e o Brasil tivemos o privilégio de compartilhar sua nobre história, suas músicas, poesias, harmonias e inspiração. 

A morte precoce de Lô foi uma triste notícia., mas sua chama segue acesa.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.