Faltando pouco para o início da Copa do Mundo da África do Sul, cresce a expectativa e a ansiedade dos brasilileiros com relação ao desempenho dos selecionados do técnico Dunga. Com o cantor e compositor Gilberto Gil não é diferente. Em entrevista coletiva realizada na manhã desta quarta-feira (26), na sede de sua produtora, na Zona Sul do Rio, Gil declarou ficar "nervoso" momentos antes dos jogos e considera um "pé-frio" quando assiste às partidas do Brasil in loco.
"Foi assim em 1990, 1998 e 2006. Sempre que tento ficar junto da seleção, nós perdemos. Tive vários convites para participar da Copa este ano, mas não vou porque me considero pé-frio. Além disso, estarei em turnê com meu novo disco pelo Nordeste", brincou o cantor, que lança o CD "Fé na festa", só com canções juninas.
Ele conta que foi advertido até pela esposa. "Flora me disse: 'Não faça música!', porque compus uma canção em homenagem à seleção em 1998. Não deu certo", lamentou.
Gil também manifestou sua admiração pelo futebol de Paulo Henrique Ganso, jogador do Santos que foi incluído apenas na lista "stand by" de Dunga. "Confio no time, mas teria levado o Ganso", declarou.
Eleições
Sempre muito atento ao panorama político do país, Gil, que já foi ministro da Cultura no governo Lula, vai apoiar a candidatura da senadora Marina Silva (PV), mas foi discreto ao comentar o assunto.
"Quando declarei meu apoio à Marina, há quase um ano, pedi à ela que não exigisse muito de mim. Mas Marina sabe que estarei a seu lado. Vou participar na medida do possível", comentou.

Capa do novo álbum de Gilberto Gil, 'Fé na festa'.
Sagrado x profano
No proximo sábado (29), será o mestre de cerimônias de um grande São João gratuito, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, onde receberá convidados para cantar suas novas canções.
"O São João talvez seja a festa mais emblemática do Brasil, tem traços do sagrado e do profano. Ao mesmo tempo em que a imagem de santo com seu carneirinho ilustra os muros das casas do interior nordestino, Luiz Gonzaga cantava xotes com letras atrevidas. Existe essa tradição das letras com comentários maliciosos. Aliás, eu adoro letras de duplo sentido", divertiu-se o compositor, citando "O xote das meninas" e duas de suas músicas incluídas no novo disco, "O livre atirador e a pegadora", e a canção "Chupa toda", recentemente gravada com Ivete Sangalo.
"Apenas atualizei os costumes", disse Gil.
Com direção artística do próprio cantor e assistência do filho Bem Gil, "Fé na festa" traz baiões, forrós e xaxados num total de quatro regravações e nove músicas inéditas. Dentre elas está "26", que Gil compôs em homenagem ao próprio aniversário, comemorado no mês de junho, e "Não tenho meda da vida", que faz contraponto a "Não tenho meda da morte", de seu último disco de estúdio "Banda larga cordel".
"É uma música intrusa nesse repertório, não foi composta sob o signo de São João. Foi um pedido de um amigo, uma espécie de provocação. Isso aconteceu exatamente no período em que estava compondo para 'Fé na festa'. Por isso foi tratada com a rítmica nordestina", explicou.
Parceria inédita
Já a música "Lá vem ela" marca a primeira parceria com a cantora Vanessa da Mata.
"Vanessa estava passando férias em Salvador quando foi me visitar justamente no período em começava a compor. Mostrei pra ela alguns daqueles embriões musicais e disse: 'Algumas dessas canções parece com coisa sua. Por que você não escreve umas palavras para ela?' Ela topou e me mandou depois um rascunho. Complementei com alguns outros versos e nasceu 'Lá vem ela'", disse Gil, referindo-se à música como uma espécie de "toada-baião com estilo poético à la Djavan".
No momento em que sentou para tratar do repertório com os músicos, Gil provocou uma discussão. Tratar o repertório de maneira tradicional ou contemporânea?
"Eu teria muita dificuldade em fazer um disco puramente tradicional. Nunca cultivei esse hábito nos últimos 40 anos. Acho que a tradição deve andar ao lado da inovação. Mais importante é mensurar o cuidado, respeito, amor e encantamento que se tem pelo tradicional. Mas minha alma está essencialmente lá", explicou o "tropicalista", como ainda se autodenomina.
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