Artigo

Pau de Arara de Bolsonaro

Lino Raposo Moreira *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

O mais perfeito retrato da moral degenerada do regime de Jair Bolsonaro são os horrores dos cuidados sanitários da população brasileira de parte do setor público nos últimos tempos. Promovidos e incentivados pela mente doentia do presidente do Brasil, o número de 600.00 mortos durante a pandemia do corona vírus é evidência indesmentível do descaso oficial. O número de vítimas poderia ter sido muito menor, caso providências elementares de combate à covid-19 fossem tomadas, tais como aquisição e aplicação de vacinas logo no início da pandemia, se não tivesse havido a sabotagem da vacinação pelo próprio governo. Seria também menor se o presidente da República não tivesse tramado sistemáticos ataques ao uso de máscaras, uso esse recomendado pela Organização Mundial da Saúde. E menor ainda se não tivesse promovido sistematicamente aglomerações em eventos por todo Brasil. Mas esperem aí. Vejam isto. A metade ou menos teria morrido se todas essas medidas tivessem sido implementadas a tempo, uma diferença de 300.000 vidas.

O incentivo a uma suposta imunidade de rebanho, que, de natural, como apregoado pelo presidente e pelo bolsonarismo mais rombudo, não tem nada, ou melhor tem tudo a ver com a morte, nomeadamente, de idosos, de pobres, de pretos, essa imunidade acaba mesmo com pandemias? Claro, acaba. A pergunta correta, todavia, não é essa. São estas. Qual o preço, medido em vidas de centenas de milhares, isso seria alcançado? Qual proporção dos grupos mais vulneráveis da população seria eliminada fisicamente? E a de toda a população brasileira? Claro está que os idosos morreriam em percentagem muito maior do comparados aos não idosos. Esse darwinismo social já foi aplicado, com resultados desastrosos, em várias sociedades com sequelas humanas terríveis. Tal política aplicada a povos subjugados pela força militar já é bastante repulsiva. Imaginem então como se poderia classificá-la quando aplicada ao próprio povo governado por psicopata perigoso?

Se toda essa tragédia ainda não convenceu o leitor da realidade do massacre humano planejado pelo bolsonariano, pense num caso mais recente, o da Prevent Senior. Depois da imunidade de rebanho os pobres idosos sofreram mais um ataque psicopata. A Prevent distribuiu aos internos em seus hospitais, com diagnóstico de covid-19, kits de “tratamento precoce” e toca a empurrar nos doentes os tais remédios, sabendo muito bem que eles eram e são, quando menos, inócuos e, quando perigosos, capazes de provocar arritmias cardíaca. A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, sobre a vacinação dos brasileiros, levantou fartas provas dos crimes da Prevent com a conivência do Ministério da Saúde e, dessa forma, de Jair Bolsonaro.

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Isso me fez lembrar dos hospitais nazistas dos campos de concentração alemães na Segunda Guerra Mundial, que submetiam judeus e outros povos a experimentos inimagináveis por pessoas normais, mas eram políticas oficiais de Hitler. É de engulhar que o presidente da República não tenha dado uma palavra, um simples muxoxo sobre o assunto. Imaginem esse homem feito ditador aqui no Brasil. Nem sua segunda ex-mulher iria escapar de sua fúria maluca. Talvez somente os filhos e o famoso Queiroz, gente exemplar quando o assunto é subtrair recursos públicos. E muita gente iria conhecer as virtudes da pau de arara, instrumento de tortura do qual ele já se declarou adepto, quando usado em outras pessoas.

* PhD, Economista. Da Academia Maranhense de Letras

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