Artigo

A crise hídrica chegou! E agora? Como reduzir os impactos na conta de luz

Renato Mortari Filho *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a bandeira tarifária vermelha, patamar 2, ajustada desde o mês de julho, será mantida até o mês de novembro, impactando em um acréscimo mensal de 5% na conta de energia dos consumidores. Esse aumento na conta de energia é causado pela falta de chuvas ocasionadas nas regiões centro-oeste, sudeste e sul. Os níveis de água das principais bacias hidrográficas estão nas mínimas históricas, impedindo assim, a geração de energia satisfatória por parte das hidrelétricas. O governo federal, por sua vez, é obrigado a utilizar de fontes de energias mais caras, como a de usinas termoelétricas, onde custo estimado este ano, gira em torno de nove billhões de reais. Além disso, também irá importar energia elétrica do Uruguai e Argentina, para compensar a necessidade energética do território nacional brasileiro.

O principal fator que desencadeou essa situação é o fenômeno meteorológico denominado La Niña, onde as massas de ar frio oriundas do oceano pacífico são impedidas de circular pelo interior do Brasil, gerando uma espécie de “barreira térmica” para a formação de chuvas nas regiões Centro-oeste, sudeste e sul. Em contrapartida, favorece chuvas intensas na região norte do país. A pergunta é: As cheias na região Norte não poderiam compensar a estiagem das regiões centro-oeste, sudeste e Sul? Apesar dessa abundância hídrica na região Norte, suas principais usinas hidrelétricas não possuem linhas de transmissão suficientes para atender a necessidade energética das regiões afetadas.

Então, como podemos reduzir os custos de energia Elétrica? Dentro desse cenário com altas taxas de energia elétrica, os consumidores podem tomar desde medidas simples, como reduzir o tempo de banho com chuveiro elétrico, do ferro de passar e do ar-condicionado como também pode se utilizar de técnicas e medidas construtivas sustentáveis, para reduzir os impactos provenientes do aumento da conta de energia elétrica. Para o caso de abastecimento de água residencial, predial e industrial, que utilizam amplamente os sistemas indiretos de abastecimento (motobomba), podem ser construídos sistemas de reaproveitamento de águas da chuva e da água oriunda da lavagem de louças e do banho, reduzindo assim, não somente o custo com a energia elétrica solicitada pelas bombas hidráulicas, mas também o desperdício de água. No caso da construção civil, a utilização da construção seca, a partir do uso de chapas cimentícias (light steel), para revestimentos externos e o sistema de drywall para revestimento interno, reduzem o uso da água utilizada para rebocar, fazer o chapisco e o emboço para assentamento de paredes. Vale ressaltar, também, que a utilização de telhados verdes é uma forma de construção sustentáveis. A terra, que é base para a vegetação possui baixo coeficiente de condutividade térmica e a água advinda da cobertura vegetal contribuem para o conforto térmico em residências e edifícios, diminuindo assim, o uso de ar-condicionado. Além disso, sistemas de Chiller (refrigeradores de água fria) podem termo acumular água gelada em reservatórios em horários em que não são utilizados, para posterior uso em horários de pico de energia. Outra solução construtiva, são as placas fotovoltaicas (painéis solares) que podem reduzir substancialmente os custos com energia elétrica, através da produção própria de energia através da radiação solar.

Portanto, boas práticas econômicas e uso da engenharia sustentável e inteligente, reduzem os custos de energia elétrica, além de garantir o custo-benefício das construções e o bem-estar das pessoas.


* Professor, coordenador do Curso de Engenharia do Centro Universitário Estácio São Luís


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