SÃO LUÍS - O Paciência é um dos principais rios que banha a zona Leste do Maranhão e corta as quatro cidades que compõem a Região Metropolitana de São Luís: Raposa, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e São Luís. Suas águas, que favorecem a horticultura e floricultura na ilha, encontram-se em intensa degradação ambiental, ocasionada pelo lançamento de esgotos “in natura”, tanto das residências quanto da indústria na região. Segundo a pós-doutora em Geologia, Ediléia Dutra Pereira, que é pesquisadora pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o Paciência está com alto nível de poluição, em decorrência do esgoto in natura lançado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Estado do Maranhão (Caema) e particulares.
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"A alta concentração de esgoto in natura lançados provocaram a degradação da qualidade da água tornando-a escura, fétida e com altas concentrações de coliformes totais e termotolerantes e outros", explica a pesquisadora.
Com a expansão urbana na região, a partir de meados dos anos oitenta, grandes conjuntos habitacionais e invasões começaram a ser construídos no entorno do rio, iniciando o processo de degradação.
"Eu moro na Maiobinha desde 97, e nessa região (Estrada de Ribamar) tinha uma área do rio em que as pessoas tomavam banho e lavavam roupa. E o que causou essa situação de poluição no rio foi a chegada urbana dos condomínios, que não fazem estação de tratamento e jogam o esgoto nas águas do rio. Eu acho que é muito difícil hoje recuperar o que ele era, e é triste ver um rio que era bonito, que servia para pesca, banho e até para beber e hoje é só esgoto. Além disso, ainda tem o problema do alagamento aqui na MA-201, que quando chove fica intrafegável, porque não fazem trabalho de drenagem. Eles fazem algumas ações paliativas para a água sair da via, mas não pensam no rio, na preservação dele", lamenta o corretor de imóveis Roberto Medeiros.
O rio nasce na chapada do Tirirical, em São Luís, e a maior parte dele fica dentro do município de Paço do Lumiar, com 17,5 Km de extensão e área de 73,9 Km2. Na região de São José de Ribamar, na MA-201 (Estrada de Ribamar), é possível ver parte do Rio, o que sempre é lembrado quando chove, pois o local enche e prejudica o tráfego de veículos.
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Rio Paciência transborda depois de chuva em São Luís
Mais uma vez rio “perde a paciência”, e MA-201 fica alagada
Muita gente fica revoltada com o poder público, que não resolve o problema, porém, poucos abordam a questão do rio estar sendo cada dia mais degradado pela poluição.
"Sempre que falam do Rio Paciência é focando na destruição. Principalmente depois desses condomínios aí (na Estarda de Ribamar), piorou a situação. Quando chove aqui, isso tudo alaga, prejudicando as pessoas e os veículos. Mas a culpa é da própria população, que enche o rio de lixo. As pessoas não têm consciência de que não devem jogar lixo nas galerias e nos rios. Há muita informação sobre isso, de que prejudica todo mundo, mas ninguém se preocupa com isso e sai poluindo tudo. As pessoas só sabem colocar a cupa no poder público, mas não percebem que a culpa é de todos nós ", declara Orlando Araújo, que costuma trafegar pela região.
Da forma como está sendo deteriorado, o rio Paciência pode secar! Caso isso aconteça, haverá sérios danos aos recursos hídricos da Ilha de São Luís, pois a Bacia do Rio Paciência é uma área estratégica para conservação desses recursos, já que contém em suas áreas o Sistema de Abastecimento do Paciência I e II, da concessionária Caema. O Sistema de Abastecimento é constituído por 15 poços tubulares, que estão localizados na planície fluvial do rio.
"Caso o rio Paciência venha a secar devido sua área de recarga apresentar mais de 90% de áreas impermeabilizadas, entrará em declínio também as águas subterrâneas que abastecem os poços tubulares e cacimbas que são utilizadas por uma parcela significativa da sociedade ludovicense. Associado com isso um elevado impacto sobre a biodiversidade (fauna e flora) dos ecossistemas fluviais e marinhos. Esse cenário degradante e pessimista está prestes a ser materializado se as políticas urbanísticas e ambientais não levarem a sério as falas e observações dos técnicos especializados das academias", alerta a Ediléia Dutra.
É possível recuperar?
A pesquisadora Ediléia Dutra afirma que ainda é possível tentar reverter a situação caótica na qual se encontra o Rio Paciência. Para isso é necessário a união entre poder público, privado e a população, os quais precisam se atentar para a importância ambiental do Paciência e ter consciência de que, enquanto for lançado esgoto no rio, ele a cada dia vai "morrendo".
"Basta cessar o lançamento de esgoto in natura, reflorestar as margens com vegetação nativa, revegetar as áreas de recarga de aquífero e com o passar do tempo o rio irá voltar ao seu estado de reequilíbrio devido a sua resiliência. Ressalta-se a interrelação e interdependência da água superficial do rio com as águas subterrâneas", explica Ediléia Dutra.
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