Investigação

CSP quer ouvir acusado de vazar áudios do gabinete de Alexandre de Moraes

Senador Eduardo Girão é o relator de requerimento na Comissão de Segurança Pública da Casa, que tem como alvo ex-assessor de Alexandre de Moraes.

Agência Senado

Atualizada em 26/04/2025 às 07h28
Alexandre de Moraes teve áudios vazados por ex-assessor do TSE
Alexandre de Moraes teve áudios vazados por ex-assessor do TSE (Antonio Augusto / STF)

BRASÍLIA - A Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado da República fará uma audiência pública na terça-feira (29), às 11h, sobre uma suposta ameaça de morte que teria recebido Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Tagliaferro foi indicado pela Polícia Federal como responsável pelo vazamento de informações do gabinete do ministro para o jornal Folha de S. Paulo, quando Moraes era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

O requerimento para a audiência (REQ 5/2025 - CSP) é do senador Eduardo Girão (Novo-CE). Segundo ele, a série de reportagens do jornal paulista revelou que, em 2022, o gabinete de Moraes no STF teria pedido a integrantes da equipe do ministro no TSE, de forma não oficial, a produção de relatórios "para embasar medidas criminais contra apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro".

Demitido em 2023, o ex-assessor negou o vazamento de informações. Mas para a PF, Tagliaferro tinha a intenção de desacreditar o Judiciário e atrapalhar as investigações do inquérito das fake news. 

No requerimento, Girão cita outras pessoas que estariam envolvidas na denúncia.

“Os juízes Marco Antônio Martins Vargas e Airton Vieira foram citados em reportagens do jornal [Folha de S.Paulo] que apontam que o setor de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral foi demandado de forma não oficial pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, durante e após as eleições de 2022”, afirmou Girão.

Vieira foi juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF e Vargas foi juiz auxiliar do ministro durante o período em que ele comandou o TSE. O senador acrescenta que em um áudio, de outubro de 2022, Airton teria pedido que o relatório tivesse como origem o TSE, não o gabinete do ministro no STF. Assim, a produção seria atribuída ao juiz auxiliar de Moraes no TSE, Marco Antônio Martins Vargas. 

Além de Tagliaferro, foram convidados para a audiência o ministro Alexandre de Moraes e os juízes Marco Antônio Martins Vargas e Airton Vieira, que não confirmaram presença. Também consta do requerimento o nome do influenciador português e jornalista Sérgio Tavares, que divulgou vídeo em que Tagliaferro, em conversa com blogueiro foragido Oswaldo Eustáquio Filho, teria demonstrado receio de Moraes e falado da possibilidade de deixar o Brasil. Acusado de envolvimento com a tentativa de golpe de Estado em janeiro 2023, Eustáquio teve o pedido de extradição, feito pelo governo brasileiro, negado pela Justiça Espanha. 

Tagliaferro

Eduardo Tagliaferro foi nomeado por Moraes em agosto de 2022 como assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, órgão vinculado à Presidência do TSE.

Após o vazamento das conversas, Tagliaferro passou a ser investigado pela Polícia Federal. Em agosto de 2024, ele teria afirmado que temia uma retaliação do ministro Alexandre de Moraes. O ex-assessor, segundo o requerimento, reclamou que, mesmo tendo cooperado com as investigações, receava pela sua integridade física, especialmente após o vazamento de conversas que indicaram ameaças à sua vida. Em março deste ano, um novo áudio vazado teria reforçado os temores dele.

“Esses fatos levantam sérias preocupações sobre a utilização imprópria de recursos do sistema judiciário e a segurança dos envolvidos. O esclarecimento dessa situação é essencial para garantir a transparência e a proteção das pessoas afetadas”, argumentau Girão.

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