PH Revista: Há 50 anos a América perdia Pablo Neruda
E mais: Um recado oportuno
Há 50 anos a América Latina perdia o seu maior poeta: Pablo Neruda, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. Neste fim de semana, ele é o destaque de Capa do PH Revista
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Dino no STF?
O governador Carlos Brandão acompanha à distância – mas com substancial interesse – a novela que envolve a possível ida do ministro Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal.
Por enquanto, tudo ainda é mera especulação, mas em Brasília muitos dão como certa a indicação do nome do maranhense para o STF.
E, claro, o fato, uma vez concretizado, interessa diretamente ao governador do Maranhão.
Fora do tabuleiro
Brandão sabe que uma ida de Flávio Dino para o STF muda toda a configuração política no Maranhão de agora.
Hoje, Dino é a grande liderança política do estado, e foi o responsável direto pela engenharia que levou Brandão ao Palácio dos Leões.
Com Dino fora do tabuleiro político, o governador assume integralmente o comando político do Maranhão.
Nasce um novo líder?
Uma das consequências quase inevitáveis de uma ida de Flávio Dino para o STF será o sepultamento de uma eventual candidatura de Felipe Camarão ao governo do estado em 2026.
E por uma razão óbvia: Camarão é ligado umbilicalmente a Dino e está hoje como vice-governador por uma imposição do atual ministro da Justiça.
Com Dino longe da política, o governador Carlos Brandão sentir-se-á muito à vontade para montar uma sucessão em 2026 conforme o seu interesse – e os interesses do novo grupo formado sob a liderança dele.
Prêmio para Ana Paula
A premiação mais robusta numa eventual ida de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal recairá sobre a cabeça de Ana Paula Lobato.
Hoje ela ocupa uma cadeira no Senado Federal, mas na condição de suplente de Dino.
Com ele no STF, a esposa de Othelino Neto vai se aboletar em definitivo na Câmara Alta da República.
Síndrome petista
Parte dos integrantes do Partido dos Trabalhadores padece de síndromes que a ciência ainda haverá de estudá-las no futuro.
O PT dá-se ao trabalho de fritar talvez o quadro mais expressivo do governo Lula, o único ministro capaz de sair em defesa do presidente, de forma mais articulada.
E por que a fritura? Porque Dino, dentre os ministros de Lula, é aquele que de maior engajamento popular e que conquista a simpatia das variadas correntes da esquerda e classe artística.
Um recado oportuno
Jornalista e cronista política gaúcha das mais talentosas, Rosane de Oliveira, me despertou nesta manhã com este recado:
“Quando acordarmos na manhã deste sábado já estaremos na primavera, desde sempre a minha estação preferida. Pelas flores em si, pela brotação das árvores, pelo canto dos sabiás. Desta vez, a primavera está começando em meio ao assombro com as notícias dos últimos dias e as previsões para os próximos. Nunca antes na história deste planeta tivemos um agosto tão quente. Nunca o Rio Taquari foi tão longe na violação de suas margens. Nunca as temperaturas no Brasil foram tão elevadas durante o inverno”.
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Continua Rosane: “Os cientistas dizem e repetem que essas mudanças climáticas são consequências do aquecimento global, mas em nome do desenvolvimento os países não querem desacelerar. Estamos sendo avisados por diferentes formas que a natureza tem de se comunicar: as geleiras que derretem no verão e não conseguem se recompor no inverno, a neve que escasseia nas cordilheiras, a terra a ferver (e a espalhar o fogo) na América, na África, na Europa, na Ásia e na Oceania, a falta e o excesso de chuva se alternando”.
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E vai mais fundo: “O que antes era ficção dos chamados filmes de catástrofe (lembra O dia depois de amanhã?) começa a encontrar conexão com a realidade: os cientistas sendo ignorados, os governos fazendo vista grossa para as alterações climáticas, as consequências batendo à porta quando já não há mais o que fazer”.
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E encerra com uma interrogação desolada: “Será que ainda temos tempo de salvar o planeta? Que ações nos cabem neste mundo como cidadãos? Falo de coisas simples, como plantar árvores, em vez de cortá-las, de separar o lixo corretamente, dar preferência às energias renováveis, economizar água, preservar nascentes, recompor a mata ciliar da beira dos rios e arroios. Ou entramos todos em um pacto global sem medo do carimbo de ecochatos ou deixaremos um planeta em chamas para os que vierem depois de nós”.
DE RELANCE
Todo Francisco é Chico?
Alguns nomes próprios dão a impressão de virem já com um apelido embutido. É o caso de crianças registradas com o nome Francisco, que quase certamente serão chamadas de “Chico” em alguma fase da vida.
Mas de onde surgiu este apelido? O nome Francisco vem do latim Franciscus que, por sua vez, vem do nome germânico Frank. A palavra, na verdade, une Franco (que quer dizer “livre”) e o sufixo isk, que é usado para denotar a nacionalidade de alguém. Juntando tudo, Francisco quer dizer “francês livre”.
O nome surgiu no século XIII, com um homem italiano nascido na cidade de Assis. Quando seu filho nasceu, ele, que era um admirador da França, resolveu colocar o nome do filho de “Francesco”. A criança cresceu e se tornou ninguém menos que São Francisco de Assis, o fundador da Ordem Franciscana e santo conhecido por sua humildade e por seu amor aos animais.
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Mas engana-se quem pensa que todo Francisco é Chico. Na verdade, este apelido só é comum no Brasil e no Paraguai, e significa “pequeno”.
Em outros países de língua espanhola, Francisco costuma ganhar o apelido de Paco ou Paquito. Já na Itália, as pessoas de nome Francesco podem ser apelidadas carinhosamente de Franco. No francês, o nome aparece pela variante de François (ou Françoise, no caso das mulheres).
A razão do surgimento de Chico é etimológica. Nas línguas oriundas do tupi-guarani, há algumas consoantes que não existem. Por isso, os povos indígenas não conseguiam pronunciar Francisco.
Quando os jesuítas levaram a imagem de São Francisco de Assis até eles, acabavam se enrolando e falando "São Chico", o que acabou pegando.
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Mas, além de ser apelido para Francisco, Chico também adquiriu diferentes significados na cultura. Uma forma popular, que parece estar caindo em desuso, é se referir à menstruação como “ficar de chico”. Assim, uma mulher que estivesse menstruada estaria “de chico”.
Nem todo mundo sabe a origem dessa expressão com esse sentido, mas vale saber que ela não é positiva. No português europeu falado em Portugal, que foi onde nasceu esse uso, “chico” é um sinônimo de porco. É daí, por exemplo, que nasce a palavra “chiqueiro”.
Ou seja, a expressão “estar de chico” remete a uma ideia ancestral de que o período menstrual da mulher era considerado sujo, e posto com um impedimento para as relações sexuais.
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A razão desse pensamento tem a ver com os dogmas preconizados pela Igreja Católica, que desencorajava qualquer atividade sexual que não fosse para a reprodução.
Assim, ao fazer circular a ideia de que mulheres menstruadas eram sujas, além de desestimular o sexo, difundia-se a percepção de uma concepção bastante nociva quanto ao corpo feminino como algo inferior e poluído em relação aos homens.
Melhor, então, permanecer com o Chico de Francisco mesmo.
Novo exame para Alzheimer
Chega ao Brasil nesta semana o exame americano PrecivityAD2, que, a partir de amostra de sangue simples, ajuda a identificar a doença de Alzheimer em estágios precoces.
A iniciativa de colocar o teste no mercado brasileiro é do Grupo Fleury. O procedimento vai custar R$ 3,6 mil e, por ora, não há cobertura dos convênios.
A disponibilidade de um exame de sangue para diagnóstico da doença é importante para tornar esse processo mais acessível. Ele é quase três vezes mais barato que o PET amiloide (exame de imagem), que custa cerca de R$ 9 mil e é considerado o padrão-ouro para a identificação do quadro.
Ao mesmo tempo, é menos invasivo do que o teste de líquor (esse custa ao redor de R$ 3,5 mil), que depende de punção na lombar, ou seja, uma agulha é usada para coletar o líquido da medula espinhal.
– Esse exame é uma análise de proteínas que estão relacionadas à doença de Alzheimer, a beta-amiloide, tau e tau fosforilada. É feito no plasma (do sangue) e com técnica mais recente, que a gente chama de espectometria de massa e é capaz de detectar mínimas variações nessas proteínas – descreve Aurélio Pimenta Dutra, neurologista do Fleury Medicina e Saúde.
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Segundo Aurélio Dutra, o que diferencia o PrecivityAD2 de outros testes de sangue já disponíveis no Brasil é a capacidade de captar alterações na tau e também na tau fosforilada.
Os demais exames, explica, focam apenas na beta-amieloide e, por isso, só predizem risco de um quadro clínico estar associado à doença e não têm “capacidade diagnóstica”.
O teste está disponível nas unidades da marca Fleury que ficam no Estado de São Paulo, mas, de acordo com Edgar Gil Rizzatti, representante da empresa, em breve deve chegar a todas as unidades do grupo, inclusive no Maranhão.
O exame pode ser realizado mediante pedido médico, e o resultado é liberado em cerca de 20 dias.
Para escrever na pedra:
“Todos pensam em mudar a humanidade, e ninguém pensa em mudar a si mesmo”. De Leon Tolstói (1828-1910), russo que, além da fama como escritor, tornou-se, na velhice, um pacifista cujos textos e ideias contrastavam com as de igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.
TRIVIAL VARIADO
Um ato natural, vital e simples virou artigo de luxo. A velha máxima atribuída a Benjamin Franklin – “time is Money” – está superada. O “novo petróleo” é uma boa noite de sono.
Dormir está cada vez mais difícil. E nunca foi tão necessário e caro. Falta tempo. Sobra ansiedade.
Escrevo enquanto a cidade lá fora dorme – ou revira-se na cama tentando pregar os olhos. Vejo janelas com luzes acesas. Tenho ouvido cada vez mais relatos de gente atormentada pela insônia.
E o que é mais grave: até as crianças andam com problemas para “desligar”. As pessoas não conseguem mais cair nos braços de Morfeu como outrora, e os bocejos prosperam.
A vida atribulada, o sedentarismo, a má alimentação, o estresse e o excesso de telas são armadilhas incontornáveis.
A falta de tempo para uma lista infindável de compromissos e a corrida maluca que inventamos para ganhar dinheiro (e pagar por coisas das quais não precisamos) conspiram contra o repouso.
Não foi à toa que Byung-Chul Han deu o nome de “sociedade do cansaço” à multidão de zumbis que nos tornamos.
Há um livro incrível, de 2019, escrito pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, chamado O Oráculo da Noite. Com maestria, o pesquisador apresenta uma história da mente humana que tem o sonho como fio condutor.
Sidarta explica que, despertos, vivemos sobretudo “fora da mente”, porque nossos atos e percepções estão ligados ao mundo além de nós. É dormindo que experimentamos o curioso estado de “viver para dentro”, tão essencial à saúde física quanto à mental.
Para muitos, o sono se apresenta como uma “não vida”, uma pequena morte cotidiana, ainda que isso não seja verdade. O professor lembra que Hipnos, o deus grego do sono, é irmão gêmeo de Tânatos, deus da morte, ambos filhos da deusa Nix, a noite. Definido como “transitório e em geral prazeroso”, Hipnos é profundamente necessário.
Só que, como tudo na vida, a humanidade subverteu até mesmo o ato de cochilar. A falta de tempo para adormecer e sonhar, na avaliação do autor, é crucial para explicar o mal-estar permanente da civilização contemporânea.
Hoje, a Confraria do Mocotó, presidida por Maurício Macedo, volta a se reunir para saborear o delicioso prato que é servido no restaurante Cabana do Sol, da Ponta do Farol, sempre aos sábados.
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